A tênue linha mexida por Artur Jorge diante do maduro Bahia

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Técnico português colocou o zagueiro Barbosa para jogar de centroavante em 2º tempo controlado pelo Botafogo, e viu sua linha defensiva se dissolver É impossível iniciar qualquer texto sobre o triunfo do Bahia por 2×1 diante do Botafogo, no estádio Nilton Santos, sem abordar a inusitada mexida de Artur Jorge aos 36 minutos da 2ª etapa. O técnico português botou o zagueiro Barboza – de maneira muito precoce – de centroavante, e acabou oferecendo espaços na sua linha defensiva. O organizado e rápido Bahia aproveitou!
Ainda não era uma pressão no ”abafa” para justificar a entrada do defensor na função de camisa 9. O Glorioso dominava inteiramente o 2º tempo e nem finalização tinha sofrido depois do intervalo. Pouco antes havia criado uma boa chance para virar, mas se desorganizou. O Bahia foi superior na 1ª etapa e viu o jogo se tornar favorável novamente nos minutos finais.
É claro que se Barboza tivesse feito o gol da vitória em uma cabeçada, após cruzamento na área, a empreitada do comandante alvinegro poderia ser exaltada. Mas o ponto é entender se havia a necessidade deste movimento naquela altura do jogo.
Escalações
Artur Jorge não teve Eduardo, e seguiu sem Tiquinho, Tchê Tchê e Marçal. Jeffinho, Savarino, Luiz Henrique e Junior Santos formaram o quarteto ofensivo. Rogério Ceni repetiu a equipe pelo terceiro jogo consecutivo. Cuesta ficou no banco ao se recuperar de lesão no nariz.
Como Botafogo e Bahia iniciaram o duelo válido pela 5ª rodada do Brasileirão 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
Num duelo entre equipes que tem apresentado um bom nível de futebol neste Brasileirão, as expectativas positivas não foram frustradas na 1ª etapa. Botafogo e Bahia buscaram o protagonismo da partida com a bola nos pés. Mostraram bons movimentos ofensivos, qualidade para circular a pelota, mas pecaram nos metros finais do campo.
O Bahia um pouco menos, por isso levou a vantagem parcial no placar para o vestiário ao marcar nos acréscimos. Por mais que o pênalti convertido por Everaldo, marcado após a bola bater no braço de Hugo, tenha sido um desses detalhes incontroláveis de uma partida, o Tricolor já conseguia terminar melhor os seus ataques. O próprio centroavante obrigou John a fazer um milagre pouco antes.
Chamou a atenção mais uma vez a mobilidade do time. Arias foi o homem mais agudo pela direita. Se colocou entre Jeffinho e Hugo, e os alvinegros demoraram a entender a zona de combate de cada um nos avanços do colombiano. Everton Ribeiro o acionou em diversos momentos. Se aproximou para tabelar. Contou com as chegadas de Caio Alexandre vindo de trás e os recuos de Cauly.
Savarino em Botafogo x Bahia
André Durão / ge
Pela esquerda, as ações demoraram um pouco mais para ganhar contundência. Jean Lucas e Thaciano se alternavam entre gerar amplitude ao time no setor ou trabalhar pela faixa central. Se procuravam, e contavam com os apoios de Luciano Juba somando bons passes por trás da linha da bola. O Botafogo teve problemas para fazer desarmes e interceptações com regularidade.
O Esquadrão viveu o mesmo problema durante os minutos iniciais, mas conseguiu proteger o fundo do campo com mais competência depois disso. Também não foi tão agressivo na abordagem ao homem da bola no setor de meio-campo, mas a compactação entre os integrantes da última linha de defesa inibia os espaços de infiltração buscados pelo alvinegro.
A saída muitas vezes foi arricar chutes de fora da área, e a precisão passou longe de ser a ideal. Artur Jorge sacou Hugo no intervalo e deu chance a Cuiabano. A exemplo do que já havia ocorrido nos minutos iniciais do 1º tempo, o Botafogo pressionou o Bahia e teve um gol anulado por impedimento milimétrico.
Everaldo gol Bahia contra o Botafogo Campeonato Brasileiro
André Durão
Artur Jorge buscou com que sua equipe fortalecesse a ideia de ter os laterais bem abertos no campo de ataque, e acumulasse os quatro homens mais avançados pela faixa central, trabalhando entre a defesa e o meio-campo do Bahia, ou atacando espaços pelo centro da última linha rival. Marlon Freitas os acionava na maioria das vezes. Seja em passes verticais e rasteiros ou inversões para os laterais.
Óscar Romero na vaga de Luiz Henrique foi mais um movimento buscando melhorar a articulação do time. Ceni começou a moldar sua equipe para o que o 2º tempo mostrava. Defendendo mais perto da própria meta, ascrecentou Rezende e Ademir nas vagas de Everton Ribeiro e Everaldo. Fortaleceu a marcação na frente da área e ganhou uma peça afeita aos contragolpes que surgiriam naturalmente.
Na prática isso acabou não funcionando. O Botafogo ganhou mais qualidade no trabalho às costas do meio-campo do Bahia com Romero, e foi dele o passe que achou Savarino na área na origem da jogada do gol de empate. Luciano Juba pecou no posicionamento e ao tentar afastar a bola. Jeffinho aproveitou para marcar após chute torto de Marlon Freitas.
Jeffinho gol Botafogo contra o Bahia Campeonato Brasileiro
André Durão
Rogério tentou devolver a capacidade de retenção de bola ao colocar Carlos de Pena. Biel e Rafael Ratão foram a campo logo na sequência. Caio Alexandre, Cauly e Thaciano acabaram sacados. O 2º tempo, porém, era inteiramente dominado pelo Botafogo, que poderia ter chegado a virada após grande jogada de Junior Santos finalizada por Cuiabano.
O técnico alvinegro fez uma mexida inusitada que mudaria o cenário nos minutos finais. Aos 36′, Barboza entrou no lugar de Damián Suárez e foi atuar como centroavante! Além de condicionar os ataques alvinegros a cruzamentos e bolas alçadas de forma prematura para a área, a substituição acabou desestruturando completamente a linha defensiva.
O Bahia não tinha finalizado antes da mexida na 2ª etapa, e acabou chegando com perigo duas vezes menos de cinco minutos depois. Em uma delas, Rafael Ratão recebeu de Carlos de Pena em profundidade e aproveitou as muitas lacunas oferecidas pelo Glorioso para driblar John e marcar o gol do triunfo tricolor.

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