A última dança: como Kroos renasceu antes de despedida no Real Madrid

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Campeão mundial com a Alemanha, meia de 34 anos retoma protagonismo e busca sexto título de Champions da carreira para encerrar a carreira após a Eurocopa O alemão Toni Kroos, de 34 anos, campeão mundial na Copa de 2014 e dono de outros 31 troféus por Bayern de Munique e Real Madrid, começará neste sábado seu processo de despedida do futebol, vestindo pela última vez a camisa do time espanhol na decisão da Champions League, contra o Borussia Dortmund, em Wembley. Um estádio e uma final à altura da sua vitoriosa carreira.
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Semana passada, ele anunciou que deixará os gramados após a Eurocopa, em julho. Fora da seleção até março deste ano e reserva no Real Madrid no início da temporada, o meio-campista de passes precisos e inteligência tática acima da média recuperou seu espaço tanto no clube quanto na equipe alemã para se despedir como protagonista.
– Sem dúvidas, foi um meia de uma qualidade fantástica, com um rendimento muito alto, sem ausências, muito contínuo. Um dos melhores em controlar o tempo de uma partida, com uma porcentagem de acertos de passes incrível. Ele contribuiu muito ao futebol, não só ao Real Madrid, e acho que segue sendo um dos melhores meias da história do futebol – declarou o técnico da equipe espanhola, Carlo Ancelotti, após a decisão de Kroos.
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Principal destaque do Real nesta temporada, o brasileiro Vinícius Júnior não poupou elogios a Kroos nas redes sociais, no dia em que o alemão revelou o desejo de parar. A associação em campo entre os dois teve seu ápice na temporada no primeiro gol do camisa 7 no empate em 2 a 2 com o Bayern de Munique, no jogo de ida da semifinal da Champions League, com passe milimétrico de Kroos.
“Gênio. Foi a palavra mais próxima que encontrei para te definir, Toni”, escreveu Vini.
– E ainda assim está muito longe do que merece. Hoje é um dia triste para mim e para os madridistas. Mas é um dia terrível para a bola, para o futebol. Saber que logo não te teremos mais. Poderia dar muito mais, muitíssimo mais. Mas te entendo. Obrigado por cada passe, por cada orientação e por permitir aprender tanto nestes anos – definiu o brasileiro.
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Yasser Bakhsh/Getty Images
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Volta à seleção e “revezamento” com Modric
O adeus ao futebol encontra Toni Kroos em um momento especial na carreira. De volta à seleção após três anos ausente, sua presença parece ter reacendido uma equipe abalada em sua confiança por campanhas ruins em todas as competições desde 2018 (duas Copas, uma Euro e três Ligas das Nações). As vitórias nos amistosos sobre França (2 a 0) e Holanda (2 a 1) deram à Alemanha um motivo para sonhar com a volta por cima na Eurocopa em casa.
– Seu retorno nos últimos jogos mostrou como ele é importante. Ele pode ser a chave para a Alemanha neste momento. No futebol, você precisa de jogadores capazes de executar o que foi planejado, e Toni é, sem dúvida, esse tipo de jogador – afirmou Stephan Nopp, que trabalha desde 2011 como analista de desempenho da seleção da Alemanha.
Toni Kroos é uma “máquina tática”, elogia analista de desempenho da seleção alemã
Quem acompanha Toni Kroos no Real Madrid pôde perceber que, mesmo aos 34 anos, o alemão ainda pode fazer a diferença. Nos últimos meses, o camisa 8 vem dividindo com o também veterano Luka Modric, de 38 anos, uma maneira de parcelar seus passos finais no futebol, de modo que cada um possa oferecer o seu melhor enquanto estiver em campo.
E, assim, Kroos voltou a ganhar destaque no momento decisivo da temporada. Mesmo após parecer que caminharia para ser coadjuvante frente à juventude dos seus colegas de meio-campo Valverde, Camavinga e Tchouaméni.
Nos quatro últimos jogos da Champions, contra Manchester City, nas quartas de final, e Bayern de Munique, na semifinal, foi no veterano alemão que o técnico Carlo Ancelotti apostou para começar jogando. Em todos, seguiu o roteiro traçado: ditar o ritmo no meio-campo até a hora do revezamento com Modric, já na metade do segundo tempo. Um luxo que poucos times no mundo podem ter.
Modric e Kroos em ação pelo Real Madrid
David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images
O ex-zagueiro brasileiro Felipe Santana, que jogou no Borussia Dortmund entre 2008 e 2013, foi rival de Kroos nos gramados alemães e sabe que o veterano meia representa um risco ao sonho do Borussia de levantar a Champions neste sábado em Wembley.
– É um jogador extremamente frio, de experiência internacional, calejado. Em todos os melhores momentos do Real Madrid, do Bayern de Munique e da seleção alemã ele esteve presente. O Borussia não tem que focar somente em um jogador, mas também não pode esquecer que existe um alemão lá dentro do Real que conhece a essência alemã, que é o Toni Kroos – afirmou em entrevista o ge.
Três clubes como profissional
Kroos nasceu em Greifswald, pequena cidade no extremo Nordeste da antiga Alemanha Oriental, a 4 de janeiro de 1990, menos de dois meses após a queda do Muro de Berlim, ponto de partida para a reunificação alemã. Deu os primeiros passos no Greifswalder SC e no Hansa Rostock, até chegar à base do Bayern de Munique aos 16 anos.
Defendeu apenas três clubes na carreira profissional. Os primeiros títulos pelo Bayern foram o Alemão e a Copa da Alemanha de 2007/08. Passou duas temporadas no Bayer Leverkusen e voltou a Munique para somar mais seis taças à sua coleção, incluindo uma Champions e um Mundial de Clubes (ambos em 2013), além de outras duas Bundesligas.
No Brasil, viveu o momento sublime de um jogador de futebol, sendo um dos destaques da Alemanha na conquista da Copa do Mundo de 2014. Dos 17 gols que marcou pela seleção (até o momento), dois foram no inesquecível (para alemães e brasileiros) 7 a 1 na semifinal no Mineirão.
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Após a Copa do Mundo, Kroos se transferiu para o Real Madrid, e fez do time espanhol sua casa. Ali se tornou referência de uma geração extremamente vitoriosa. Após dez anos, deixa como legado, além do talento, uma coleção invejável de 21 troféus que orgulha a torcida merengue:
Quatro títulos espanhóis (2016/17, 19/20, 21/22 e 23/24),
Uma Copa do Rei (2022/23),
Quatro Supercopas da Espanha (2017, 2020, 2022 e 2024),
Três Supercopas da Uefa (2014, 2017 e 2022),
Cinco Mundiais de Clubes (2014, 2016, 2017, 2018 e 2022),
E, por enquanto, quatro Champions League (2015/16, 2016/17, 2017/18 e 2021/22).

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