Capitã do Fluminense, Lara Nobre se recupera de cirurgia e ainda sonha com seleção

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Jogadora do Tricolor, que tem atuado na Superliga após oito meses de afastamento, se machucou em treino pela seleção brasileira, em junho de 2023: “Fui do céu ao inferno” Uma fase espetacular pelo Fluminense. Uma merecida – e aguardada – convocação para a seleção brasileira. Com a experiência e a maturidade de seus 34 anos, Lara Nobre estava nas nuvens. Mas, como afirma, em entrevista ao ge, foi rapidamente “do céu ao inferno”. A central rompeu o ligamento cruzado e o menisco do joelho esquerdo – o que interrompeu seu sonho com a amarelinha. E mais: precisou ser submetida à uma cirurgia, que a deixou afastada das quadras por oito meses. Pela primeira vez na carreira, enfrentou o drama de uma lesão grave.
– Somente quem viveu uma situação assim sabe como é. Foi muito difícil falar sobre esse período. Agora é um pouco mais fácil – conta Lara, uma hora antes do início do treino do Flu, na Hebraica, nas Laranjeiras, bairro da Zona Sul do Rio.
Com a ajuda de Lara, o Fluminense tenta empatar série das quartas de final da Superliga feminina contra o Minas, nesta sexta-feira no Ginásio do Hebraica, às 21h, com transmissão ao vivo do sportv2. Se perder, o Tricolor se despede da competição.
Lara Nobre é peça fundamental na equipe
Mailson Santana/FFC
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Lara estava no Japão com a seleção brasileira quando, em uma tentativa de bloqueio, se machucou. Evidentemente, não há momento oportuno para sofrer uma lesão. No entanto, ser cortada no ápice, depois de batalhar durante anos por uma chance que veio após um hiato de quatro anos, tornou a queda mais dolorosa. A central tentava entender o porquê, buscava uma explicação.
– Meu objetivo sempre será alcançar a seleção. Na temporada passada eu estava muito focada nisso, fazendo um grande ano. Fiquei muito feliz com a convocação, foi gratificante chegar lá pelo reconhecimento. E acabei me machucando. Na hora é pura frustração, a ficha nem cai. Eu quis virar a chave logo depois que soube da cirurgia. Óbvio que tive momentos muito tristes, frustrada, fazendo mil perguntas: “Por que está acontecendo isso comigo?”. Passam mil coisas na cabeça, você não sabe como o corpo vai reagir. Eu não queria sofrer durante nove meses, por isso quis virar essa chave. A vida de atleta é assim – explica a jogadora, frisando que teve o suporte do clube e da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) durante o tratamento.
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Lara Nobre operou em junho do ano passado
reprodução/Instagram
Lara realizou a cirurgia em São Paulo, cidade onde nasceu e vive sua família. Ficou por lá durante quatro meses fazendo fisioterapia diariamente. Longe da correria das viagens e dos treinos, focou na faculdade online de Nutrição.
– Você começa do zero, aprende a dobrar a perna, coloca gelo. A cirurgia é ruim, mas a recuperação não é monótona, porque cada dia é uma vitória, você consegue fazer uma coisinha a mais. Sobrou tempo para fazer de tudo, fiz mais matérias de Nutrição. Tem hora que você vai andar e sente dor: “Será que vou ficar assim sempre?”. Você fica preocupada. É um dia de cada vez. Só vivendo para saber.
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A capitã também contou com o apoio de quem está acostumado ao ambiente esportivo, o ex-goleiro Diego Cavalieri, com quem namora desde 2017.
– Ele me ajudou muito por ter sido atleta, sabia como lidar, viveu isso, teve lesões sérias. A gente fica emotiva nesse período, e é importante alguém com esse lado racional. Ele dizia: “Faz a sua parte, que vai dar certo”. Dava exemplo dele e de outros jogadores. De atleta para atleta é diferente. Não é só dar carinho, é importante ser racional também nessas horas.
Diego Cavalieri, namorado de Lara, a ajudou na recuperação
reprodução/Instagram
A lesão também a ensinou o significado de persistência. E que, subitamente, tudo pode mudar. Ficou uma lição.
– Eu me vejo como uma outra atleta. A gente aprende muito, evolui diariamente. É preciso paciência, porque as coisas não acontecem do dia pra noite. Você está no auge e, do nada, uma coisa ruim acontece. Ter os pés no chão, não se deslumbrar. Nesse período de quase nove meses eu tentei evoluir mentalmente, um tema que é bem falado hoje em dia. Seja bom ou ruim, a gente tem que aprender, cada um tem um destino.
Lara Nobre e o fisioterapeuta Gabriel Alves (à direita)
Lucas Merçom/divulgação
A volta por cima
Depois de oito meses de reabilitação, Lara Nobre, sob os cuidados do fisioterapeuta Gabriel Alves e do preparador físico Rafael Jesus, voltou a ser relacionada para um jogo oficial. A data jamais será esquecida: 16 de fevereiro. Dia de Fla-Flu, no Ginásio do Maracanãzinho. A central entrou na reta final e anotou um ponto quase instantaneamente.
– Pisar na quadra, ainda mais no Maracanzinho, o templo do vôlei, foi emocionante. Eu estava tão doida para voltar… nem sei explicar, fiquei emocionada naquele jogo. Uma coisa é treinar, outra coisa é entrar e ajudar o time. Ainda mais em um Fla-Flu, o jogo que mais amo. Na reabilitação eu falei que voltaria em um Fla-Flu e que ganharia um (troféu) Viva Vôlei. Sempre gostei desse clássico – destacou Lara, que exaltou o carinho dos fãs, responsáveis por centenas de mensagens motivacionais ao longo do tratamento.
Lara Nobre espera continuar no clube na próxima temporada
Mailson Santana/FFC
Aos poucos, Lara Nobre vai retomando a titularidade. Está feliz por vivenciar novamente a rotina de treinos e de ter voltado no prazo estimado. A excelência demanda tempo. É uma readaptação. Ela confessa que se incomoda por estar aquém do seu potencial, no entanto, sabe de sua importância para o time. Nesta sexta-feira (29), pelas quartas de final da Superliga, no segundo jogo contra o Minas, desta vez, no Rio de Janeiro, ela estará em ação.
– Por incrível que pareça, a pior fase é agora. Estou muito feliz de estar de volta, apta, mas vejo que não estou jogando como antes. Cada dia evoluo um pouquinho, mas a minha “bad” bateu depois, porque você não volta jogando como antes. Não é fácil. Tem dia que está triste, em outro está empolgada. Existe um medo, porque a gente fica pensando… O jeito que eu me machuquei, bloqueando, às vezes, vem na minha cabeça. Falta ritmo mesmo. As meninas estão no fim da temporada, meio que no auge, e eu estou voltando, como se estivesse na pré-temporada. Eu queria poder ajudar bem mais, mas estou orgulhosa do meu processo. Ainda não sou a Lara pré-lesão, mas jogo após jogo, chegarei lá – declarou a central, que espera renovar seu contrato com o Fluminense para a próxima temporada.
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Seleção brasileira no radar
A lacuna da seleção brasileira ainda existe. Lara ficou fora da primeira etapa da Liga das Nações depois de ser cortada. Aos 35 anos, ainda sonha com a amarelinha.
– Eu fui para a Seleção, depois fiquei quatro anos sem ir, só falando que ia voltar. E, quando aconteceu, me lesionei. Quero voltar, jogar uma competição, é meu objetivo e acredito que posso conquistar. Confesso que ainda fico bem frustrada, porque, se eu tivesse feito uma boa temporada na seleção, teria chance de ser convocada de novo. Preciso ganhar ritmo, evoluir, ganhar ritmo e mostrar que é meu objetivo, reconquistá-lo. Independentemente de estar voltando de lesão ou não, a seleção será sempre meu objetivo – finalizou.
Lara Nobre foi cortada da seleção em junho
reprodução/Instagram

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