Letícia Cazarré fala dos desafios de cuidar de um recém-nascido e outros 5 filhos: ‘Exausta, mas grata por ouvi-lo chorar’

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Na semana do Dia das Mães, a mulher do ator Juliano Cazarré relatou ainda os cuidados com a filha Guilhermina, que tem uma UTI montada para ela em casa: ‘Fé que um dia ela vai correr, falar e chorar’ Letícia e Juliano Cazarré com o caçulinha Estêvão
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No dia 2 de março Letícia Cazarré deu à luz Estêvão, seu sexto filho com o ator Juliano Cazarré. Alguns dias depois, a outra filha deles, Guilhermina, de 1 ano e 9 meses, que nasceu com uma cardiopatia congênita rara chamada Anomalia de Ebstein, apresentou um quadro de infecção.
A mãe da stylist, braço direito nos cuidados com os filhos, teve uma diverticulite e não pode mais ajudá-los. Por fim, a secretária da família, responsável pelas tarefas domésticas da casa, deixou o emprego.
A família Cazarré reunida no batizado de Estêvão
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Nos primeiros dias do bebê recém-nascido, o casal Cazarré contou apenas com eles mesmos para dar conta também de Vicente, 12, Inácio, 11, Gaspar, 4, e Maria Madalena, 3.
“Sou uma pessoa bem equilibrada, tenho a cabeça boa, no lugar. Não tenho tendência a me vitimizar, a entristecer. Claro que o cansaço leva a gente a ficar um pouco fora do nosso estado normal. Estou dormindo pouco, de três a quatro horas por noite. São horas quebradas. Acordo para amamentar e às cinco e meia estou de pé com o Juliano para preparar as crianças para a escola, dar o café da manhã e não durmo mais.”
A válvula de escape de Letícia é o esporte. Ela tem prazer em fazer atividade física. Gosta de correr no condomínio onde moram, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio, e está consciente que na atual realidade que vive, com todas as demandas maternas, o exercício é para manter em dia a saúde mental:
“Tenho muita consciência que a fase pede calma e que vou me exercitar o mínimo necessário para manter a saúde mental mesmo. Não é um exercício para me deixar forte, para conseguir correr uma maratona. É para manter o sistema linfático e o circulatório funcionando, tudo para eliminar as toxinas. Minha meta hoje em dia é fazer pelo menos 20 minutos de exercícios diários. Para mim, o exercício é como se fosse a minha terapia. Não vou a psicólogo, não procuro terapeuta, não é uma coisa que fui ensinada a fazer. Sempre consegui resolver os problemas com meus próprios pensamentos, com minhas meditações, tentando ser a mais honesta comigo mesma. Mas o cansaço existe e sei que um dia ele vai passar”, diz.
Maria Guilhermina e Estêvão, filhos de Letícia e Juliano Cazarré
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Gratidão
O otimismo e fé são o lema de Letícia. Desde que nasceu, Guilhermina conta com um uma UTI móvel dentro de casa. Recentemente ela vem sendo submetida a experimentar a posição vertical para ficar em pé e fazer movimentos semelhantes a uma marcha.
A fisioterapeuta coloca na menina uma roupa chamada walking, adaptada para pacientes com dificuldade de locomoção. O objetivo é fazê-la vivenciar a experiência que seria andar:
“Nesse momento a intenção é muito mais para que ela fique na posição vertical para que a gravidade aja sobre o corpo dela, de cima para baixo, ao invés de ser em direção ao tronco. Na posição que ela vive hoje, sempre deitada e inclinada, isso faz com que o desenvolvimento do cérebro dela considere essa posição como normal. A gente precisa que ela fique em pé para viver, para que os sistemas de equilíbrio dentro do cérebro, o sistema motor, percebam que ela também vive na vertical. Nesse momento ela está bem longe de conseguir andar”, explica Letícia.
Maria Guilhermina ‘experimentou andar’ nesta quarta-feira (17)
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Fisioterapias
Guilhermina faz três sessões de fisioterapia diária com profissionais que se revezam entre si. As sessões podem compreender a parte motora ou respiratória. O primeiro ano de vida da criança foi em uma UTI. Ela foi submetida a procedimentos diversos e o uso de determinados medicamentos, usados propositalmente para diminuir sua atividade quando ela estava entubada se recuperando das cirurgias, acabaram limitando o seu desenvolvimento.
“Ela teve lesões em algumas áreas do cérebro e contamos muito com a plasticidade cerebral. Nesses primeiros 2 e 3 anos de vida do bebê, o cérebro tem uma capacidade grande de se regenerar. As áreas que não foram afetadas, acabam assumindo as funções das áreas comprometidas. O cérebro tem essa plasticidade, ele consegue se modificar para conseguir atender a demanda da pessoa. E a gente conta com isso e tenta agir rápido para que ela aproveite ao máximo essa plasticidade cerebral a favor dela para se recuperar das lesões que ela teve, para começara a vivenciar as posições, fazer os movimentos que ela não fazia antes. Com isso a parte neurológica dela começar a ser mais estimulada e ir se adaptando a essas demandas que o corpo dela está dando.”
Novo irmãozinho
As crianças já estão acostumadas com a chegada de um novo irmãozinho e são para Guilhermina o estímulo que ela precisa para se desenvolver melhor a cada dia. Na fase que estão sem ajuda doméstica, Letícia e Juliano põem a turma toda para colaborar nas tarefas.
Colocar a mesa para as refeições e manter os quartos arrumados são algumas das funções que os pais os obrigam a fazer.
“Acho que isso tudo vai desenvolvendo neles virtudes que vão precisar usar lá na frente. A gente fica com a consciência tranquila. Esse tipo de situação vai construindo o caráter deles, para que não se tornem pessoas egoístas, que não queiram ajudar os outros ou que se tornem soberbas. A gente não quer criar indivíduos assim, pelo contrário. Queremos criar pessoas que saibam servir com alegria, que saibam colaborar com a sociedade, com o ambiente de trabalho, que tragam virtudes para ambientes que estão precisando bastante disso”, avalia.
Família Cazarré antes da chegada de Estêvão
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Exercitar a gratidão faz a mamãe Letícia não deixar a peteca cair. Por passar os oito primeiros meses de Guilhermina com ela em uma UTI hospitalar, vivenciando a expectativa de ver a filha correr riscos de vida sem poder pegá-la no colo, tudo muda de figura quando constata que Estêvão pode mamar em seus braços.
“Consigo enxergar a chegada do Estêvão com outros olhos. Mesmo quando estou muito cansada e tenho que acordar de manhã para amamentar, acordo com muito mais gratidão. Penso: ‘Graças a Deus que posso pegar esse bebê no colo e amamentar. Graças a Deus que ele está chorando e estou ouvindo ele chorar porque ela chorava e a gente não escutava por causa do tubo e da traqueostomia. Hoje, quando escuto o chorinho dele, ao mesmo tempo que me sinto cansada, também sinto despertar o sentimento de gratidão. Daria tudo para ouvir a Guilhermina chorar e tenho muita fé que um dia ela vai correr, vai falar e vai chorar. Vai se expressar, mas por enquanto ela não pode. Então eu olho para o Estêvão e só agradeço.”
Letícia Cazarré se dedica aos cuidados com a filhinha caçula e os outros quatro filhos
gshow/Bella Pinheiro

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