CEO do Figueirense faz balanço da gestão: “40% do orçamento é para pagar dívidas”

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Enrico Ambrogini promove coletiva para falar da saúde financeira e investimentos do clube Cumprindo a agenda transparente da gestão, Enrico Ambrogini, CEO do Figueirense SAF, promoveu uma coletiva para dar o balanço dos 100 primeiro dias no clube. O pagamento de dívidas das gerencias anteriores foi o ponto principal do evento, mas, também, foram abordados os investimentos futuros e contratações.
— Nesses primeiros 90 dias já foram mais de R$ 1,1 milhões de dívidas paga da SAF, não da Associação Figueirense. Essa dívida corresponde a, mais ou menos, 40% do que eu tinha de orçamento. Quando me abordam na arquibancada e pedem para eu liberar mais dinheiro, o compromisso do dinheiro está aqui [no pagamento das dívidas]. Se a gente vai ser criticado ou não por causa de contratação, o que eu garanto é que vamos ter poder de investimento futuro e não vai ter nada que vai atrasar o clube conforme a gente for pagando esse legado.
Enrico Ambrogini, CEO do Figueirense SAF
Patrick Floriani/FFC
Confira os principais trechos do boletim
Pagamentos
Além de pagar dívida, tinha mais de R$ 2,3 milhões em impostos atrasados e conseguimos esse parcelamento em mais de 60 vezes. O montante, sem juros, daria mais de R$ 50 mil por mês, bem relevante para o momento que estamos.
Uma das principais problemáticas aqui é dívida a curto prazo, que atrasa o clube porque estrangula, não consigo investir no futebol, fazer mudança estrutural. Foi super importante eu conseguir renegociar esse R$ 1,5 milhão para ser pago ainda em 2024. Vai ter pressão, mas não tem o desespero de pagar no mês que vem, como era quando a gente chegou.
Temos que deixar claro a distinção de Figueirense Associação, algo que contraiu muita dívida, algo em torno de R$ 170 milhões, e a SAF foram dois anos de operação deficitária, também tem bastante dívida, cerca de R$ 25 a 28 milhões. É bem complicado porque nos tiram nosso poder de crédito. Não é ruim ter dívida. Contando os aportes, nós vamos ter R$ 14 milhões de receita esse ano. Se pega R$ 28 milhões, não deveria assustar tanto, mas é o problema de como essa dívida está estruturada. Não consigo investir no CT porque a SAF tá contaminada com a dívida. Preciso de própria geração de caixa, para ir quitando essas dívidas, para ir ganhando poder de crédito. Essa é a grande sacada do clube hoje e tá me comprometendo 40-45% do orçamento. Vai ser assim esse ano. Quando a gente conseguir converter a última perna da Clave, vai nos dar um fôlego. Acaba me tirando investimento de futebol. Não tem um prazo para quitar as dívidas.
Investimentos
Uma parte importante foram as melhorias do bar. O novo contrato com o operador previa mudanças estruturais e investimento para melhorar a relação com o torcedor. Ainda temos problemas, mas faz parte da gestão para ir melhorando. Hoje o bar já lucra 50% mais do que era no passado. Para comparar, a receita total do bar nesses seis primeiros jogos foi igual a receita total do bar no ano passado inteiro. O torcedor tá entendendo que estamos melhorando nessa parte também.
O ônibus é num esquema de aluguel, mas é nosso, vai ficar aqui por 40 meses e plotado. A opção 3 é a que ganhou, a expectativa é ter o ônibus novo em 25, 30 dias, queremos para a estreia na Série C.
Sócios escolhem nova plotagem do ônibus do Figueirense. Opção 3 teve 53% dos votos
Divulgação/FFC
Sócios
Passamos de 4.509 sócios para 7.633. Apesar do nosso desempenho esportivo não ter sido dos melhores nas quartas de final, na verdade foi horroroso, a gente não teve queda no número de sócios e isso mostra o voto de confiança. O torcedor entendeu que ele é o responsável para fazer esses investimentos, a vinda do Camilo, por exemplo, é graças ao aumento do número de sócios. Tem muito da nossa credibilidade da nova gestão, mas temos que bater muita palma ao torcedor porque ele é espetacular.
Ações para o torcedor
Abrir os portões sempre duas horas antes do jogo está sendo uma briga para isso acontecer. A gente pede isonomia de tratamento e não existe por enquanto. O torcedor cada vez mais tá entendendo a necessidade de viver o clube.
Um ponto importante é a precificação dos ingressos, hoje tem a política A, para jogos com muita demanda, B e C, para jogos de menor demanda. Foi prometido no começo e entregue.
O que tem para vir é um projeto camarote, criar um espaço premium para o torcedor, e diminuir a fila dos bares, fazer como as grandes arenas fazem.
O chopp em dobro foi um grande sucesso. Ele rendia R$ 6 mil por jogo e, só na estreia, foi R$ 36 mil. Melhorar a experiência com um preço mais acessível.
Essa primeira semana foi de aceitar o golpe, faz parte. E agora a gente começa. Precisamos de novas ativações para trazer o torcedor aqui pra dentro. Temos algumas coisas programadas, tem o jogo de despedida de Wilson e Fernandes, que estamos acertando o melhor momento. Queremos cada vez mais trazer o torcedor pra perto, nos dar o voto de confiança.
Departamento de futebol e transferências
É um projeto de reestruturação, mas nossa garantia é que a base está sendo bem feita. O problema é que temos que fazer a parte de baixo, já tendo que terminar a parte de cima, porque não podemos parar de jogar futebol. E o Marco Aurélio Cunha está sendo muito importante e também estamos enxergando isso com a presença do Wilson. Apesar da gente pedir para ele ficar um pouco mais por ser uma peça importante de vestiário, ele falou que pode ajudar também de outra forma, estando na gestão. Muito contente com essa parte deles.
Com as contas equilibradas, lembrando que o pagamento de dívidas é responsável em 40-45% do orçamento, toda a receita extra conseguimos direcionar para o futebol. Fico até envergonhado em bater nessa tecla depois do Catarinense, mas se a gente conseguir a marca de 10 mil sócios vamos conseguir mais investimento no futebol.
Não prometemos estrela, o melhor time do Catarinense, mas prometemos entrega e fizemos isso. A eliminação, da forma que foi, esconde o campeonato que fizemos. Cumprimos o papel de mostrar um time competitivo e ter uma comissão técnica qualificada.
Dentro do que a gente tinha disponível, eu fiquei bem contente [com o desempenho no Catarinense]. Aconteceu e o papel dos gestores é identificar erros e corrigí-los. Que bom que foi agora porque eu pedir uma chance de disputar a Copa do Brasil, mas ainda temos a chance na Copa Santa Catarina. Que bom que cometi erros agora e não na Série C, se a gente classificar e chegar na hora de jogar os últimos seis jogos, eu não posso jogar de salto alto, não pode ter nervosismo. Trazer gente mais experiente talvez seja um ponto, que é o que estamos fazendo. A gente corrige para que não aconteça no nosso grande momento, a Série C.
É o cobertor curto. Temos que escolher onde vamos apostar, fazer de um jeito que tenha menos lado negativo. A idade é importante. Quanto menos, mais barato pode ser o jogador por conta da não experiência dele. Um dos reflexos pode ser momentos de maior pressão. Mas tem jogador de 30 anos que sofrem também. É trabalhar a cabeça dessas pessoas no dia a dia para não sofrer no “agora ou nunca”.
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