Análise: planejamento não garante rendimento, e Flamengo de Tite vive momento de instabilidade

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Técnico chega a três jogos sem vitória pela primeira vez desde que chegou ao clube; Rubro-Negro precisa recalcular rota enquanto inicia mais uma competição nesta semana A discussão sobre a ausência dos titulares do Flamengo no jogo da Libertadores ganhou um novo capítulo após a derrota por 2 a 0 para o Botafogo, neste domingo, pelo Brasileirão. Com rendimento bem abaixo depois do descanso, o Rubro-Negro foi pouquíssimo criativo, deixou evidente o limitado repertório no ataque e Tite vive o (primeiro) momento de instabilidade.
Flamengo x Botafogo – Melhores Momentos
Vale uma consideração: O Flamengo não poupou contra o Bolívar para estar completo contra o Botafogo. O planejamento da comissão técnica em começar a dosar a minutagem de alguns atletas acontece para colher frutos a médio/longo prazo. Mas, ainda assim, diante disso, esperava-se uma atuação melhor de um time descansado. Planejamento não garante rendimento, mas aumenta expectativa.
– Futebol tem exigência muito alta. Não é preservação, porque parece que é algo que você escolhe para fazer, e a gente não escolhe – disse Tite em coletiva.
Cinco atletas nem viajaram para a altitude de La Paz e estiveram em campo na ensolarada manhã de domingo no Rio: Varela, Ayrton Lucas, Pulgar, Arrascaeta e Pedro. Do quinteto, o melhor em campo foi o Pulgar, que deixou o gramado com um trauma no tornozelo esquerdo. Os laterais tiveram atuações protocolares, enquanto Pedro e, sobretudo, Arrascaeta estiveram apagados.
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O uruguaio ficou em campo por 70 minutos até pedir para sair com incômodo no músculo posterior da coxa direita. Ausência na Libertadores, Arrascaeta jogou a partida completa contra o Palmeiras depois de não ter sido utilizado contra o São Paulo.
Tite orienta o Flamengo na parada para hidratação contra o Botafogo
André Durão / ge
Agora vamos falar do jogo. A sensação de domínio no primeiro tempo aconteceu por causa da posse de bola e a recuperação rápida na segunda bola. O Flamengo foi superior até metade da primeira etapa, quando conseguiu se sobressair no meio-campo já que encaixou a marcação e tornou difícil para o Botafogo organizar as jogadas.
O Botafogo até arriscou alguns contra-ataques, mas a defesa estava bem compactada – com destaque para Fabrício Bruno que bloqueou duas finalizações. O domínio e o controle, no entanto, não foram traduzidos em efetividade e o Flamengo foi para o intervalo com oito finalizações. Nenhuma no gol.
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E assim se manteve no segundo tempo. Faltou contundência aos jogadores. Mesmo com aproximação até a área e criando algumas jogadas, o Flamengo continuou pecando nas tomadas de decisão no último terço do campo. A questão física, debaixo dos mais de 30ºC no Rio, também pesou para o Rubro-Negro, que passou a sofrer com a marcação após a saída de Pulgar no intervalo.
Allan tentou ocupar o meio, mas a marcação não encaixou. Enquanto isso, o Botafogo foi ganhando confiança e encontrando os passes para criar as jogadas. O gol é resultado do desencaixe defensivo do Flamengo. Luiz Henrique marcou após uma jogada ensaiada em cobrança de escanteio. O jogador recebeu livre para chutar. Nenhum jogador rubro-negro no rebote.
Tite em Flamengo x Botafogo
André Durão / ge
O Flamengo abusou de bolas aérea, algo que tem sido comum e, principalmente, quando o adversário consegue neutralizar a criação e quando os craques vivem dias pouco inspirados. O clássico reforçou um sintoma das atuações recentes: falta de criatividade, escassez de repertório no último passe e pouca efetividade nas finalizações.
Já são duas semanas que o planejamento ganhou espaço no noticiário rubro-negro. De lá para cá, apenas a vitória contra o São Paulo – jogo que controlou, mas sofreu bastante fim -, empate com Palmeiras sem ter força máxima, o fim da invencibilidade com a derrota para o Bolívar com time muito modificado e, por fim, a derrota no clássico neste domingo.
Se antes a defesa era sólida e a formação titular só foi sofrer gol na estreia da Libertadores, agora, já dá para apontar o calcanhar de aquiles: bolas aéreas. Dos sete gols sofridos com Tite, três foram assim. Os gols de Luiz Fernando (Atlético-GO), Ferreirinha (São Paulo) e Chico (Bolívar). Neste domingo não foi de bola área, mas sim de uma bola parada: Luiz Henrique (Botafogo) marcou na cobrança de um cobrança de escanteio.
Flamengo de Tite sofre quatro dos sete gols no ano em jogadas de bola aérea ou parada
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É em meio a sequência de um empate e duas derrotas – a pior desde que chegou – que Tite vive o primeiro momento de instabilidade no clube. Antes mesmo da bola rolar no Maracanã, quando o telão anunciava a escalação, o treinador foi alvo de críticas. A situação continuou com a derrota, e a comissão técnica chegou a ouvir algumas vaias no fim do jogo.
Tite já afirmou que em alguns momentos é necessário dar um passo atrás para simplificar e reencontrar o caminho das vitórias. O problema é que o calendário exige que a rota seja recalculada rapidamente e, na quarta-feira, o Flamengo inicia mais uma competição. No Maracanã, o Rubro-Negro enfrenta o Amazonas, pela Copa do Brasil.
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