Crise por todos os lados: Corinthians ferve com apenas cinco meses da gestão Augusto

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Presidente assumiu em janeiro e encara momento de maior pressão com saída de Carlos Miguel, fim da parceria com a VaideBet e debandada de diretores Erros e falsas promessas marcam atual gestão do Corinthians
A gestão Augusto Melo vive o momento de maior pressão nestes primeiros cinco meses de Corinthians. A atual diretoria enfrenta cenário de crise geral, com saídas de jogadores importantes sem grandes compensações, fim da parceria vendida como grande trunfo do início do ano, perda de poder político e campanha preocupante no Brasileirão.
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A semana se inicia com o Corinthians sem um patrocinador máster com a rescisão da VaideBet. O clube ainda está perto de perder o segundo goleiro titular em menos de um mês e tenta se reestruturar com desfalques na diretoria de futebol, jurídica, marketing e financeira.
Todo este cenário se reflete dentro de campo, invariavelmente.
A comissão técnica se encarrega de tentar blindar o elenco e recuperar o Corinthians dentro do Campeonato Brasileiro. Afinal, em sete rodadas, o Timão venceu apenas uma partida, somou só cinco pontos e atualmente ocupa a 17ª posição, dentro da zona de rebaixamento.
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Augusto Melo tem momento de maior pressão pela frente
Marcos Ribolli
De festa a caso de polícia
Ainda nos dias finais de dezembro, em Peruíbe, litoral de São Paulo, Augusto Melo comunicava Rubens Gomes, o Rubão, sobre a conquista a ser anunciada nos primeiros dias de gestão: o Corinthians, naquele momento, fechava o maior patrocínio da história do futebol nacional.
Até então sem figurar entre as principais casas de apostas do país, a VaideBet assinou contrato com o Corinthians em 4 de janeiro para pagar até R$ 370 milhões pelos próximos três anos e estampar a marca no uniforme alvinegro. Era uma vitória comemorada pela gestão.
Todavia, cinco meses depois, a VaideBet rompeu unilateralmente o contrato e deixou de figurar na camisa corintiana. O “dia D” ocorreu na última sexta-feira, consequência de um desgaste de semanas em que a empresa de apostas viu a celebração anterior se tornar um caso de polícia.
Desde a revelação de uma suposta empresa “laranja” (Neoway Soluções Integradas) via intermediário do contrato (Rede Social Media Design), em publicação do “Blog do Juca Kfouri”, a empresa de apostas cobrou respostas do Corinthians, mas não as recebeu.
Emilio Botta atualiza dia do Corinthians sobre VaideBet, bastidores e Carlos Miguel
No último dia 27, a VaideBet enviou uma notificação extrajudicial para o clube e deu dez dias para receber respostas. Augusto Melo permaneceu a maior parte deste período em viagem na Europa, retornando somente na data final para contestar os questionamentos da patrocinadora (quinta-feira, 06 de junho).
Era tarde demais. Na manhã de sexta-feira (07), a VaideBet rescindiu unilateralmente sob alegação de não cumprimento de uma cláusula anticorrupção, já que o caso da suposta “laranja” saiu da discussão do clube para um inquérito na Polícia Civil.
O clube agora tenta juntar os cacos com a saída do maior patrocínio e buscar novas alternativas. Desde a sexta-feira, horas depois da saída da VaideBet, o Corinthians recebeu o contato de “algumas” empresas e começou a se direcionar para a busca de um parceiro a partir desta segunda-feira, segundo fonte da diretoria.
Augusto Melo e Sérgio Moura em apresentação da VaideBet no Corinthians
Jozzu/Agência Corinthians
Nada, por enquanto, que compense o fim da parceria com a VaideBet até o momento, talvez o acontecimento mais pesado da gestão nestes cinco meses.
Não há avanços sobre uma nova empresa que estampará a marca na parte mais nobre do uniforme alvinegro, e internamente o Corinthians corre para rapidamente estancar o ferimento.
Elenco enfraquecido preocupa
Carlos Miguel deve deixar o clube nos próximos dias
Rodrigo Coca/Agência Corinthians
No espaço de pouco mais de um mês, o Corinthians perdeu dois líderes fundamentais e deve se despedir nos próximos dias justamente de quem assumiu a faixa de capitão na partida do fim de semana passado contra o Botafogo.
Cássio e Paulinho, enxergando “fim de ciclo”, deixaram o Timão em meio a um mês de maio vitorioso em campo. O ex-camisa 12, aos 37 anos, se transferiu para o Cruzeiro seis meses antes do fim do contrato, enquanto o volante, aos 35 de idade, ainda definirá o futuro.
Ambos, contudo, se apresentavam como alternativa de elenco para António Oliveira. A perda mais significativa para este momento de renovação deve ocorrer nos próximos dias: a ida de Carlos Miguel para o Nottingham Forest, da Inglaterra.
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O goleiro de 25 anos assumiu a posição de titular deixada por Cássio e a faixa de capitão com a saída dos dois e a lesão de Fagner, que deve ficar pelo menos um mês fora de ação.
O desempenho de Carlos Miguel desde a promoção definitiva ao gol titular respaldava a saída de Cássio sem a cobrança de qualquer compensação financeira. No gol, a comissão técnica mirava para o futuro; agora, encara certo abalo.
Veja lances de Carlos Miguel pelo Corinthians no Brasileirão
A saída de Carlos Miguel e o noticiário negativo, especialmente da última sexta-feira, preocupam a comissão técnica de António Oliveira, que busca se blindar e transmitir a mesma proteção aos jogadores antes do importante compromisso de terça-feira contra o Atlético-GO, pela oitava rodada do Brasileirão.
Ainda há a esperança interna de que Carlos Miguel possa jogar em Goiânia, mas há ciência de que o camisa 22 sequer pode viajar para se despedir em campo. Tudo dependerá da negociação até segunda-feira, com o pagamento da multa rescisória de 4 milhões de euros (R$ 23 mi).
Tais saídas aumentam a necessidade da chegada de reforços, algo trabalhado pela diretoria diante de um limite financeiro pela dívida na casa dos R$ 2 bilhões.
O poder de investimento, neste momento, fica ainda menor com a saída do principal parceiro, a VaideBet. O cenário negativo pela crise geral no clube também assusta nomes potencialmente selecionados para reforçar o clube.
Comissão técnica e elenco, neste momento, buscam ignorar o cenário externo e buscar a retomada do bom momento em campo vivido há pouco tempo.
Perda de poder político
Rubão é o primeiro rompimento significativo da gestão Augusto Melo
Rodrigo Coca / Ag.Corinthians
Augusto Melo começou a gestão como o rosto do grupo responsável por tirar a Renovação & Transparência do poder do Corinthians após 16 anos. O frescor da nova direção, marcada por uma “frente ampla” nas eleições, renovava o dia a dia do Corinthians.
Porém, esta caminhada coletiva durou pouco, menos de um ano.
Primeiro foi Rubão. Então diretor de futebol, cargo estatutário mais nobre, Rubens Gomes questionou Augusto Melo sobre a presença de um intermediário no contrato com a VaideBet, sendo que a conversa em Peruíbe sugeria uma parceria sem uma empresa terceira como responsável pela união das partes.
Esta situação iniciou um desgaste que terminou com a destituição do dirigente do cargo, vago desde o início do mês passado.
Depois veio Sérgio Moura. Chefe do marketing do Corinthians e levado ao clube também pelo trabalho durante a campanha vitoriosa de Augusto Melo, Moura viu-se envolvido nas denúncias sobre o intermediário do patrocínio da VaideBet e se afastou do dia a dia presencial no Parque São Jorge.
Sérgio Moura e Augusto Melo durante jogo do Corinthians na Neo Química Arena
Reprodução/Instagram
Na sequência, Yun-Ki Lee e Fernando Perino saíram da diretoria jurídica ao terem ignorados alguns pedidos direcionados a Augusto Melo, em meio às denúncias ocorridas nas últimas semanas.
O principal deles foi a manutenção na gestão do diretor administrativo Marcelo Mariano. Marcelinho, como é conhecido, também tem o nome envolvido em toda a polêmica do intermediário da VaideBet, com as denúncias sobre um suposto “laranja” no negócio.
Bancar Marcelo Mariano diante do pedido de Lee, recomendado também por aliados, gerou pressão sobre Augusto Melo. A situação tornou proporções ainda maiores na sexta-feira, dia do caos na atual administração do Corinthians.
Se o clube já estava sem diretor de futebol, marketing e jurídico, agora o cenário é de ausência no campo financeiro e na diretoria adjunta de futebol com as saídas de Rozallah Santoro e Fernando Alba, respectivamente. A chapa da dupla (82) também desembarcou do governo.
Somente Armando Mendonça, segundo vice e membro da 82, permaneceu na cúpula corintiana e com o objetivo de atuar na “fiscalização dos atos de gestão”. O advogado foi eleito junto a Augusto no ano passado, e não nomeado como Rozallah e Fernando Alba.
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Este cenário enfraquece politicamente Augusto Melo, porém qualquer conversa sobre um possível impeachment neste momento é embrionária, com conversas sobre o assunto naturalmente pautadas entre oposicionistas.
A pressão interna e os possíveis escândalos fora, como no caso do intermediário da VaideBet, deixam o presidente exposto.
Apoiadores acreditam que Augusto Melo deva se pronunciar, mas até agora o presidente optou pelo silencio.
Na última sexta-feira, em saída de evento na Prefeitura que renovou por 40 anos a concessão da Avenida Condessa de Robiano ao clube, o dirigente evitou responder questionamentos da imprensa.
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