Bayern de Munique estreita laços com o Brasil para ser “o time europeu” dos torcedores no país

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Gerente de negócios do clube alemão para as Américas torce por sucesso na Champions para alavancar o interesse pela equipe no país: “A vitória traz os holofotes para a gente” A relação do Bayern de Munique com o Brasil foi construída nas últimas décadas pelos pés de craques como Jorginho, Paulo Sérgio, Giovane Elber, Lúcio, Zé Roberto e Rafinha. Hoje, não há mais brasileiros no elenco bávaro, mas o clube alemão trabalha fora de campo para manter os laços com o pais.
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Em um mundo cada vez mais conectado, o Bayern se faz presente através das redes sociais, do marketing esportivo e de outras ativações comerciais. Uma tarefa que é comandada, de Bogotá, pelo colombiano Andrés Vargas, um dos responsáveis pelo gerenciamento da marca Bayern de Munique nas Américas.
– O Brasil é um país que sempre teve muitos craques no Bayern, e também por isso é tão importante estar próximo desse mercado. A gente sabe que a indústria esportiva no Brasil está crescendo muito rapidamente, e queremos estar presentes, porque há um potencial muito grande de torcedores que se interessam pelo Bayern – afirmou Vargas em entrevista ao ge, por videoconferência.
Andrés Vargas, colombiano que trabalha na equipe de marketing do Bayern de Munique em Nova York
Divulgação/FC Bayern Munich LLC
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Advogado de formação e com pós-graduação em Negócios do Esporte, Vargas integra uma equipe que defende as cores do gigante bávaro de um modo diferente: o clube tem um escritório em Nova York, Estados Unidos, para cuidar da internacionalização da marca Bayern de Munique. Mesmo de longe, não foi difícil perceber o potencial do mercado brasileiro.
– O Brasil é o mercado onde temos os melhores números de seguidores nas Américas. Uma pesquisa que encomendamos mostrou que 60 milhões de brasileiros conhecem o Bayern e 54 milhões se interessem pelo clube. Desse volume, 22 milhões diziam gostar do Bayern, seis milhões o veem como um time favorito nas competições que disputa e dois milhões têm o Bayern como o seu time favorito na Europa – destacou Vargas, de 33 anos, que se divide entre Bogotá, onde mora, e o escritório americano, para onde viaja pelo menos cinco vezes ao ano.
– Se a gente cruza esses números com nossas redes sociais, temos três milhões de seguidores do Brasil no Instagram, podemos ver um segmento interessante para crescer. Três milhões é um número alto, e o Brasil é o país que mais segue o Bayern fora da Alemanha, mas a análise que a gente faz é de que há muito espaço para crescer, e converter muitos desses 22 milhões que gostam do clube – completou.
Mas a aproximação não se dá apenas nas redes sociais. O clube alemão realiza ações sociais e eventos esportivos no país, muitas vezes com a presença de ex-jogadores brasileiros. Ativações em dias de jogos importantes também estão na agenda da equipe de marketing do Bayern.
– Fazemos muitas ativações com a Bundesliga, fazemos Watch Parties (reunião de torcedores para ver jogos do time) com as lendas do Bayern e estamos procurando maneiras de fazer mais e mais, porque queremos dizer ao mercado que somos relevantes – disse Vargas.
Evento de lançamento de uniforme do Bayern de Munique em São Paulo
Divulgação/ FC Bayern Munich LCC
Bayern quer estar “mais perto dos brasileiros”
Torcedor do Atlético Nacional de Medellín, Vargas conhece de perto a paixão sul-americana pelo futebol. Por isso, o advogado de 33 anos sabe que a meta do Bayern não é “substituir” as equipes brasileiras no coração da torcida.
– Não queremos rivalizar com um clube local e a seleção brasileira, a gente conhece o mercado e entende que as pessoas não vão preferir o Bayern ao Flamengo, por exemplo, isso não é realista. Mas queremos ser o time europeu que as pessoas vejam que está mais perto dos brasileiros – contou Vargas, ciente de que seus concorrentes nessa disputa fora dos gramados são os mesmos que duelam com o time alemão dentro de campo na Champions League.
– Temos dois desafios grandes, que é a barreira natural da língua e as diferenças culturais entre a América Latina e a Alemanha. Clubes como Real Madrid, Barcelona, os times da Premier League, eles não têm que fazer tanto para conquistar os fãs brasileiros. Para nós, é mais difícil. Queremos mostrar que o Bayern tem valores relevantes, é um clube famoso por ter um projeto financeiramente estável e confiável – acrescentou.
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Bayern não tem brasileiro desde 2021
Mesmo quem trabalha com números, dados, projeções mercadológicas e engajamento em redes sociais sabe que não existe melhor “garoto propaganda” que o desempenho do time em campo. Por isso, Vargas lamenta que o Bayern não tenha um brasileiro desde as saídas de Philippe Coutinho, em 2020, e Douglas Costa, em 2021, dois jogadores que tiveram passagens curtas e sem brilho pelo clube.
– A gente ficou muito feliz quando o Bayern contratou o Coutinho. Houve mais engajamento, quando ele foi anunciado os números foram muito bons. Mas, infelizmente ele ficou um tempo machucado, e também foi só um período de empréstimo.
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Só resta ao gerente de negócios torcer pela chegada de um novo brasileiro. Mas só torcer, já que a equipe de marketing não tem qualquer influência nas decisões esportivas tomadas em Munique.
– O futebol é separado do marketing, a gente não pode sugerir a contratação de um jogador. A gente faz muitos esforços para crescer a marca, mas o esportivo é o esportivo. A estrutura do clube é muito forte e vencedora, eles priorizam o desenvolvimento do time, não a chegada de um craque de nome – afirmou.
Bayern de Munique x Real Madrid gol Kane
Kai Pfaffenbach/Reuters
Título traz “holofote” para o clube, diz Vargas
Mesmo sem brasileiro no elenco, os resultados do Bayern encontram repercussão no Brasil. Segundo Vargas, os jogos do clube pela Bundesliga são vistos por cerca de 150 mil pessoas no país, número que dobra para 300 mil em partidas da Champions League.
Apesar de não ter conquistado o Campeonato Alemão, após 11 títulos seguidos, o Bayern segue vivo na busca pelo heptacampeonato europeu – nesta quarta-feira, o time bávaro enfrenta o Real Madrid no Santiago Bernabéu, no jogo de volta da semifinal, após empate em 2 a 2 em Munique – o ge acompanha a partida às 16h (horário de Brasília).
Para Vargas, um novo título na Champions é tudo que uma equipe de marketing pode sonhar para fazer seu trabalho.
– Vencer é muito importante, é um grande facilitador. Da última vez que a gente ganhou a Champions (2020), estávamos em pandemia. Agora, seria ótimo. Ainda mais com a Copa do Mundo de Clubes (de 2025) chegando. Um título é um facilitador para muitas coisas, as pessoas se interessam pelas histórias, e vencer o Real Madrid seria uma história grande. A vitória ajuda a trazer mais ideias, mais recursos e traz os holofotes para a gente.

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