Entenda como onda de calor pode gerar prejuízos e benefícios para cana-de-açúcar no interior de SP

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Cidade não registra chuvas desde abril. Essa condição melhora qualidade da cana e permite trabalho no campo sem restrições, ajudando na colheita. Falta de água, porém, afeta produtividade da lavoura recém-plantada, diz pesquisador da USP. Prejuízo na safra e benefício para colheita: entenda como onda de calor por impactar o cultivo da cana-de-açúcar no interior de São Paulo
Claudia Assencio/g1
A onda de calor registrada na região de Piracicaba (SP) pode gerar impactos na safra de cana-de-açúcar, com reflexos negativos para a produtividade da lavoura e, em alguma medida, positivos para a colheita.
O g1 consultou especialistas para saber quais são as perspectivas para a agricultura na região de Piracicaba após o período de seca, sem registro de chuvas.
Entre eles, o professor e pesquisador em agrometeorologia e modelagem agrícola do campus de Piracicaba da USP, Fábio Marim, e o vice-presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Arnaldo Antonio Bortoletto.
A cidade de Piracicaba (SP) está sem chuvas registradas desde abril até o dia 12 de maio, segundo dados do boletim hidrometeorológico do Sistema de Telemetria do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
Bloqueio atmosférico: excesso de chuvas no sul e seca no sudeste
De acordo com o professor Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da instituição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (LEB-Esalq), um bloqueio atmosférico, causado por uma zona de alta pressão, impede que as frentes frias que se deslocaram do Polo Sul cheguem ao sudeste do Brasil.
“Essas frentes frias pararam no Rio Grande do Sul. Isso explica a seca no centro-sul do Brasil e as altas temperaturas, uma vez que a alta pressão e a falta de chuvas mantêm a temperatura alta. E, explica também, o excesso de chuvas lá no Sul. As frentes frias não conseguem subir, como seria o normal, isso tem um impacto bastante grande naquele estado, devido a toda tragédia humana”, afirma.
Lavouras
Marim acrescenta que, para o estado de São Paulo, a condição é de seca acelerada com prejuízo para o pasto, para a cana-de-açúcar e também lavouras de milho safrinha, que ainda estão na fase final de enchimento de grãos.
“Especialmente para a cana, temos o efeito negativo, mas também temos o impacto positivo para as colheitas”, pondera.
Marim ressalta que, para a lavoura de cana-de-açúcar, especificamente, a onda de calor com falta de chuvas tem um efeito negativo por um lado, mas por outro, tem impacto positivo, que é o aceleramento das colheitas.
“Os canaviais já estão em fase de colheita na região de Piracicaba e essa condição melhora a qualidade da cana e permite que trabalhadores e máquinas atuem sem nenhuma restrição. Mas, afetam, por conta da falta de água, aquelas lavouras que ainda serão colhidas no final da safra, em setembro, outubro e novembro”, observa o pesquisador da Esalq.
Safra de cana-de-açúcar pode perder produtividade onda de calor e falta de chuvas se prolongarem, afirma o vice-presidente da Coplacana de Piracicaba
Claudia Assencio/g1
Por que o clima seco é bom para a colheita de cana?☀️ O representante da Coplacana, Arnaldo Bortoletto, confirma que a onda de calor em início de safra, é bom para a colheita. Mas, se o período seco se prolongar pode afetar diretamente a produtividade da safra.
“O clima seco permite que a safra não pare. Quando chove, atrapalha o transporte, a colheita paralisa, a cana-de-açúcar absorve água e, assim, reduz o Açúcar Total Recuperável (ATR). Por outro lado, se o período de estiagem se prolongar, como ocorreu em abril, acaba sendo prejudicial, pois os plantios de cana de ano e meio terão dificuldade de brotação, aumentando o risco de o produtor perder esse plantio e ter de replantar essas áreas”, alerta.
“Ao mesmo tempo, a cana que está sendo colhida, sem umidade, com a seca intensa, tem a brotação prejudicada, consequência para a safra 24/25. Então, nesse aspecto de produtividade, o reflexo é negativo. O único fator favorável é para a colheita. Nesta época, o cenário ideal são chuvas parciais que garantirão uma boa brotação para a cana de 18 meses”, ressalta Bortoletto.
Quais são as perspectivas para a safra? Haverá adiantamento? 🌱O vice-presidente da Coplacana explica que a safra está com uma moagem mais intensa se comparada a abril de 2023, mês chuvoso, o que dificultou a colheita naquele ano.
“Em 2024, como abril não choveu, a quantidade de cana moída foi maior, se comparada ao mesmo período do ano passado. Temos que analisar se haverá incidência de chuvas, caso contrário, o risco de perda de produtividade é grande”, afirma Bortoletto.
Quais os prognósticos para combustíveis derivados da cana-de-açúcar? ⛽ Segundo o representante do setor, ainda há muito etanol de milho disponibilizado no mercado. “O que compensa o mix de etanol da cana, aumentando a produção de açúcar, com preço mais favorável. A indústria está otimizando o máximo para fazer açúcar. A menor produção de etanol da cana está sendo suprida pelo etanol que está vindo do milho”, explicou.
Pode faltar etanol? ⛽ No momento não há essa perspectiva, segundo o vice-presidente da Coplacana.
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Inmet mantém alerta de grande perigo para onda de calor até o fim do dia 12 de maio na região de Piracicaba
Inmet/Reprodução
Onda de calor🌡️
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) atualizou o alerta de perigo para onda de calor na região de Piracicaba de amarelo para laranja no último dia 3 de maio. No dia 6 de maio, houve novo aviso com alerta vermelho. O comunicado indicava risco à saúde devido às altas temperaturas, quando os termômetros podem bater máximas de 37ºC, segundo a previsão – 🌡️Veja detalhes, abaixo.
Antes, o aviso era amarelo e indicava perigo potencial para onda de calor na região. Segundo o Inmet, para que seja considerado o registro de onda de calor, o município precisa ter cinco dias consecutivos de temperaturas 5ºC acima da marca prevista para determinado mês.
Com temperaturas de até 37ºC, Inmet muda para laranja o alerta de perigo de onda de calor na região de Piracicaba; entenda cores
Reprodução/Inmet
O alerta de grande perigo para onda de calor na região de Piracicaba tinha validade até às 23h59 deste domingo (12). Mas, as altas temperaturas deve durar até o dia 14 de maio. Entenda o que significam as cores do alerta os graus de severidade, a seguir:

🟡Alerta amarelo: perigo potencial
🟠Alerta laranja: perigo
🔴Alerta vermelho: grande perigo
1ª onda de calor do outono 🌡️
Piracicaba (SP) registrou a primeira onda de calor no último dia 30 de abril desde que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a monitorar a cidade em 2006. O município teve temperaturas acima dos 33ºC nos últimos cinco dias consecutivos em abril e as máximas continuam ultrapassando essa marca, conforme dados do Centro Integrado de Informações Agrometereológicas (Ciiagro).
A umidade relativa do ar diária em abril de 2024 foi de 33,1%, de acordo com medição do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
Uma onda de calor que pode derrubar a umidade relativa do ar.🧾A recomendação é que os moradores da região sigam algumas orientações como:
💧 Beber bastante líquido;
🥵 Evitar desgaste físico nas horas mais secas;
🌡️ Evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia;
🚿 Utilizar umidificadores de ar se possível, hidratar a pele e evitar banhos muito quentes para não ressecar a pele.
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Calor na região de Piracicaba: recomendação é se hidratar e evitar exposição ao sol nos horários mais quentes
Reprodução/EPTV
Previsão do tempo ☀️
Confira a previsão do tempo para o fim de semana e segunda-feira, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia:
Segunda-feira (13)
Mínima de 18ºC e máxima de 33ºC. Sol e aumento de nuvens à tarde e à noite.
Terça-feira (14)
Mínima de 19ºC e máxima de 31ºC. Sol e aumento de nuvens à tarde e à noite.
Quarta-feira (15)
Mínima de 17ºC e máxima de 30ºC. Muitas nuvens,
Quinta-feira (16)
Mínima de 17ºC e máxima de 34ºC. Sol com muitas nuvens.
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