Jordan Bardella, o jovem rosto da extrema direita que quer ser o premiê francês

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Carismático discípulo de Marine Le Pen, o político de 28 anos é considerado um trunfo do RN por ter cooptado o voto jovem e imposto a derrota da aliança centrista de Macron no Parlamento Europeu. Os líderes da extrema direita francesa, Marine Le Pen e Jordan Bardella, em junho de 2024.
AP Photo/Thomas Padilla
Tão logo o presidente Emmanuel Macron anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e a antecipação das eleições legislativas, Jordan Bardella despontou como o rosto da extrema direita designado a concorrer ao cargo de primeiro-ministro da França.
Com apenas 28 anos, ele é o carismático pupilo de Marine Le Pen e, desde 2022, presidente do Reagrupamento Nacional. Considerado um trunfo para cooptar o voto jovem, tem fala mansa e conta com 1,2 milhão de seguidores no Tik Tok. Seus apelidos? “Monsieur Selfie”, pela desenvoltura com que maneja as redes sociais e a imagem pública, e “Filhote de Leão”, como é chamado por sua mentora.
Nada mais natural que Bardella seja o cabeça de lista do partido nas legislativas, já que a líder Le Pen tem pretensões de se candidatar novamente à Presidência francesa, em 2027. A indicação do jovem político como candidato a primeiro-ministro foi confirmada na segunda-feira pelo vice-presidente do RN, Sébastien Chenu, após o fiasco devastador da aliança centrista de Macron no Parlamento Europeu.
O momento atual se mostra favorável ao RN, que no domingo conquistou mais do que o dobro da coligação macronista. Atualmente, o partido tem 88 das 577 cadeiras da Assembleia francesa, mas são consideradas pequenas as chances de ampliar o número para 289 e, assim, conquistar a maioria absoluta nas eleições de 30 de junho e 7 de julho.
Sem maioria, o Renascimento, partido do presidente, conta com 250 cadeiras e depende de outros para aprovar projetos.
“Os nossos compatriotas expressaram um desejo de mudança. Emmanuel Macron é hoje um presidente enfraquecido”, reagiu o político da direita radical, após a vitória de domingo. Em entrevista a uma emissora de TV nesta terça-feira, ele se declarou pronto para
governar e “construir a maior maioria possível” com outros grupos políticos.
Se as suas previsões se confirmassem, Bardella seria o primeiro chefe de governo representante da extrema direita no país. Esta coabitação faria do presidente um “pato manco” na segunda metade de seu mandato.
Ele rivaliza com Gabriel Attal, de 35 anos, indicado em janeiro por Macron como o mais jovem premiê francês. Os dois têm em comum a inexperiência para ocupar o cargo. Embora tenha cumprido um mandato como eurodeputado, Bardella é criticado por seus adversários por não apresentar projetos e ter se ausentado de 75% das reuniões de sua comissão parlamentar.
Filho de uma imigrante italiana, ele cresceu num conjunto habitacional na periferia de Paris e ingressou na política aos 17 anos. Sua plataforma é claramente anti-imigração e pela redução de regras ambientais no bloco europeu.
Repete insistentemente frases como “A França está desaparecendo” ou “A nossa civilização morrerá, submersa por migrantes que terão mudado nossos costumes e nossa cultura de forma irreversível.” Bardella tenta galgar sua carreira política demarcando distância do patriarca Jean-Marie Le Pen, de quem era fã. Ele foi o fundador da Frente Nacional, que antecedeu o RN, e frequentemente associado ao ódio racial e ao antissemitismo.
A própria Marine Le Pen vem moldando a imagem moderada do partido, do qual Bardella é agora a estrela em ascensão, lustrando a sua origem nacionalista e xenófoba. O jovem político tornou-se o seu primeiro dirigente sem o sobrenome Le Pen mas ainda cultiva bem de perto os laços com a família: namora há quatro anos Nolwenn Olivier, neta de Jean-Marie e sobrinha de Marine.

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