Evangélicos: como foram escolhidos os entrevistados? Consultor da série explica pesquisa para produção

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Juliano Spyer, autor do livro ‘Povo de Deus’, fala sobre importância do seriado do gnt do ponto de vista acadêmico Juliano Spyer foi consultor em Evangélicos
Arquivo pessoal
Os evangélicos caminham para se tornar a maior comunidade religiosa do Brasil. Segundo o censo de 2010 do IBGE, mais de 42 milhões de brasileiros se consideram seguidores da religião e suas diferentes igrejas. Como, afinal, reunir histórias tão representativas dessa grande massa em um documentário de seis episódios?
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Esse foi o desafio dado ao cineasta Alberto Renault, que convocou o empresário e antropólogo Juliano Spyer, para a produção da série Evangélicos, com exibições aos domingos, às 23h, no canal gnt. Em cada capítulo, a história de um brasileiro é apresentada pelo viés religioso, englobando sua rotina em casa até o trabalho e os momentos de oração.
Em entrevista ao gshow, Spyer – que é autor do livro “Povo de Deus: Quem são os evangélicos e por que eles importam” – relata que Renault listou uma série de especificidades para se chegar aos entrevistados do documentário. Inicialmente, se possível, o entrevistado teria que estar passando por algum evento familiar (casamento, aniversário). Depois, todos os escolhidos deveriam pertencer a grupos diferentes dentro da religião. Além disso, não poderiam ser pessoas somente de Rio de Janeiro e São Paulo, já pensando também em ambientes de diferentes classes sociais, tradições e visualmente distintos.
Com esses pontos em vista, Spyer coordenou um trabalho de pesquisa com outras três pessoas, realizando entrevistas prévias, seguindo um roteiro com informações básicas como nome, local, religião, igreja e até um pequeno vídeo de apresentação.
“Ao todo, foram perto de mil pessoas entrevistadas, sendo que semanalmente enviávamos cerca de cinco nomes e perfis para avaliação da produção, dentro dos critérios pré-definidos”, explica Spyer. “Foi um conceito difícil, complexo, mas que deu certo.”
Juliano Spyer é autor de ‘Povo de Deus’
Reprodução/Instagram
As entrevistas duraram, pelo menos, três meses, partindo de março do ano passado. Em agosto, a produtora iniciou as filmagens com os primeiros “aprovados” para a série.
Na visão de Spyer, que é doutor em antropologia (pela UCL) e graduado em história (USP), Evangélicos é uma série necessária para este momento de “guerra cultural”, havendo um esforço em mostrar todos como pessoas comuns, e não como inimigos. “Os evangélicos são muito mais parecidos com a gente do que imaginamos.”
Para ele, o documentário se torna ainda mais interessante por não se apegar à sociologia, ao fugir de “séries cabeça” em que vários autores são citados e acadêmicos concedem entrevistas. Mais do que isso, trata-se de um projeto que surpreende a cada episódio.
“Há um contraste que a série produz, porque quando você fala que entendeu, o entrevistado diz algo e você recalcula. Na próxima, você entende, e depois não mais. E é exatamente esse o objetivo: todos acham que sabem alguma coisa, mas os entrevistados mostram que não.”
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