Luxa do interior x ex-senador: os bastidores do atrito que fez técnico se demitir no intervalo de jogo

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Paulo Roberto não gostou da interferência de Luiz Estevão, dono do Brasiliense, e deixou a equipe na troca de tempos da partida pela Série D. Dirigente diz: “Jogadores comemoraram a saída” Após demissão de técnico no intervalo, Brasiliense é comandado por médico na Série D
O pedido de demissão de Paulo Roberto Santos do comando do Brasiliense, no intervalo da partida contra o Real Brasília, pela Série D do Campeonato Brasileiro, no último domingo, tem diferentes versões de quem esteve diretamente envolvido no episódio.
Segundo apurou o ge, o treinador não teria gostado da presença e das críticas feitas pelo presidente e dono do Brasiliense, o ex-senador Luiz Estevão, no vestiário do estádio Defelê, em Brasília.
O dirigente reclamou do desempenho da equipe no primeiro tempo, das substituições que seriam feitas e das instruções dadas aos jogadores para a etapa final.
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Paulo Roberto Santos, ex-técnico do Brasiliense
Divulgação/Brasiliense
Paulo Roberto Santos e Luiz Estevão tiveram uma discussão acalorada, que terminou com jogadores separando os dois. O técnico pegou seus pertences e deixou o vestiário.
O jogo havia ido para o intervalo empatado sem gols. No segundo tempo, sob comando do médico Jorge Oliva, o Brasiliense conseguiu marcar dois gols e vencer a partida por 2 a 1, assumindo a liderança do Grupo A5 da Série D.
O ge entrou em contato com Paulo Roberto Santos, mas o técnico informou que não irá se manifestar sobre o ocorrido neste momento. Luiz Estevão atendeu a reportagem e deu a sua versão sobre a saída do treinador no intervalo da partida.
– É muito simples. O time estava jogando muito mal. Quando cheguei no intervalo no vestiário, falei: “Paulo Roberto, o time está muito mal. Esse time do Real não ganhou de ninguém até agora e simplesmente nós estamos sendo dominados”. Ele se aborreceu, disse que o time era dele, que estava fazendo o possível, que não podia ser responsabilizado se os jogadores não estavam jogando. Enfim, aí ele deu as instruções. E eu cobrei as instruções que ele deu, porque foram completamente desconectadas com a realidade.
– Ele disse que o time era dele, quem decidia o que deveria falar com os jogadores era ele. Eu disse que o time não era dele, que tem dono, e que ele tinha a obrigação de dar as instruções que os jogadores deveriam receber e não ficar reclamando da diretoria. E ele respondeu que se fosse para ter interferência, que ele iria embora. Aí eu disse que ele poderia ir embora. Foi isso, bem simples. Nesses vinte e quatro anos eu não dou opinião sobre o que fazer, apenas comento se o time se saiu bem ou não – disse Luiz Estevão.
Luiz Estevão é bilionário e dono do Brasiliense há mais de duas décadas
Fabrício Marques
Segundo o dirigente, não existiu agressão entre eles no vestiário. O elenco ainda teria comemorado, após a partida, a saída de Paulo Roberto. Luiz Estevão revelou que já contratou um novo treinador, que será apresentado durante a semana.
– Não teve agressão nenhuma. O que teve foi uma discussão, uma troca de palavras em tom elevado, que você não vai querer publicar. Ele disse que queria ir embora, não vou impedir ninguém de sair. E no segundo tempo, com as substituições que ele não fez e foram feitas acabaram resultando na nossa vitória. Depois do jogo, os jogadores comemoraram a saída dele – disse o dono do Brasiliense.
Brasiliense venceu o Real Brasília, mas demitiu toda a comissão técnica durante o intervalo
Breno Esaki/Metrópoles
Na atual temporada, o Brasiliense teve quatro técnicos. Passaram pelo clube, além de Paulo Roberto Santos, Vilson Tadei, Luis dos Reis e Luiz Carlos Souza.
Na disputa da Série do D do Brasileiro, o Brasiliense ocupa a liderança do Grupo A5, com seis pontos em três rodadas. Foram duas vitórias e uma derrota. Os quatro melhores classificados de cada um dos oito grupos avançam para a segunda fase da competição nacional, atualmente disputada por 64 equipes.
Quem é Luiz Estevão?
Luiz Estevão, de 74 anos, é empresário e fundou o Brasiliense em 2000. Já em 2002, o time chegou à decisão da Copa do Brasil depois de eliminar o Fluminense nas quartas e o Atlético-MG nas semifinais. O Jacaré acabou batido pelo Corinthians na decisão.
Luiz Estevão conversa com jogadores do Brasiliense em 2013
Adalberto Marques/AGIF
Estevão foi senador entre 1999 e 2000 e se envolveu em diversas polêmicas durante o mandato. Ele foi condenado a 26 anos de prisão e chegou a ficar preso entre março de 2016 e março de 2020, quando conseguiu o direito a prisão domiciliar, por fraudes na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
Luiz Estevão também foi condenado a 3 anos e 11 meses de prisão por troca de favores e concessão de regalias no período em esteve preso no Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo da Papuda, em Brasília. O empresário teria reformado a cela onde ficava sem autorização.
“Luxemburgo do interior”
Sempre bem vestido e com importantes resultados em clubes de menor expressão do futebol paulista, o técnico Paulo Roberto Santos ganhou o apelido de “Luxemburgo do interior”, em alusão a um dos treinadores mais vitoriosos do futebol brasileiro, que por muitos anos usava ternos para ficar na beirada do campo nas partidas.
Paulo Roberto Santos foi apelidado de Luxemburgo do interior por se vestir de maneira elegante
Marcos Ribolli
Foi no São Bento que Paulo Roberto viveu o auge da carreira. No time de Sorocaba, ele teve quatro acessos: dois deles colocando o time na elite do Campeonato Paulista e outros dois que levaram a equipe da Série D para a B do Brasileiro, em uma ascensão meteórica.
Além do São Bento, Paulo Roberto acumula trabalhos no Guarani, XV de Piracicaba, Rio Claro, Santo André, Atlético Sorocaba, Grêmio Barueri, Botafogo-SP, entre outros.
A passagem de Paulo Roberto Santos pelo Brasiliense durou exatos 38 dias e dois jogos, sendo uma vitória e uma derrota, em jogos válidos pela Série D do Campeonato Brasileiro.
Paulo Roberto Santos comandou ascensão meteórica do São Bento

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