Ex-aluna de Maria da Conceição Tavares, Dilma lamenta morte: ‘minha companheira de lutas e sonhos’

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Ex-presidente foi aluna de mestrado da economista na Unicamp na década de 80. Economista morreu aos 94 anos neste sábado (8). Dilma entrega o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011 para a professora de economia, escritora e consultora Maria da Conceição de Almeida Tavares
Roberto Stuckert Filho / Presidência
A ex-presidente Dilma Roussef lamentou a morte de Maria da Conceição Tavares, uma das mais importantes economistas do Brasil.
“É com grande pesar que recebo a a notícia da morte da economista Maria da Conceição Tavares. Meus sentimentos à família e aos muitos amigos e alunos. Todos ficamos tristes pela sua passagem”.
Dilma foi aluna de mestrado da economista na Unicamp na década de 80. Em 2011, a então presidente Dilma entregou o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia a Maria da Conceição, a mais alta condecoração na área.
A escritora morreu aos 94 anos, neste sábado (8), em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro.
“Minha amiga e professora era uma mulher brilhante e profundamente comprometida com a soberania nacional, tendo atuado decisivamente na construção de um Brasil menos desigual. Era uma portuguesa que veio para o país ainda criança e virou uma brasileira de coração e de compromisso firme com o nosso povo”, escreveu Dilma.
Quem foi a economista e escritora Maria da Conceição Tavares
Vida e trajetória
Nascida em Aveiro, em Portugal, ela se naturalizou brasileira e dedicou-se a pensar a economia do Brasil.
Maria da Conceição foi deputada federal entre os anos de 1995 e 1999. Foi também professora-titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora-emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tavares formou gerações de economistas no Brasil e sempre defendeu que o Estado fosse responsável pelo desenvolvimento econômico do Brasil.
A professora ficou conhecida como defensora fervorosa do Plano Cruzado e do combate à inflação. Nos anos 1980, chorou em frente às câmeras de TV na defesa do Plano Cruzado, em um dos momentos mais marcantes daquela época de euforia que o congelamento de preços trouxe ao povo brasileiro.
Em 1994, elegeu-se deputada federal pelo PT e foi uma das vozes mais críticas ao Plano Real. Em 1995, no primeiro ano de mandato de Fernando Henrique Cardoso, Tavares deu uma entrevista para o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, que repercute até hoje nas redes sociais, em que analisa a economia brasileira:
“Uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer, depois distribuir, é uma falácia, e tem sido uma falácia. Nem estabiliza, cresce aos solavancos e não distribui. E esta é a história da economia brasileira, desde a pós guerra”, disse a economista.
A economista Maria da Conceição Tavares em entrevista ao programa Roda Viva, em 1995.
Reprodução/TV Cultura
A carreira de Conceição foi marcada por passagens no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde foi homenageada em março deste ano, e pelo Grupo Executivo da Indústria Mecânica Pesada (Geimape).
Maria da Conceição chegou a lecionar no Chile e no México. Foi presa pela ditadura em novembro de 1974 e solta poucos dias depois, por pressão de integrantes do governo, como o então ministro Mario Henrique Simonsen.
Escreveu diversos artigos e livros, que trouxeram análises profundas sobre a economia brasileira e suas transformações.
Com frases fortes e o vozeirão característico, virou referência do pensamento desenvolvimentista no Brasil. Era defensora ferrenha do desenvolvimento com justiça social.

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