Como a compra de André Silva pelo São Paulo pode fazer clube do ABC paulista reabrir as portas

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Atacante surgiu no CA Diadema, que depois mudou de nome e de cidade, mas tem direito a cerca de R$ 1,5 milhão por ser formador e ter mantido percentual dos direitos econômicos Provável titular do São Paulo nesta segunda-feira, às 20h, diante do Fluminense, pelo Brasileirão, por causa da lesão de Calleri, o atacante André Silva vive um bom início de trajetória no Morumbis.
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Com dois gols e boas atuações desde que chegou ao Tricolor, comprado do Vitória de Guimarães, de Portugal, por cerca de 3,5 milhões de euros (R$ 19,4 milhões), o atacante arrancou alguns sorrisos de torcedores tricolores. Mas não apenas deles…
Da periferia pro mundo: A origem do atacante André Silva
Em Ribeirão Pires, município da região metropolitana de São Paulo e que também integra o Grande ABC, empresários celebra o dinheiro que chegará ao CAD Ribeirão Pires pela transferência entre os clubes. Mesmo sem André nunca sequer ter chutado uma bola nos campos da cidade.
André Silva com a camisa do Diadema
Arquivo pessoal/Paulo de Tarso
A história é um pouco complexa, mas o resumo é: dos 13 aos 19 anos, André Silva foi atleta do Clube Atlético Diadema. No fim de 2017, a Prefeitura da cidade rompeu a parceria de sete anos com o time e, após dois anos de licença na Federação Paulista de Futebol, a equipe “sem-teto” acertou com a Prefeitura de Ribeirão Pires, em 2019. Nascia ali o Clube Atlético Desportivo Ribeirão Pires.
Projeto de reformas do Estádio Municipal Vereador Valentino Redivo, em Ribeirão Pires
Arquivo pessoal
Uma mudança celebrada e que exigia investimentos durante o ano de 2019, para a adequação de campos de treinamento e do próprio Estádio Municipal Vereador Valentino Redivo, mas que foi rapidamente brecada pela pandemia de Covid, em março de 2020.
André Silva reza durante checagem do VAR no primeiro gol do São Paulo contra o Cobresal
Desde então, o clube não voltou:
– Veio a pandemia e não jogamos. Queríamos voltar em 2023, mas o estádio estava deteriorado. O clube existe, está filiado à FPF e queremos voltar em 2025 com o sub-15, sub-17 e sub-20. A FPF já fez vistoria no estádio, fizemos reunião com a Secretaria de Esportes, com o prefeito e queremos iniciar as obras necessárias – explicou ao ge Leônidas Barbosa, diretor geral do clube.
– O São Paulo vai pagar o valor da compra do André Silva até 2027, então cada parcela paga ao Vitória de Guimarães vai respingar algo para a gente. Teremos esse dinheiro para reinvestir no clube.
Embora tenha mudado de nome e de cidade, foi mantido o CNPJ. Primeiro, para não ser necessário o pagamento de uma nova taxa total de filiação na FPF (R$ 800 mil). Segundo, para não perder direito aos valores das negociações de atletas como André e Pedro Rocha, hoje no Fortaleza.
Primeiro gol de André Silva pelo São Paulo, contra o Cobresal
Marcos Ribolli
Quanto vai pingar?
Leônidas não revela valores, mas demonstra animação com o recurso. Por conta dos seis anos da formação do André na base, o CAD Ribeirão Pires terá também direito a valores relativos ao Mecanismo de Solidariedade da Fifa.
Um advogado que representa o clube já solicitou à CBF o passaporte esportivo dele, que serve como prova para a indenização. Se provar a filiação dos 13 aos 19, o clube terá direito a 2,75% do valor total do negócio (aproximadamente R$ 530 mil).
Gol do São Paulo! André Silva marca contra o Cobresal
Mas, para além disso, o clube manteve também uma parte do percentual econômico do jogador nas últimas negociações, pensando exatamente no lucro (cerca de R$ 970 mil, levando em consideração a porcentagem dita pelo dirigente).
– Primeiro emprestamos o André Silva ao Rio Ave, em Portugal, mas eles não fizeram a opção de compra. Ele foi cedido ao Arouca e hoje nossa parceria é com eles. Na ida ao Vitória de Guimarães, eles ficaram com 80% e o Arouca com 20%, sendo que nós tínhamos 25% desta fatia do Arouca. O São Paulo paga ao Vitória, que repassa ao Arouca, que nos repassa a nossa parte – explicou.
O São Paulo hoje conta com 80% dos direitos do jogador, que assinou até o fim de 2027. O restante do percentual segue dividido proporcionalmente entre Diadema, Arouca e Vitória de Guimarães.
André Silva com taça que ganhou no Diadema
Arquivo pessoal
Do extremo sul ao ABC paulista
André nasceu em 3 de junho de 1997 em Taboão da Serra, mas viveu a infância inteira no bairro Parque Fernanda, no extremo Sul da cidade de São Paulo, próximo à região do Capão Redondo.
Destaque numa escolinha, foi levado por Genílson, seu professor, para integrar o time do CA Diadema, onde ele passaria a ser treinador. Aprovado na peneira, começou sua história no ABC paulista.
Com boas atuações desde cedo, passou a ser chamado para as categorias maiores. Ainda com 13 anos, era titular do time sub-15. Em 2011, aos 14, foi campeão do Torneio Brasil-Japão no clube Nippon, em Arujá, em vitória por 3 a 1 contra o Corinthians de Malcom e Guilherme Arana.
O destaque com gol fez com que ele e outros fossem até o programa do ex-meia Neto, na TV Bandeirantes, dar entrevista acompanhado do técnico Ataliba, ídolo dos anos 80 do rival Corinthians.
Ataliba foi técnico de André Silva no Diadema
Arquivo pessoal/Paulo de Tarso
Como o time ficou sem campeonatos em 2017 e 2018, o atacante defendeu o São Bernardo por um ano antes de ser negociado com o futebol português.
– Ficamos de licença na FPF e fizemos a gestão da base do São Bernardo em 2017 e 2019. André jogou o Paulistão Sub-20 e a Copa Paulista pelo São Bernardo no primeiro ano da parceira. Depois, foi emprestado ao Rio Ave, de Portugal, e foi ao Arouca para jogar a Terceira Divisão. Lá, o time subiu para a Primeira, ele foi artilheiro, e o Vitória o comprou em julho de 2022 – contou Leônidas.
Embora seja visto como uma pepita de ouro que pode salvar um clube que já estava em vias de acabar, André não é a única esperança de fonte de recurso do CA Diadema.
– A gente revelou o Pedro Rocha. Em 2017, quando o Grêmio vendeu ele para a Rússia (Spartak), tivermos de brigar para receber nossa parte, até penhoramos o CT deles. Revelamos o Luiz Júnior, goleiro que está no Famalicão e é destaque toda rodada. Pegamos esse menino com 16 anos no Piauí e ele é um menino que tem expectativa de jogar numa seleção portuguesa – listou Leônidas.
E assim, o time, agora em Ribeirão Pires, tenta se reconstruir.
André Silva, hoje no São Paulo, num dia de jogo do Diadema
Arquivo pessoal
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