Alemanha volta a pressionar e goleia com o brilho de duas gerações

É natural que fique a expectativa sobre como Hungria e Suíça, os demais adversários do grupo, vão se comportar diante dos alemães. Ou, como os donos da casa vão reagir a rivais que, mais adiante no torneio, consigam ter a bola por mais tempo e levem o jogo para mais perto da área de Neuer. Nada disso aconteceu na abertura da Eurocopa, o que tem grande mérito dos anfitriões. A Alemanha respondeu com enorme tranquilidade ao primeiro teste. E o fez afastando alguns pesadelos que a perseguiam.
Para uma seleção que vem de dois Mundiais desoladores e atuações que deixavam margem para desconfiança nos últimos ciclos, a notícia de que esta Euro é a despedida de Toni Kroos parecia mais motivo para ampliar preocupações. No entanto, à inesgotável capacidade de Kroos, do alto de seus 34 anos, de determinar o ritmo da partida, somaram-se dois jovens que apontam para o futuro: Wirtz e Musiala, ambos de 21 anos, foram um perigo constante nas imediações da área escocesa. Auxiliados, é claro, por um excelente Gundogan, 33, especialmente hábil em espaços curtos.
E por falar nas últimas campanhas desapontadoras, estas tinham uma marca: um time fragilizado ao perder a bola, incapaz de ser eficiente ao pressionar o rival, justamente a grande contribuição da escola alemã ao futebol atual. Pois foi esta pressão que impediu a Escócia, com suas poucas ideias, de sair de trás. A bola era recuperada muito rapidamente pelos alemães. A pressão parece ser uma marca que Nagelsmann vem conseguindo impor à seleção.
A partir daí, o jogo virou um exercício de ataque contra defesa, com outra marca do futebol de seleções atual: absorver ideias que os jogadores executam nos clubes é um ponto de partida para encurtar caminhos. Afinal, seleções não têm o dia-a-dia de treinos. A saída de bola alemã partia do posicionamento de Kroos à esquerda dos zagueiros Tah e Rudiger, mecanismo comum no Real Madrid. A partir daí, Andrich posicionava alguns metros à frente, mas sem tanta participação na construção. A ideia era cumular Gundogan, Wirtz, Musiala e Havertz entre volantes e defensores da Escócia. Isso concentrava atenções e liberava os laterais: Mittlestadt na esquerda e, principalmente, Kimmich na direita. Este último era o principal destinatário das inversões de bola de Kroos.
Alemanha 5 x 1 Escócia | Melhores Momentos | UEFA Euro 2024
No primeiro gol, Musiala prende a atenção de Robertson mais pelo meio do ataque e libera Kimmich. O cruzamento encontra Wirtz para o 1 a 0. No segundo, Kroos atrai a atenção dos volantes em sua direção, enquanto Havertz corre em profundidade. Isso gera espaço entre defesa e meio-campo da Escócia. Mas o que realmente define o lance é o giro de corpo de Gundogan para controlar a bola preparando a sequência da jogada, que termina em gol de Musiala. O jovem jogador do Bayern, aliás, foi brilhante nas conduções de bola, na ocupação dos espaços e no ataque à área em busca do gol.
Sufocada, a Escócia tentou mudar sua forma de defender, de um 5-4-1 para um 5-3-2. Mudou apenas o setor do campo em que cedia espaço. No lance que origina o pênalti do 3 a 0, Wirtz recebe a bola alguns metros atrás e inicia o lance. Quando sai o cruzamento de Kimmich, outra vez livre na direita, a Alemanha tem novamente a área preenchida por quatro jogadores, até que Porteous atinge Gundogan violentamente e acaba expulso.
O jogo estava encerrado. O segundo tempo serviria apenas para os alemães exibirem outras armas, como Fullkrug, um camisa 9 de ofício um tanto discutido, mas que poderá ser um recurso em jogos mais duros.

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