Ata do Copom: BC defende atuação ‘firme’ e ‘vigilante’ para conter a inflação e não afasta ‘eventuais ajustes futuros’ na taxa de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou nesta terça-feira (25) que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma “atuação firme” da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá “vigilante”.
Além disso, avaliou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
A informação consta na ata da última reunião do Copom, ocorrida na semana passada. Naquele momento, por unanimidade, a diretoria e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, votaram por interromper o ciclo de corte dos juros básicos da economia – que vinha desde agosto do ano passado. A taxa Selic foi mantida em 10,50% ao ano.
A decisão do Copom, formado pela diretoria e pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, será tomada em meio ao fogo cerrado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — que subiu o tom das críticas ao tamanho da taxa de juros nos últimos dias.
O BC tem de autonomia em sua atuação, sendo que o atual presidente, Roberto Campos Neto, com mandato até o fim de 2024, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A instituição diz que seu papel, na fixação da taxa de juros, é técnico, e busca conter a inflação.
Campos Neto tem lembrado que o BC subiu os juros em 2022, ano eleitoral. Também avaliou que os juros são altos no Brasil porque a dívida é alta. “A gente não pode confundir causa e efeito”, disse, em 2023.
Em seus documentos, o BC informa que um patamar mais alto de inflação prejudica, principalmente, a população de baixa renda.
Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, a instituição já está mirando na meta deste ano, e também para o segundo semestre de 2025 (em doze meses).
A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%;
A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida;
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 3,98% e, a de 2025, 3,85%. Ou seja, acima da meta central nos dois anos.
As previsões do mercado financeiro subiram relação ao patamar vigente, por exemplo, há três meses atrás. No começo de março, a projeção dos analistas estava em 3,74% para a inflação de 2024 e em 3,50% para o IPCA do próximo ano.
Na semana passada, o Banco Central estimou que as projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência estavam em em 4% em 2024 e 3,4% em 2025. No começo de maio, o BC estimava uma inflação de 3,8% para 2024 e de 3,3% para 2025.
Com isso, as projeções dos analistas, e também do BC, estão se distanciando as metas centrais de inflação, fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

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