Após ‘cessar-fogo’ com ministro, presidente da Petrobras defende ‘orientações’ do governo à estatal

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, publicou um texto na noite desta quarta-feira (13) nas redes sociais para defender o que chamou de “orientações” do governo federal para os membros do Conselho de Administração da estatal.
A postagem surge após dias de turbulências e atritos por causa da distribuição de dividendos da Petrobras, reduzida em relação a anos anteriores a pedido do governo, que é sócio-controlador da petroleira.
O termo “dividendo” se refere à parte do lucro que é distribuída aos acionistas. A Petrobras vai distribuir R$ 14,2 bilhões em dividendos ordinários (pagamento mínimo), mas decidiu reter os chamados dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões.
O post nas redes sociais surge, também, após Jean Paul Prates se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta quarta para selar um “cessar-fogo”.
Interlocutores dos dois lados afirmaram ao blog que a conversa atendeu a um pedido de Lula e teve o objetivo de acabar com o clima de guerra dentro do governo, que vinha gerando mais insatisfação entre os investidores da Petrobras.
Logo após a reunião, Prates usou o X (antigo Twitter) para dizer que “falar em intervenção na Petrobras é querer criar dissidências, especulação e desinformação”.
Segundo Prates, é preciso compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro e que isso não pode ser visto como intervenção.
“É legítimo que o Conselho de Administração se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros […] foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários”, diz o post de Jean Paul Prates.
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Dividendos extraordinários retidos
Na semana passada, os integrantes do Conselho e Administração da Petrobras indicados pelo governo votaram contra a proposta da diretoria de distribuir R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários, além dos ordinários. A decisão foi por manter esses recursos numa reserva, para posterior distribuição.
A decisão disparou uma guerra dentro do governo opondo a diretoria da Petrobras e os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia, que defenderam a não distribuição para que a empresa tivesse mais caixa e condições de contrair empréstimos no mercado para seus investimentos.
Prates se absteve, gerando mal-estar no governo. A Lula, ele explicou que não poderia votar contra uma proposta de sua diretoria.
Lula fez críticas abertas aos acionistas privados da Petrobras, afirmando que eles deveriam pensar também no país e não ficar só defendendo mais distribuição de dividendos.
Depois, o presidente da República recebeu do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a explicação de que os dividendos extraordinários não podem ser usados para investimentos por conta da Lei das Sociedades Anônimas.
As críticas geraram um clima de irritação e insatisfação no mercado, afetando a cotação das ações da empresa.
Uma ala do governo avaliou que a guerra foi mal conduzida pelo presidente Lula, que acabou passando a mensagem de que o governo quer intervir na definição dos negócios da estatal.
O que acabou sendo mais potencializado ainda por conta das críticas que Lula fez recentemente à Vale e pelas pressões do governo para troca do atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo.
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