Análise: Fluminense exala previsibilidade e precisa mudar discurso em 2024

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Tricolor perde de virada para o Atlético-GO, no último lance, e retorna à zona do rebaixamento do Brasileirão. Atuação lenta precede discurso batido de Diniz e apego à conquista da Libertadores Confira a coletiva de imprensa de Diniz após Fluminense X Atlético-GO
O clima nos arredores do Maracanã já era tenso antes mesmo de a bola rolar para Fluminense x Atlético-GO. Na 16ª posição da tabela, o Fluminense vivia uma das frases mais clichês do futebol, quando “só a vitória interessa”. De fato, só três pontos na conta poderiam dar um respiro em meio à má fase do time. Mas esse alívio não seria pleno, de forma alguma.
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Vencer neste sábado era uma chance de amenizar aquele que é o segundo pior início do Fluminense na era dos pontos corridos. Até aqui, o time só é melhor do que o elenco de 2008, que foi vice da Conmebol Libertadores e lutou contra o rebaixamento no torneio nacional.
Mais do que isso, o duelo no Maracanã era uma chance de enfim mostrar as reformulações que Fernando Diniz tem prometido de forma exaustiva. Já é claro que o Fluminense de 2024 não consegue repetir o futebol que levou o clube ao topo da América em 2023. Mas o discurso, até aqui, ainda esbarra apenas no “precisamos melhorar”.
Com a escalação rolando no telão, surgiram as primeiras vaias a Diniz, e também a jogadores como Marlon. Foi um prenúncio do que seria o restante da noite.
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O que se viu no início do primeiro tempo foi um Fluminense previsível. Aos quatro, a primeira chance de perigo veio do lado do Atlético-GO, que colocou Fábio para trabalhar após erro de Keno na saída, recuperação de Baralhas e finalização de Emiliano Rodríguez.
O Fluminense seguiu lento, sem conseguir converter o domínio da posse de bola em oportunidades reais. Tanto que a primeira finalização só veio aos 30, quando Ganso achou bom passe para Cano avançar e bater cruzado, para fora.
Foram dez minutos até Ganso encontrar um gol pouco condizente com a partida que fazia até então. Baralhas errou na intermediária, o camisa 10 fez a interceptação e soltou uma bomba de esquerda. Era o gol do alívio.
O lance aconteceu segundos depois de as vaias voltarem a ecoar no Maracanã. Na comemoração, todos foram ao banco de reservas trocar abraços com Diniz – como quem diz “estamos com você”, em uma demonstração pública de respaldo ao treinador. O fim do primeiro tempo teve uma tentativa de reação do Atlético-GO, sem grandes sucessos.
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Os times voltaram sem quaisquer alterações, mas a postura do Atlético-GO mudou, e o Fluminense passou a sofrer mais com a pressão goiana no início da segunda etapa. A entrada de Max, aos 20, tornou-se um desafio devido ao ganho de velocidade do Atlético-GO. Também não ajudou o fato de Keno, minutos depois, perder um gol feito e mandar por cima do travessão.
Teve início, então, um roteiro já visto tantas outras vezes no Fluminense de 2024: a vantagem, que surgiu por mais sorte que juízo, se esvaiu. Após cobrança de escanteio, Lima desviou e Luiz Fernando chutou de primeira para igualar tudo no Maracanã – apenas mais uma ocasião em que o Tricolor abriu o placar, mas não conseguiu se sustentar à frente.
Sem Marcelo e Felipe Melo, que já haviam saído em janelas anteriores, Fernando Diniz gastou as últimas substituições de uma vez e promoveu as entradas de Renato Augusto, John Kennedy e Isaac. Na prática, pouco mudou. Começaram, então, os gritos mais fervorosos contra Diniz, assim como os de “time sem vergonha”. Na arquibancada, uma faixa trazia os dizeres “jogador, honre a nossa camisa. Respeite a nossa tradição”.
Fato é que o Atlético-GO conseguia forçar os erros do Fluminense, e a virada parecia questão de tempo. A reviravolta veio com requintes de crueldade, no último lance do jogo, depois de falha de Marlon – já vaiado em outras ocasiões durante a partida – na disputa com Zuleta. Max bateu rasteiro e Fábio fez a defesa, mas o goleiro não conseguiu salvar a finalização de Zuleta, na sobra.
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Fernando Diniz em Fluminense x Atlético-GO, no Maracanã, pelo Brasileirão
Lucas Merçon/FFC
As confusões no gramado, com empurrão de Felipe Melo em assessor do Atlético-GO e tapa de Guga em uma câmera, foram bons exemplos do clima tenso que transbordou no estádio.
Veio, então, a entrevista coletiva. Fernando Diniz chamou novamente a responsabilidade para si, deu razão às vaias da torcida e reforçou que o Fluminense precisa melhor. A atitude é nobre, claro. O maior problema da frase está na palavra “novamente”.
O Fluminense de 2024 exala previsibilidade – no campo e no que se diz fora dele. Semana a semana, o discurso é similar: o clube passa por dificuldades, o sistema de jogo não precisa mudar, e o time ainda vive o impacto da maior conquista de sua história. Mas por quanto tempo um título de Libertadores pode servir de justificativa?
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Mais do que nunca, é hora de deixar 2023 para trás. A realidade bate à porta, e o cenário que se vê é bem menos glorioso do que o histórico 4 de novembro. Quando o discurso briga com os fatos, é bem difícil que as palavras mantenham sua força por muito tempo.
O Fluminense volta a campo na próxima quarta-feira para encarar o Cruzeiro, às 19h30, em Minas Gerais. O Tricolor é o atual 17º colocado na tabela do Brasileirão, com seis pontos somados em 27 possíveis.
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