28 anos sem Mamonas Assassinas: como hit da banda invadiu estádios pelo Brasil e mantém legado vivo

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Minha Camisa Vermelha, paródia de Pelados em Santos, virou uma das principais músicas da torcida do Inter e emociona Seu Ito, pai de dois integrantes do grupo O dia 2 de março de 1996 está marcado como um baque na história da música brasileira. O acidente aéreo que abreviou a carreira de sucesso dos Mamonas Assassinas completa 28 anos neste sábado. O legado da banda segue vivo na memória e no coração de fãs, familiares e até torcedores Brasil afora. A paródia do hit Pelados em Santos, idealizada nos bares do entorno do Beira-Rio em 2008, ganhou incalculáveis proporções. A composição até hoje emociona Seu Ito, pai de dois integrantes do grupo.
Torcida do Inter canta ‘Camisa Vermelha’ do Mamonas Assassinas
No trajeto Brasília-Guarulhos, o jatinho da banda se chocou contra a Serra da Cantaneira, em São Paulo, momentos antes do pouso. Dinho, vocalista, Bento Hinoto, guitarrista, Sérgio Reoli, baterista, Júlio Rasec, tecladista, e Samuel Reoli, baixista, além do estafe e pilotos, não sobreviveram.
Os Mamonas misturavam rock pesado, heavy metal e referências à cultura popular, com doses generosas de humor. O quinteto gravou apenas um álbum e vendeu 1,8 milhão de discos, com sete meses de estrada. O sucesso extrapolou a cultura pop e se tornou um hino das arquibancadas brasileiras.
Ito Reoli, pai de Sérgio e Samuel Reoli, dos Mamonas Assassinas, canta Camisa Vermelha
A relação do legado dos Mamonas com o futebol se entrelaçou há cerca de 16 anos, nas imediações do antigo Beira-Rio. O bar do Moacir foi onde a história começou. O assovio e o sonho despretensiosos de Macarrão, personagem colorado conhecido entre os frequentadores do espaço, foram o ponto de partida.
Membros da Guarda Popular, principal torcida organizada do Inter, atentos à melodia entoada pelo amigo, pegaram os instrumentos e “viajaram” na batida. Uma ideia, de repente, surgia aleatoriamente.
Mamonas Assassinas – Morte (1996)
Endrigo Giacomin, um dos compositores da banda, levou duas semanas para escrever a letra de Minha Camisa Vermelha, até hoje o cântico mais popular entoado no Gigante. O “estouro’ da música foi em 2009. Tanto Macarrão quanto Endrigo já não participam mais do dia a dia da organizada.
– O Endrigo foi o cara que compôs a música. Mas ela vem antes com a história do Macarrão. Ele era um frequentador da Coreia (espaço popular do antigo Beira-Rio), amigo nosso do começo da Popular, um dos fundadores. O Macarrão era um personagem que ficava ali tipo Tim Maia. Ficava o dia inteiro no Beira-Rio bebendo – contou Claiton Castro Júnior, conhecido como Master, antigo líder da torcida Guarda Popular, ao ge.
Macarrão dizia que o sonho dele era ver a torcida cantando pro Inter: “Você me deixa doidão”
– Um dia ele chegou no bar do Moacir assoviando essa música do Mamonas. A gurizada estava com os instrumentos e começou a viajar na música. Foi aí que começou. Lá no começão. Não fosse o Macarrão ter vindo assoviando a música no Bar do Moacir, não teria sido feita.
Torcida do Inter no Beira-Rio
Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional
Minha Camisa Vermelha (Mamonas Assassinas – Pelados em Santos)
Inter, estaremos contigo
Tu és minha paixão
Não importam o que digam
Sempre levarei comigo:
Minha camisa vermelha
E a cachaça na mão!
O Gigante me espera
Para começar a festa!
Xalaialaiaa
Xalaialaiaa
Xalaialaiaa
Você me deixa doidão!
O sucesso da música foi tamanho que se espalhou por outros estádios no Brasil e exterior. Torcidas do Bahia, Ceará, Cruzeiro, Flamengo, Sport e outros adaptaram a paródia. Os torcedores do Instituto de Córdoba, da Argentina, Braga e Sporting, de Portugal, por exemplo, também têm suas versões.
A ode colorada a Pelados em Santos, dos Mamonas, conta com a admiração de um ilustre são-paulino. Ito Reoli, pai de Sergio e Samuel, baterista e baixista, respectivamente, se sente orgulhoso e homenageado pelo legado dos filhos estar vivo 28 anos após o acidente.
É muito gratificante receber este carinho até hoje. Você saber que as pessoas se alegram pelos meninos é muito bom.
Brasil perdeu a banda que fez muito sucesso nos anos 90: Mamonas Assassinas
Divulgação
O patriarca dos Reoli passou o amor pela música e futebol aos filhos. Os instrumentos sempre o acompanharam. Fosse viola, violão ou sanfona. Chegou a ter uma dupla sertaneja e gravar quatro CDs. Não foi difícil para que Sérgio, o mais velho dos irmãos, se apaixonasse e começasse a se arriscar na música aos nove anos.
Seu Ito também passou o amor pelo São Paulo à dupla. Costumavam ir ao Morumbi juntos. Hoje, aos 84 anos, prefere acompanhar pela televisão. Se o Tricolor Paulista faz o coração bater mais forte, o Inter ganhou um pedaço generoso da admiração.
– A torcida do Inter cantar me deixa muito feliz – completou.
O 2 de março sempre tem seus momentos de lamentação. Ao mesmo tempo, traz memórias e lembranças nostálgicas de uma banda que trouxe alegria para as mais variadas gerações. A paixão do brasileiro pelo futebol manterá vivo o legado dos Mamonas Assassinas.

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