Justiça 2: como agir em casos de violência doméstica?

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Na série original do Globoplay, Silvana, personagem de Maria Padilha, sofre com episódios de agressão do marido, Nestor, interpretado por Marco Ricca Justiça 2: Nestor dá um soco em Silvana
*Alerta gatilho: esta reportagem aborda temas referentes a abuso doméstico e pode despertar diferentes reações no leitor
Maria Padilha é Silvana em Justiça 2
Globo/Fabio Rocha
Por mais que Justiça 2 seja um produto de ficção, o drama abordado no arco de Silvana, personagem de Maria Padilha, está bem próximo da realidade. Inclusive, é possível colocar em números: em 2023, a cada 24 horas, oito mulheres foram vítimas de algum tipo de agressão, de acordo com dados da Rede de Observatórios da Segurança.
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Com ares de madame, o luxo da vida de Silvana se mostra superficial, principalmente por conta do marido, Nestor (Marco Ricca), antagonista da série, cujos momentos de abuso à esposa vão escalonando ao longo da trama. Casos que facilmente se refletem no cotidiano; divulgada em 2023, a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher mostrou quão presente são episódios como este, indicando que três a cada dez brasileiras já foram vítimas de violência doméstica.
“Infelizmente, existem muitas Silvanas por aí. E a gente deve ter muita compreensão porque não é fácil ter a consciência de um casamento tóxico e conseguir sair dele”, disse a atriz, em entrevista ao gshow.
Em Justiça 2, Nestor (Marco Ricca) espanca a espsoa, Silvana (Maria Padilha)
Globo/Estevam Avellar
De acordo com os dados da pesquisa, a principal forma de violência é a psicológica, registrada em 89% dos casos; seguida pela moral e física, respectivamente, com 77% e 76%. No total, mais de 25,4 milhões de mulheres brasileiras já foram vítimas de abuso doméstico – o equivalente a 30% da população feminina do país; e em mais da metade dos casos, 52%, o agressor era o marido ou o companheiro.
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Como agir em casos de violência doméstica
Segundo Valéria Scarance, promotora de Justiça e professora da PUC-SP, é preciso entender que a violência acontece em vários contextos e não se resume à agressão física. Ainda que se trate de uma ameaça verbal, sem marcas ou mesmo a violência psicológica, a mulher tem direito de registrar o fato e buscar ajuda.
“Em primeiro lugar, é importante que a mulher não se culpe pelo ato de violência sofrida e busque ajuda em uma pessoa de confiança, já que a maioria das vítimas se culpa e se isola, o que aumenta o perigo”, indica Valéria, também autora do livro “Lei Maria da Penha: O Processo no Caminho da Efetividade”.
Em Justiça 2, Silvana sofre com episódios de abuso doméstico por parte do marido, Nestor (Marco Ricca)
Globoplay
O próximo passo é registrar boletim de ocorrência em qualquer delegacia, ainda que não seja especializada na defesa da mulher e mesmo que não tenha testemunhas, já que a palavra da vítima é uma importante prova da violência.
“Para solicitar medidas protetivas, a vítima pode fazer o pedido eletronicamente, no momento do registro do boletim, perante uma autoridade pública ou Defensoria Pública. Não é necessário registar BO para ter medidas protetivas, basta que ocorra uma situação de violência contra mulher e/ou seus dependentes e uma situação de perigo”, orienta Valéria.
A promotora ainda faz um alerta para as vítimas que estejam em situação de perigo:
“Deve acionar imediatamente a polícia militar pelo 190, o que também pode ser feito por qualquer pessoa, além da denúncia anônima pela Central 180.”
Serviço:
Ligue 190 ou 180
O 190 se refere à Polícia Militar, e pode ser contatado em casos de emergência, caso você seja a vítima ou presencia alguém sendo; uma viatura será enviada imediatamente ao local. O 180, por sua vez, é a principal forma de contato com a Central de Atendimento à Mulher. Desenvolvido pela Secretaria Nacional de Políticas, o serviço disponibiliza um acolhimento qualificado a casos de violência doméstica e encaminha as denúncias aos órgãos responsáveis. Ambos serviços estão disponíveis 24 horas por dia e as ligações são gratuitas.
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – DEAM
Serviço especializado para situações de violência doméstica a mulheres, as unidades da DEAM também funcionam 24 horas por dia, incluindo domingos e feriados, em 14 sedes ao redor do Brasil.
WhatsApp ou Telegram
No WhatsApp, é possível realizar denúncias enviando uma mensagem para o número (61) 99656-5008; já no Telegram, basta digitar “Direitoshumanosbrasilbot” no espaço reservado às buscas no aplicativo.
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