Opinião: Lusa empata com Juventus em jogo para testar cismas e matar saudade

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Na estreia da Copa Paulista, Portuguesa fica no 1 a 1 na Rua Javari; confronto é marcado por lançamento de jovens, lesões súbitas e solidez um tanto inesperada. Portuguesa abre as portas do Canindé para o Globo Esporte
Foram três meses sem futebol. O intervalo que a Lusa vivenciou entre a despedida do Paulistão e a estreia da Copa Paulista foi talvez o principal motivo de a torcida vestir rubro-verde neste sábado (15) e lotar o setor visitante na Rua Javari.
Outro dos motivos para esgotar os ingressos rubro-verdes para a primeira partida no torneio, contra o Juventus, era ver a olhos nus a real capacidade do elenco montado pela Portuguesa. Afinal, trata-se de um grupo não só renovado, mas extremamente jovem.
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Jogo na Javari contra o Moleque Travesso marcou a estreia da Portuguesa na Copa Paulista
Dorival Rosa/ Portuguesa
Quem acompanhou a Lusa na Copinha, em janeiro, talvez tenha se sentido viajando no tempo. A começar pela comissão técnica, oriunda do sub-20, com Alan Dotti como treinador e César Michelon como auxiliar. E, claro, chegando à escalação titular.
A Portuguesa foi a campo com Rafael Pascoal no gol, Portela e Marco no miolo de zaga, com Talles na lateral direita e Pedro Henrique na esquerda. Como volantes, Hudson e Denis. Guilherme Portuga vestia a 10. Na frente, Leandro, Maceió e Fabrício.
Desses, apenas Rafael Pascoal, Marco, Hudson e Guilherme Portuga não vieram da última safra do sub-20. A Lusa promoveu uma série de estreias. E não as estreias que estamos habituados a ver, de reforços já experientes. O único caso assim foi Portuga.
As estreias eram, sobretudo, de jovens em um time profissional. E os que já haviam jogado no principal, como Talles, Pedro Henrique, Denis, Leandro e Maceió, alguns não somam ainda nem dez partidas como titulares. Outros nem entrando ao longo de jogo.
Lusa ficou no empate em 1 a 1 com o Juventus, na Javari, pela Copa Paulista
Dorival Rosa/ Portuguesa
As conversas entre a torcida, na chegada à arquibancada visitante, tratavam basicamente dessa dúvida: o que esperar do time? A preocupação acabou crescendo antes de a bola rolar, quando a Portuguesa informou de última hora uma mexida no time titular.
O atacante Maceió, destaque no último Paulistão, sentiu um desconforto muscular no aquecimento e virou baixa. O panamenho Kadir foi escolhido para assumir a posição. Com poucos minutos de bola rolando, outro susto. Desta vez, na defesa.
O zagueiro Portela, em uma jogada, também sentiu uma lesão. Saiu, voltou, tentou jogar, mas não deu. O técnico Alan Dotti, neste caso, colocou Kauã, outro jovem da base. Essa formação, sobretudo na zaga, praticamente não foi testada.
Kadir e Maceió têm características diferentes. O primeiro é aquele centroavante tradicional, de fazer pivô, de puxar mano a mano, menos móvel. O segundo já é um atacante mais leve, de movimentação, de voltar para marcar. Não era mudança simples.
Portela e Marco formaram a dupla de zaga titular em todos os cinco jogos-treinos da preparação lusitana. A defesa, aliás, foi o setor mais estável nos dois meses de trabalho. Ter de mudar logo na estreia poderia significar um desastre. Não aconteceu isso.
À exceção da tentativa juventina de abafa nos minutos iniciais, a Lusa não levou grandes sustos na defesa. Ao contrário, foram dela as principais chances de gol, princiaplemente no primeiro tempo. Poderia ter aberto o placar até mais cedo.
Aos 23 minutos, o Juventus tinha a bola na defesa. Leandro apertou Luan Gama, roubou a bola e tocou para Kadir. Na meia-lua, o panamenho até pensou em finalizar, mas preferiu inteligentemente tocar para Guilherme Portuga que vinha livre de trás.
Portuga finalizou de perna esquerda, no canto direito baixo, sem chances para o goleiro André Dias. A Portuguesa saía na frente em uma jogada de marcação no campo de ataque, de troca de passes consciente, de um meia estreante com frieza para bater.
Jogadores da Lusa comemoram gol anotado contra o Juventus
Dorival Rosa/ Portuguesa
Uma projeção do segundo tempo poderia rascunhar uma Lusa mais reativa, mas não foi o que aconteceu. A equipe de Alan Dotti continuou buscando o gol. E foi inclusive uma descida rubro-verde ao ataque que originou o lance do gol de empate do Juventus.
Aos seis minutos, o goleiro André Dias tentou acionar um contra-ataque rápido, mas não achou ninguém livre na frente. Soltou para o zagueiro Renan. O defensor, na intermediária do campo grená, resolveu fazer uma ligação direta ao atacante Marlon.
Marlon estava na intermediária do ataque, um pouco a frente do zagueiro Marco. A visão do zagueiro foi excelente e o passe foi preciso. A defesa lusitana estava desarrumada. Kauã e Pedro Henrique, junto com Marco, não conseguiram consertar a tempo. O atacante juventino dominou, avançou e rapidamente finalizou.
Um chute certeiro, sem chance alguma ao goleiro Rafael Pascoal. O empate não fazia jus ao que as equipes apresentavam naquele momento. Mas também não representava nenhum grande absurdo: nos dois gols houve falhas de um lado e oportunismo de outro.
A Lusa não conseguiu voltar a ficar a frente no placar. Até chegou a ficar pouco mais de dez minutos com um jogador a mais, já que Marlon foi expulso, mas o Juventus soube amarrar o jogo e conduzir aquele empate até o apito final.
Ainda é cedo para tirar conclusões. Foi apenas uma partida. Estreia para ambos os clubes. Em um gramado ruim, um jogo truncado, mascado e pegado, de uma partida sempre marcada pela pressão, com mudanças de última hora na escalação.
Houve atuações de destaque. Houve atuações discretas. Houve atuações incógnitas. Talvez no próximo sábado (22), diante do Oeste Barueri, no Canindé, dê para se ter uma clareza maior. Mas é fato que a Portuguesa não confirmou as previsões pessimistas e nem fez com que alguém saísse da Rua Javari em euforia ou êxtase.
Ao mesmo tempo em que dava para ter ampliado a vantagem no primeiro tempo, evitado o gol de empate e aproveitado os minutos de vantagem numérica, também havia um potencial enorme de tragédia com as baixas de última hora contra o adversário de grupo que mais contratou e que mais tem atletas rodados e experientes.
O clima entre a torcida da Lusa na saída da Rua Javari era de uma tranquilidade consciente. Tranquilidade porque não se confirmaram várias das cismas com o elenco. Consciente porque todos sabem que foi só um jogo, que o elenco é jovem e curto, e que a altura do sarrafo da Copa Paulista só ficará mais clara ao longo das rodadas.
*Luiz Nascimento, 31, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 14 anos, sendo a maior parte deles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.

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