Indústria bélica Avibras coloca 400 trabalhadores em licença remunerada por tempo indeterminado no interior de SP

5 min read
Período de layoff terminou no dia 31 de maio. Empresa enfrenta crise há pelo menos dois anos, com funcionários sem receber os salários há mais de um ano. Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Cerca de 400 funcionários da Avibras em Jacareí, no interior de São Paulo, encerraram, na última sexta-feira (31), o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) na empresa. Agora, segundo a própria empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos, os trabalhadores iniciaram o período de licença remunerada.
Ao g1, a Avibras confirmou que são cerca de 400 funcionários nessa situação e que a licença remunerada será aplicada por tempo indeterminado.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região apontou que a medida atinge, ao todo, 420 trabalhadores na unidade.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp
A aplicação da licença remunerada ocorre no momento em que a Avibras enfrenta uma crise financeira, que foi desencadeada há pelo menos dois anos, além de passar por uma recuperação judicial.
No fim de maio, a Justiça pediu esclarecimentos sobre as negociações envolvendo a venda da empresa a um grupo australiano.
LEIA TAMBÉM:
Empresa australiana negocia aquisição da Avibras, companhia bélica brasileira
Especialistas avaliam que falta de incentivo do governo piorou crise da Avibras
Perto de ser vendida, Avibras vive crise financeira há pelo menos dois anos
Em março, trabalhadores da Avibras fizeram uma manifestação em frente à empresa. O protesto reuniu cerca de 100 funcionários. O protesto foi para reivindicar o pagamento de salários atrasados.
Ainda segundo o sindicato da categoria, ao todo, cerca de 800 trabalhadores estão em greve e outros 400 funcionários estavam em layoff – agora em licença remunerada – sem receber os salários há mais de um ano.
O Sindicato dos Metalúrgicos alega que quer uma decisão sobre a situação, com a empresa efetuando o pagamento dos salários atrasados, já que a crise está se estendendo por anos.
Trabalhadores da avibras reivindicam salários atrasados
Recuperação judicial
Em 22 de março de 2022, a Avibras pediu recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 600 milhões. Em julho de 2023, credores aprovaram o plano de recuperação judicial da empresa.
A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
Demissões e greve
A crise na Avibras se arrasta há alguns anos. Em 18 de março de 2022, a empresa demitiu cerca de 400 trabalhadores na fábrica em Jacareí. Na época, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que não houve nenhum comunicado prévio ou tentativa de negociação sobre medidas para evitar as demissões, como adoção de um layoff (suspensão de contratos), por exemplo.
A fábrica alegou que teve de adotar “ações de reestruturação organizacional da empresa, mantendo as atividades essenciais para o cumprimento dos compromissos contratuais assumidos junto aos seus clientes”. Ao mesmo tempo em que fez o corte, pediu à justiça a recuperação judicial alegando dívida de R$ 600 milhões.
A entidade recorreu à Justiça do Trabalho e conseguiu reverter o corte porque o juiz entendeu que não seria possível ter recuperação, se não havia força de trabalho na empresa.
Com a readmissão, a empresa colocou os funcionários em layoff. Os trabalhadores da Avibras de Jacareí entraram em greve, reivindicando a garantia de estabilidade para todos os funcionários, pagamento dos salários atrasados e também para que a empresa adote um sistema de trabalho rotativo, no qual os grupos se revezem entre o layoff e o trabalho na fábrica.
Trabalhadores da Avibras protestam contra atrasos de salário e estatização em trecho da Rodovia dos Tamoios
Divulgação
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira, além de produzir sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) – o Falcão.
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina

You May Also Like

More From Author

+ There are no comments

Add yours