Vice-presidente do STJD afirma que inteligência artificial, sozinha, não comprova manipulação de resultados

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Para Felipe Bevilacqua tecnologia agrega à investigação desde que acompanhada por outros elementos probatórios Entre outras coisas, uma das provas de John Textor afirma ter de manipulação de resultados no futebol brasileiro é baseada em inteligência artificial, segundo o dono da SAF do Botafogo. Para o vice-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Felipe Bevilacqua ainda não é possível culpar alguém por participação em esquemas de manipulação com base somente em relatórios gerados por IA.
Textor diz que enviou provas de manipulação no Brasileirão ao STJD: “É um problema global”
Bevilacqua, no entanto, admite que a tecnologia pode colaborar com as investigações. O tema foi abordado em um simpósio sobre Direito desportivo nesta quinta-feira, na sede do Fluminense, no Rio.
Ao fim do encontro, que contou com outros juristas atuantes na Justiça Desportiva, Bevilacqua falou com o ge. O auditor não quis abordar casos específicos, em razão do seu trabalho no tribunal, mas analisou o uso da tecnologia.
– Não, eu acredito que única e exclusivamente o relatório, só um sinal, para poder se buscar uma denúncia ou uma culpabilidade, não. Porque nós precisamos identificar especificamente todos os detalhes, todo o contexto de como isso ocorreu, quem está envolvido, se efetivamente esse erro foi doloso ou não – disse.
– Porque não basta você identificar o erro, os árbitros erram a todo momento, porque é uma pessoa como todos os outros. Então, eu acho que é fundamental quando você tem outros elementos, como eu citei aqui na questão do Ministério Público de Goiás. Quando você vem com diversos elementos e mais a inteligência artificial, você consegue ter ali quase uma certeza do que efetivamente ocorreu – completou.
Felipe Bevilacqua, auditor do STJD
Divulgação/CBF
O exemplo de Bevilacqua diz respeito à Operação Penalidade Máxima, deflagrada por autoridades de Goiás que desmantelaram um esquema de manipulação de resultados que envolveu jogos das principais competições do país. Na esfera desportiva, foram aplicadas multas e sanções aos jogadores que tiveram participação comprovada no esquema.
– Tem essa nova empresa Good Game, que é especializada também em verificar uma estatística de erros dos árbitros. Agora, isso tudo tem que ser, obviamente, aperfeiçoado. Ajuda muito a justiça desportiva, mas não resolve o caso – disse Bevilacqua.
Nas últimas semanas, relatórios com base em inteligência artificial, produzidos pela empresa Good Game, foram utilizados por John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, para fundamentar denúncias de manipulação de resultados em jogos da elite nacional. Foram eles: Palmeiras 4 x 0 Fortaleza pelo Brasileirão de 2022 e Palmeiras 5 x 0 São Paulo pelo Brasileirão 2023.
A Polícia Civil do Rio instaurou um inquérito para investigar as acusações. Em depoimento, Textor citou nomes de supostos envolvidos em manipulação. Também afirmou ter compartilhado “provas completas”, além dos relatórios, às autoridades. Na próxima segunda-feira, será a vez de o tribunal desportivo ouvir Textor sobre as partidas acusadas.
Na última terça-feira, Textor foi réu em julgamento no STJD, mas em outro processo. O dirigente foi denunciado depois de acusar a CBF de corrupção no Campeonato Brasileiro, após o Botafogo sofrer derrota por 4 a 3 para o Palmeiras, no ano passado. A conclusão da audiência foi adiada porque Bevilacqua pediu vistas do processo. Para este caso, não há data para a retomada do julgamento.

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