Burocrático ao extremo, Flamengo é punido com um a mais na Colômbia

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Rubro-negro nitidamente sofreu com os efeitos da altitude, mas foi pouco agressivo ao jogar em superioridade numérica por 35 minutos Se alguém pensou em minimizar os efeitos altitude de 2.600m de Bogotá, certamente viu que ela precisa sim levada em conta. O empate por 1×1 e o desempenho do Flamengo contra o Millonarios se explicam em parte por isso, mas também pela postura excessivamente cautelosa que a equipe brasileira teve após estar vencendo.
Dos 15′ aos 50′ do 2º tempo o Millonarios teve um jogador a menos, mas foi pouquíssimo incomodado em seu sistema defensivo por um rubro-negro que parecia satisfeito com a magra vitória construída até então. O ímpeto colombiano acabou premiado diante da passividade e do cansaço brasileiro.
Escalações
Um mês depois, Alberto Gamero pôde contar com o centroavante Leonardo Castro. Escalou o camisa 23 em dupla no ataque com Giordana, algo que não costuma fazer. Cataño e David Silva foram os meias. Os zagueiro Llinás e Arias foram desfalques. Moreno Paz e Vargas formaram o setor.
Já Tite não teve De la Cruz. Igor Jesus entrou no no meio-campo. Fez outras três mexidas por opção. Ayrton Lucas, Léo Pereira e Luiz Araújo iniciaram no banco. Viña, David Luiz e Bruno Henrique receberam oportunidade como titulares.
Como Millonarios e Flamengo iniciaram o jogo válido pela 1ª rodada do Grupo E da Libertadores 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
A diferença de ritmo empregada pelas equipes ficou nítida já no 1º tempo no El Campín. Principalmente depois dos 20 minutos, período em que o Flamengo passou a sofrer muito mais para inibir os ataques do Millonarios e não criou nenhum lance de perigo. Antes disso, dentro da proposta adotada, conseguia competir e até ter um pouco de superioridade.
Viña teve uma grande chance logo aos quatro minutos. Desperdiçou diante do goleiro Montero uma linda assistência de Bruno Henrique. O atacante brasileiro e o goleiro colombiano ainda se encontrariam na sequência, em mais uma boa jogada de ataque do Flamengo. A proposta era ter a bola e construir sem pressa, de pé em pé, administrando o ritmo da partida.
Enquanto conseguiu, viu Pulgar encontrar Pedro e Arrascaeta nas costas do meio-campo do Millonarios, e Everton e Bruno Henrique serem agudos perto da área. O problema foi manter o padrão. Fisicamente a equipe sentiu o tipo de jogo buscado pelos donos da casa e a altitude. O Millonarios teve ao menos quatro chegadas muito perigosas na segunda metade do 1º tempo.
A estratégia inicial era o passe longo para os atacantes disputarem a ”primeira bola” pelo alto com David Luiz e Fabricio Bruno. A zaga rubro-negra respondeu bem. Mas faltava compactação no meio para ganhar as ”segundas bolas”. Elas ficavam com os anfitriões, que a partir daí usavam a largura do campo com David Silva e Cataño.
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REUTERS/Luisa Gonzalez
O jovem Jhoan Hernández passava bastante pela esquerda, aproveitava as flutuações do experiente David Silva. Após tabelas ou triangulações, a proposta era ganhar a linha de fundo para cruzar a Castro ou Giordana. O rubro-negro não conseguia ter intensidade na marcação. Pressionava pouco a bola pelos lados. Apenas ocupava o centro da área e a meia-lua. Logicamente sofreria.
A equipe da casa foi ganhando moral e cada vez mais diminuindo a distância de posse de bola para os cariocas. Já trocavam passes com frequência dentro do campo contrário. E o Flamengo sem forças para desarmar e puxar contragolpes. Tite inverteu os lados de Bruno Henrique e Everton, mas eles certamente já sentiam o desgaste físico. Viña perdia os duelos para Cataño pela esquerda.
O volume colombiano resultou em 11 finalizações nos 47 minutos da 1ª etapa. Igor Jesus e Pulgar, além de não conseguirem controlar as bolas em disputa na intermediária defensiva do Flamengo, demoravam a se soltar no campo rival, criando uma distância maior que a aconselhável para Pedro e Arrascaeta.
Allan foi a cartada de Tite no intervalo. Igor Jesus foi sacado. Cebolinha voltou ao lado esquerdo e Bruno Henrique ao direito. O time voltou a ter a situação sob controle. Allan deu mobilidade na saída de bola e ofertou mais linhas de passe aos zagueiros. O jogo retomou um ritmo menos veloz e, portanto, interessante ao Flamengo. Até Viña, que era quem sofria mais até então, subiu de produção.
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REUTERS/Luisa Gonzalez
Chegando da maneira que planejava desde o início, o rubro-negro abriu o placar em mais um pênalti convertido por Pedro, aproveitando ótima jogada de Erick Pulgar e Arrascaeta. O uruguaio foi mais uma vez o diferencial da equipe. Mesmo nos momentos de pressão, ele mostrou soluções interessantes.
Além do pênalti e do gol, uma grande notícia àquela altura do jogo foi a expulsão do volante Vásquez, que cometeu a infração em Arrascaeta. Tite sacou Pedro e colocou Luiz Araújo. Bruno Henrique passou a ser o homem mais adiantado pelo centro do ataque.
O jogo estava controlado, mas o Flamengo não tinha agressividade. Não procurava aproveitar a superioridade numérica em campo para ”matar”. Gamero enfim mexeu em sua equipe. Acrescentou velocidade e jovialidade, sangue novo com ex-Santos Daniel Ruiz e o rápido Emerson Rodriguez. Não demoraria para o rubro-negro ser punido.
Pulgar foi ”bagunçado” por Rodriguez e o cruzamento encontrou Ruiz em um contragolpe cedido de forma totalmente desnecessária. Estava acabada a sequência sem levar gols. A tentativa pouco intensa de pressionar nos últimos minutos não gerou ocasiões claras, confirmando o resultado decepcionante mediante o contexto que a partida ganhou.

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