Análise: Flamengo freia evolução e frustra com muitos erros técnicos e placar magro

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Time volta a apresentar falta de criatividade e anda um casinha atrás depois de atuações contundentes contra Corinthians e Bolívar Manaus vestiu-se de vermelho e preto durante os dias que antecederam o duelo entre Amazonas e Flamengo, mas o que se viu na Arena da Amazônia frustrou não apenas os presentes. Rubro-negros de todo o país ficaram com uma pulga atrás da orelha após a magrinha vitória por 1 a 0 sobre o time que leva o nome do estado consigo. “A equipe vem de duas atuações tão convincentes e anda uma casinha para trás dessa forma?”, pergunta o reflexivo torcedor.
É para deixar em alerta e tirar o elenco de uma possível zona de conforto que nem estava tão cômoda assim. O Flamengo acabara de tirar a cabeça para fora de uma crise de resultados, mas voltou a preocupar pela dificuldade de desatar nós e furar retrancas.
Amazonas 0 x 1 Flamengo | Melhores Momentos | 3ª Fase | Copa do Brasil 2024
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Pouca inspiração do cérebro do time reflete no coletivo
Quando o cérebro do time está fora de sintonia diminui-se muito as chances de o time encontrar soluções para furar sistemas defensivos bem estruturados, caso do Amazonas de Adílson Batista. Craque maior do Flamengo de hoje, Arrascaeta fez mais uma partida com pouquíssima inspiração.
Encontrou um belo cruzamento para Ayrton Lucas no primeiro tempo – Marcão fez ótima defesa – e um outro para Pedro, que emendou uma bicicleta, na etapa final. E só. De resto, mostrou uma movimentação abaixo do esperado e forçou pouco os passes mais difíceis.
Apesar de a atuação coletiva do Flamengo ter relação direta com a de Arrascaeta, seria injusto colocar somente nos ombros do craque o modorrento primeiro tempo do time.
Gerson ficou muito preso pela direita e quem se aproximou para dialogar com ele, Arrascaeta e Varela especialmente, não ofereceram muita ajuda. Dali não nasceram grandes combinações.
O lado direito defensivo, aliás, foi muito bem explorado por Matheus Serafim, que puxou contra-ataques e tornou-se perigo constante por aquele setor.
Allan abusou de faltas desnecessárias – foram seis de 11 do Flamengo no primeiro tempo -, Cebolinha não conseguiu encaixar dribles para furar o ferrolho… Enfim, repare que citamos muitos nomes com atuações discretas. O que isso significa? Que sobraram erros técnicos e de tomada de decisões.
Tite em coletiva após Amazonas 0x1 Flamengo
Fred Gomes
De saída, Fabrício Bruno faz jogo sereno
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A primeira etapa permite que elogiemos a tranquilidade apresentada por Fabrício Bruno, atleta em vias de viver sua primeira experiência internacional. Apesar de a negociação com o West Ham, da Inglaterra, ter andado bastante especialmente nessa semana, o zagueiro não sentiu o peso.
Acertou 100% dos 55 passes tentados, cometeu uma falta e, aos 35 minutos de jogo, fez um corte ousado diante de Matheus Serafim numa situação em que a defesa estava completamente exposta. Tomada de decisão de quem está com confiança e feliz pelos holofotes. Léo Ortiz também esteve no nível do companheiro e formou a dupla “erro zero” com Fabrício. Completou com sucesso os 50 passes feitos no jogo.
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Reservas mudam cara do time, e artilheiro do ano resolve
O Flamengo foi para o intervalo com 60% de posse de bola e um placar de 8 a 3 no quesito finalizações. Apesar da suposta superioridade indicada pelos números, a arquibancada foi o termômetro. A torcida rubro-negra, maioria dos 22 mil presentes, ficou bastante desanimada e quase não se manifestava momentos antes de terminar o primeiro tempo.
O Flamengo iniciou a etapa final com mais iniciativa, e a bola sempre passava pelos pés de um jogador que não foi citado porque elogiá-lo é chover no molhado. De la Cruz mais uma vez era o melhor do time, tentando acelerar e decidir o jogo. No fim do primeiro tempo, ao ver que a equipe não furava o “ônibus estacionado por Adílson Batista” na frente do gol do Amazonas, arriscou de muito longe e acertou o travessão.
O problema é que De la Cruz sentiu um trauma no joelho direito. Ele não era – de jeito nenhum – o jogador a ser tirado por Tite. Acabou que justamente o substituto do camisa 18 foi quem botou fogo na partida.
A torcida, ainda sem saber do problema do baixinho uruguaio, começou a xingar Tite. Segundos após a mexida, Luiz Araújo, o substituto, já chegou levando perigo para Marcão. Igor Jesus, que entrou junto com Luiz, se tornaria figura importante mais para a frente.
Luiz entrou com muita movimentação e mostrando o seu poder de fogo. Obrigou Marcão a outras duas grandes defesas, a última delas seria numa linda cabeçada. Ainda deixou Viña, que entraria na reta final do jogo, na cara do gol com um passe de calcanhar. O camisa 7 mostrou mais uma vez que é jogador importante desse elenco e figura capaz de mudar jogos.
Mas e Igor Jesus? Pois sabe a “tal linda cabeçada” de Luiz Araújo. Ela rendeu um escanteio. A cobrança não foi boa, e Jesus, assim como De la Cruz fizera no primeiro tempo, tentou a sorte de muito longe. Sorte grande. A bomba encontrou o joelho esquerdo de Pedro, que desviou a bola propositalmente e chegou a 20 gols em 2024.
Pedro bem no conjunto da obra
Também não falamos de Pedro no primeiro tempo, mas ele foi bem. Começou buscando o jogo fora da área, deu passes de primeira e forçou jogadas mais complexas mesmo em dificuldade. É figura indiscutível do time de Tite não apenas por característica, mas pelo rendimento.
Pedro caminha a passes firmes para conseguir sua temporada mais artilheira na carreira – a melhor foi em 2023, com 35 gols em 61 confrontos. Desde que chegou ao Flamengo, é a primeira vez que o camisa 9 tem o status de titular garantido. A média é muito boa, de 0,76 por partida (20 gols em 26 jogos), e a variedade de repertório faz com que o centroavante durma um sono tranquilo sem pensar no entra e sai de outras temporadas.
Mais uma decisão para voltar a pular casas
Na próxima semana, o Flamengo tem mais uma decisão pela frente e pega o Millonarios na terça-feira, às 21h (de Brasília). Vitória por um gol de diferença garante a vaga nas oitavas de final da Libertadores sem necessidade de calculadora. Porém mais do que uma previsível classificação, o Rubro-Negro precisa esquecer a casinha andada para trás em Manaus e voltar a mirar no topo, tanto em termos de pontuação quanto em performance.
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