Análise: Fluminense dança com fantasmas, mas enterra o passado com bom futebol

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Vitória por 2 a 0 em cima da LDU na Recopa Sul-Americana com dois gols de Arias faz com que clube deixe a história de vez para trás para escrever o próprio futuro A vitória do Fluminense por 2 a 0 em cima da LDU no segundo jogo da Recopa Sul-Americana foi muito mais do que levantar a segunda taça inédita internacional em três meses. O título conquistado na noite da última quinta-feira chegou depois de o clube insistir em uma dança perigosa com os fantasmas do passado, mas isso ficou para trás. Agora, o presente, e o futuro, do Tricolor se mostra único.
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Desde 2008, é impossível alguém ser indiferente a Fluminense x LDU no Maracanã em decisão de competição continental. Um jogo tão importante que até a data escolhida foi especial: 29 de fevereiro.
O roteiro não saiu como os mais otimistas tricolores e analistas imaginavam. Com os campeões sul-americanos desde o início na intenção de segurar o jogo e fazer o relógio correr, os vencedores da Conmebol Libertadores tiveram dificuldade para entrar na fechada defesa equatoriana. A LDU defendia em um compacto 4-1-4-1, enquanto o Flu apostava em pontas abertos, laterais por dentro e um só jogador na função de zagueiro quando construía o ataque. E isso ainda era só o primeiro tempo.
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Apesar de saber fazer as posições em campo, o Fluminense tinha dificuldade para ameaçar o principal rival de fora do Brasil. Com exceção de um chute de Martinelli em cima do goleiro, o time de Fernando Diniz quase não preocupou a LDU. Faltava à equipe a movimentação característica que faz os adversários com frequência relatarem que o tricolor é dos mais difíceis de se marcar. Cano abusou das finalizações de lugares improváveis e quando poderia chutar de primeira – sua especialidade – não o fez. Havia algo de estranho no ar.
Podia até ser a tensão histórica que os 16 anos traziam consigo ao reviver aquela noite de julho de 2008. Quando o árbitro trilou o apito pela última vez no primeiro tempo, Diniz e as mais de 60 mil pessoas presentes no Maracanã sabiam que André iria para a zaga. John Kennedy entrou e os 45 minutos seguintes ainda seriam desafiadores já que tudo voltaria à cabeça de quem estava na arquibancada na noite passada. Não importava se estava naquelas finais seguidas. E a preocupação era latente.
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André Durão
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Antes de irmos para o segundo tempo, é importante destacar a permissividade do árbitro. Ele sinalizou apenas dois minutos de acréscimos depois de uma cera daquelas da equipe equatoriana. Bom, de qualquer forma, o Fluminense precisava jogar bola e isso ainda não tinha acontecido.
A entrada de John Kennedy deu maior volume para o time de Fernando Diniz e a equipe ameaçou o gol defendido por Alexander Domínguez com mais frequência. Por outro lado, abria espaço na defesa para os contra-ataques e quase colocou tudo a perder em um lance, é verdade, mas era o preço que se tinha de pagar para tentar achar brechas em uma defesa que estava cada vez mais fechada.
Como forma de tentar encontrar os espaços na defesa da LDU, Diniz pediu aos comandados que arriscassem mais de fora da área e também que cruzassem a bola para a tentativa de cabeça de um time que não é alto. Mas o número de jogadores colocados dentro da defesa adversária deu certo. Com mais gente, Samuel Xavier viu Arias pedindo a bola na segunda trave. O cruzamento encontrou o colombiano de 1,70m para marcar o terceiro gol dele de cabeça desde que chegou ao Fluminense, em 2021.
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André Durão
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A vibração e o alívio foram na mesma medida. Primeira barreira ultrapassada, faltava a segunda. A partida se encaminhava para a prorrogação e enquanto o Flu substituía seus jogadores com um elenco encorpado e de qualidade, a LDU sentia o peso de jogar apenas a segunda partida no ano. Fisicamente só dava Fluminense, por mais que estivesse com um a menos, já que John Kennedy fora expulso. Eis que veio o pênalti bobo sofrido por Renato Augusto, que estava indo para fora da área.
Pênalti. Contra a LDU. No lado direito. Em frente ao Setor Sul. Cobrador oficial na bola.
Até a noite passada isso dava calafrios nos tricolores. O relógio, que até os 30 minutos da etapa final era totalmente favorável à LDU, naquele momento, pertencia a Jhon Arias. O colombiano tomou todo o tempo do mundo para virar a soma dos placares para o Fluminense. Confiante, bateu forte e alto. No momento que a bola estufou a rede do Maracanã, todos os fantasmas que envolviam Fluminense e os equatorianos foram expurgados. A Libertadores do ano passado já tinha acabado com boa parte deles. Mas uma decisão com a LDU, em casa, deu o molho especial para esta Recopa.
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A justa emoção dos tricolores não tem só a ver com a conquista em si, mas sim com toda a história envolta no embate de quinta-feira. Como Felipe Melo revelou ter dito na preleção:
– Jogamos pela memória de muitos que estavam em 2008 e 2009, e que hoje estavam sendo representados por pai, marido, mulher.
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Divulgação/Conmebol
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É enterrando de vez qualquer trauma do passado que o clube constrói um presente vitorioso e um futuro promissor. Não apenas pelos títulos. Mas por um trabalho de Fernando Diniz que é digno de se ter um espaço especial no recém-inaugurado Museu do Fluminense.
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