Currículo vitorioso e herança involuntária: Luis Zubeldía é uma escolha promissora do São Paulo

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Técnico argentino de 43 anos foi apresentado nesta segunda-feira. O novo técnico do São Paulo traz consigo uma herança involuntária. Luis Zubeldía não tem parentesco, mas ostenta o mesmo sobrenome que Osvaldo Zubeldía, histórico treinador tricampeão da Libertadores com o Estudiantes de La Plata entre 1968 e 1970. Como se o sobrenome fosse sina e bendição, assim como Osvaldo, Luis faz questão de montar seus times com solidez defensiva e saídas rápidas, como legítimo herdeiro da histórica escola do time de La Plata (ainda que sem fazer da violência um método, como acontecia com os pincharratas).
Não apenas o sobrenome é histórico: Luis Zubeldía estreou na casamata do Lanús com 27 anos, em 2008, tornando-se o técnico mais jovem a comandar um time na primeira divisão argentina. Ao chegar no Morumbi, dez clubes já carregava no extenso currículo. Desses, sem dúvida, o trabalho mais vitorioso aconteceu recentemente, com a Liga de Quito, com os títulos do Equador e da Sul-Americana (para os são-paulinos, é um velho conhecido, pois foi algoz do tricolor na competição sul-americana, tanto com o Lanús, em 2021, quanto no ano passado, com a LDU).
A investida do São Paulo no treinador nascido na província argentina de La Pampa provoca compreensível esperança, pois o clube paulista apontou e trouxe um dos técnicos mais promissores da América do Sul. Qualquer receio em relação ao nome escolhido, no entanto, remete às tentativas recentes, pois o Tricolor se caracteriza por investir em técnico em ascensão, mas algumas vezes sem critério aparente no que se refere a conceitos futebolísticos. Como para se comprovar essa espécie de karma vivido por um clube que historicamente contou com técnicos longevos, quando Dorival Júnior enfim parecia ter fixado residência na casamata tricolor, a CBF interveio e desalojou o inquilino vencedor.
O trabalho de Thiago Carpini andava sem evoluir, mas a rapidez com que se optou pela sua saída mostra que a convicção não foi uma marca no processo que levou à sua contratação. E a maior prova disso foi condicionar a sua permanência a um bom resultado fora de casa contra o Flamengo, em tese simplesmente um dos jogos mais difíceis da temporada. Luis Zubeldía chega precisando não apenas trocar o pneu com o carro andando, mas também conferir  o radiador e fazer geometria e balanceamento. Enfim, buscar certo equilíbrio para um time que está desajustado, o que requer um tempo que simplesmente inexiste na sempre frenética ampulheta do Morumbi.
O que provavelmente teremos desde o início, ao menos é o que indica a forma como o técnico argentino compreende o futebol, é uma equipe altamente competitiva. E isso, nas atuais circunstâncias, já seria digno de entusiasmo.
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