Surra em votação de vetos no Congresso faz líderes do governo falarem em reforma ministerial e choque de realidade

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Após derrotas em série, deputados e senadores aliados pedem reunião de emergência com o Planalto; até quadros do PT votaram contra o governo. Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional destinada à deliberação dos vetos
Roque de Sá/Agência Senado
Apesar do discurso público de que “deu a lógica” no resultado desastroso da análise de vetos do presidente Lula (PT) e de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), pelo Congresso, nesta terça (28), nos bastidores, aliados do governo externam irritação e cobram um freio de arrumação na relação do Planalto com partidos aliados.
Siglas como o União Brasil, Republicanos e MDB, que têm ministros no governo, foram decisivas para impor derrotas importantes a Lula.
Em resumo, a maioria das pautas que o Planalto pediu a manutenção do veto foi derrubada. E as que o governo queria derrotar, como a decisão de Bolsonaro de acabar com a punição da divulgação de fake news em massa durante eleições, foram abençoadas pelo Congresso.
Aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dizem que o resultado já era esperado, dada a desorganização do governo na articulação política.
Elementos primários no manejo das relações com o Congresso têm sido deixados de lado. Em votações importantes, é comum escalar ministros para irem ao plenário, fazer corpo a corpo com deputados e senadores, ou usar da possibilidade de exonerar temporariamente, apenas para a votação dos vetos, ministros que tenham mandato na Câmara ou no Senado. Nada disso foi feito. E mais: os suplentes de alguns desses ministros votaram contra o governo.
“De que adianta ter ministro no governo de partido que não segue o governo?”, indagou ao blog um dos líderes de Lula no Congresso.
“E não havia militância ativa nem do PT no plenário. Ligamos para todos os ministros para pedir ajuda aos partidos aliados. Nenhum deles correspondeu a votos no plenário”, concluiu.
Nos bastidores, a base aliada trata o resultado como um fracasso e cobra um freio de arrumação. As conversas sobre reforma ministerial voltam a rondar o governo e um pedido de reunião emergencial com Lula, Alexandre Padilha (Articulação Política) e Rui Costa (Casa Civil) foi disparado.
A oposição, por óbvio, celebra. “O governo está decaindo rapidamente. Não tem projeto nem rumo. E o (Fernando) Haddad não tem mais coelho para tirar da cartola. O Congresso espelha o que pensa a sociedade. Isso ficou claro ontem”, diz o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho.
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