De vigia de carro a querido por Ronaldo: Luvannor revive carreira e detalha vida na Arábia; assista

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Aos 33 anos, atacante piauiense detalha sonho realizado de trabalhar com Fenômeno e detalha carreira. Atleta, que quase desiste do futebol, hoje, se diz realizado: “Posso dizer que venci” Durante seu período no futebol, o atacante Luvannor, de 33 anos, vivenciou diversas fases na vida. O piauiense de Campo Maior viu sua carreira crescer fora do país, mas foi no Brasil que ele conseguiu conquistar uma das suas maiores glórias esportivas: trabalhar com Ronaldo Fenômeno. Luva foi uma das peças responsáveis por auxiliar o Cruzeiro, do eterno R9, na campanha de retorno à Série A do Brasileiro.
Ao ge, o jogador detalhou sua história dentro do futebol e o caminho até chegar ao Cabuloso. Assista abaixo.
De vigia de carro a querido por Ronaldo: Luvannor revive carreira e detalha vida na Arábia
Passagem de Luvannor pelo Cruzeiro e vivência com Ronaldo
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De férias no Brasil, Luva recebeu uma proposta para acertar com o Cruzeiro. O jogador, que estava no exterior, veio passar um tempo com a família e acabou acertado com o Cabuloso para temporada de 2022.
Luvannor no Cruzeiro, campeão da Série B do Brasileiro
Arquivo pessoal
– Eu estava no Brasil. Rescindi com um clube e fui para lá, de férias. Tinha quase quatro anos que não ia. Eu preferi não viajar, pandemia, nascimento do meu filho. Aproveitei esse meio termo. Fui para o Brasil e não levei nada. Chuteira, nada. Fui com a roupa e com a roupa que eu ia deixar para meus irmãos. Eu ia voltar sem a mala. Ia ficar 15 dias – afirmou o atacante Luvannor.
Luvannor no Cruzeiro
Arquivo pessoal
– Eu passei o dia na praia. Meu empresário falou: “Assim que chegar, me manda mensagem. Preciso falar contigo urgente”. Acho que ele não resistiu e mandou a proposta. Quando eu abri, eu vi só o azulzinho (escudo do Cruzeiro). E eu falei: “O quê? Não é possível, não”. Sentei no sofá, meu pai olhou para mim. Ficaram preocupados pensando que alguma coisa tinha acontecido. Eles falam que eu fiquei branco. Mandaram um negócio aqui. Tem certeza? Não é possível. Projeto do homem, do Ronaldo. Ele conta com você lá – citou o jogador.
Carisma, gols e muita irreverência, as marcas de Luvannor no Cruzeiro
Ainda sobre a proposta, ele completou.
– Isso é sacanagem. Não acreditei, não. Falei: “Beleza”. Eu falei que tinha que me organizar porque em cinco dias eu tinha que voltar para Dubai. Calma que eu tenho que organizar. Tenho que voltar. A alma saiu do corpo. Conversei com minha esposa, falei com meu pai. Não teve nem assim: “Ah, vou pensar”. Não. O pensamento era como fazer para a família voltar sem mim. Eu tinha decidido. Eu não tinha vontade de voltar no Brasil, mas se fosse voltar, seria em um clube grande. Não imaginava que ia ser no Cruzeiro.
Luvannor com Ronaldo e família, após título no Cruzeiro
Arquivo pessoal
Luvannor se declarou ao Cruzeiro. Na passagem pelo clube mineiro foram 31 jogos e sete gols marcados.
“Cruzeiro é imenso. Jogar no Cruzeiro com Mineirão lotado, 50, 60 mil, fazendo gol. Eu vivi um sonho. Sou grato por tudo. Poderia ter continuado mais um ano, mas mesmo assim, sou grato por tudo. Só gratidão. Sentimento de carinho e gratidão por esse clube que aprendi a amar”
A relação com Ronaldo sempre foi muito marcante para Luvannor, que citou o carinho que ele tem pelo ex-atacante, agora, proprietário da SAF do Cruzeiro.
– Eu sonhava em tirar uma foto (com Ronaldo) e terminei sendo funcionário dele, jogador dele. Foram várias fotos. Toda vez que ele ia era foto, foto. O tempo todo. Um cara muito carismático, humilde, dá atenção para todo mundo. O que ele ganhou não foi por acaso. Ele é merecedor de tudo que tem. Com certeza vai conseguir mais com o Cruzeiro. Cabuloso vai voltar a ganhar os troféus – destacou Luva.
– No jogo do acesso, contra o Vasco, eu marquei gol. Estava aquele alvoroço, todo mundo se abraça, voltamos à Série A. Ele vem: “Poxa, parabéns. Você merece demais. Obrigado”. Só o Ronaldo chamar você pelo nome, poxa, agradecer. Está maluco. Tinha que estar gravado. Ele pegou meu filho, eu tirei a foto. Estava com óculos. Eu vivi um sonho mesmo. Não tem palavras. O carinho que eu tenho com o torcedor. Não chego nem perto de ídolos, mas o carinho que a torcida tem, eu tento retribuir da melhor forma possível – finalizou o atacante sobre R9.
Ronaldo e Luvannor
Arquivo pessoal
Luvannor classificou não somente Ronaldo Fenômeno, mas também Ronaldinho Gaúcho como suas referências. O atacante detalhou sobre a oportunidade de encontrar com craques do futebol em Dubai, nos Emirados Árabes.
– Eu chamava ele de patrão. Poxa, falar de Ronaldo, Ronaldinho. São referências da minha geração. Eu jogava e queria fazer o que o Ronaldo e Ronaldinho faziam. São jogadores que eu faria qualquer coisa para tirar uma foto com eles. Tive a oportunidade de conhecer o Ronaldinho. Conviver com ele. Sempre falava. “Eu tenho que achar o Ronaldo em algum lugar”. Esses jogadores sempre vão em Dubai. Sempre estão passeando.
Luvannor e Ronaldinho Gaúcho
Arquivo pessoal
Agora no Albukiryah, equipe que disputa a Segunda Divisão da Arábia Saudita, o atacante mira permanecer próximo da família e busca conquistar novos objetivos longe do Brasil.
– Minha residência hoje é em Dubai. Por morar tanto tempo, eu escolhi essa cidade que é muito boa para qualidade de vida. Segurança, educação. Dar um estilo de vida bom para família. É uma cosia que eu priorizo. Tive propostas para voltar ao Brasil, mas preferi ficar perto da minha família. Meus filhos estão acomodados, adaptados. Tive a oportunidade de vir para o Albukiryah. O projeto do clube é permanecer e fazer um investimento melhor para subir para Pro League. Quando eu cheguei, nós conseguimos três vitórias seguidas. Saímos da zona de rebaixamento – citou o jogador do Albukiryah.
Luvannor em campo pelo Albukiryah, na Arábia Saudita
Arquivo pessoal
Veja outros pontos da entrevista com Luvannor
Experiência na lateral esquerda
– Eu jogava como meia, mas terminou que eu jogando pela lateral esquerda tive muito mais força, boa técnica, velocidade. A beirada era onde o treinador via meu potencial para usufruir do meu potencial, era pela beirada. Eu fazia bem. Terminei virando um lateral, de vez em quando um ala. Até chegar como um ponta, no Sheriff.
Luvannor
Divulgação/FC Sheriff
Convite para ir à Moldávia
– Fiquei no Morrinhos uns dois ou três meses. Sem contratos, só promessas. De presente para empresário. Eu tomei a decisão de ir para casa. Eu tinha algumas boas relações em Brasília mesmo. E tive o convite de ir para o CFZ, jogar o Campeonato Candango. Eu ia desistindo. Estava em um final de semana em casa, meu empresário me informou “Luvannor, vão fazer um jogo treino contra o Gama e vai vir um pessoal aí para ver tu e mais dois jogadores”. Eu falei: “Vamos ver aí. Se eu não estiver fazendo nada, eu vou”. Chegou no sábado, ele me disse: “E aí? Vai vir?. Eu falei: “Vou”.
– Fui lá, fiz um bom jogo de meia esquerda. Chegou um agende e falou: “E aí? Você vai para um clube da Rússia? Mas lá estão precisando de um lateral-esquerdo”. Eu falei que ia até de goleiro. Me dá uma luva que eu ia agarrar. Qualquer posição, eu vou. Só tenho que sair daqui. Estou em busca de uma oportunidade. Preciso jogar. O problema de eu não ficar nos clubes é que me pediam dinheiro sem eu jogar. Deixa eu jogar primeiro para depois vocês fazem de vocês. Aí eu fui para o Sheriff, na Moldávia. Só que no Brasil, lateral é versátil. Lá, eu peguei um treinador russo com disciplina forte. Para ele, lateral era um quarto zagueiro. E eu, no começo, ia lá, concluir jogada pela direita e ele louco comigo “volta, volta”.
Luvannor, seleção da Moldávia
Arquivo pessoal
Primeiro jogo como profissional?
– O primeiro jogo foi lá na Bósnia. Lotado. Em Brasília, eu joguei o Candango. Dá 50 gatos pingados. Lá tinha 25 mil torcedores, no leste europeu. Os caras são muito fanáticos por futebol. Saindo do hotel, a torcida dos caras fizeram barulho, batendo no ônibus, era fogo. Eu suava frio. Entrei em campo para aquecer, eu não escutava o parceiro perto do outro. Foi bem marcante para mim. Eu falo até estreia como profissional de verdade. Me senti como jogador de verdade. Dali para frente foi só alegria.
Experiência na pré-Champions League
– O treinador colocou o time titular, me chamou no comecinho do segundo tempo e perguntou se eu jogava de extremo, se eu queria. Eu quase cheguei para ele e disse: “Professor, eu nunca joguei de lateral-esquerdo”. Eu falei que jogava. Entrei faltando 20 minutos, assim, cara. Poxa, fui super bem, empolgado. Consegui dar dois passes para gol, fiz ótima performance. Próximo jogo, quando nos reapresentamos, ele me colocou no time titular. Não entendi nada.
Luvannor no Sheriff
Arquivo pessoal
Moldávia ou Rússia?
– O meu empresário apresentou um clube na Rússia, cidade Moldávia. Quando eu fui chegar no local, eu vim descobrir que a Moldávia era um país. Eu estava longe da Rússia. Era totalmente diferente. O empresário estava com conversa torta. Na época, não tinha GPS, Internet. Eu falava para todo mundo que eu estava na Rússia. E eu vou saber onde é a Moldávia? Longe para caramba. Moldávia? Ninguém conhece. É um país perto da Ucrânia, Romênia. Eu cheguei lá. Entra um lance de geopolítica. Na Moldávia, o idioma é o romeno. Por conta da União Soviética, muitos falam russo.
Luvannor no Sheriff
Arquivo pessoal
“Caio Júnior foi um pai para mim”
– Eu cheguei com uma pressão que tinha que mostrar mais que eu tinha mostrado. Para mim, o professor Caio Júnior, durante dois anos, se tornou um pai para mim. Foi uma pessoa próxima, muito importante para o meu bom desempenho. Onde eu evoluí bastante com ele. Aprendi muito com ele. Foi uma pessoa que foi importante no começo. Em um jogo, ele chegou, me abraçou e disse: “Você tem potencial para ser um dos melhores jogadores desse campeonato. Eu acredito em você. Você vai fazer dois gols que vão garantir nossa vitória”. Eu fiquei motivado para caramba.
Adaptação física e título da Copa do Nordeste com Ceará
– Eu fiquei sem treinar. Não tinha esse tempo para treinar. 20 dias. Cheguei no Ceará, a torcida falava: “Esse aí está morto. Esse aí não consegue correr”. Eles tinham razão. Cheguei mal fisicamente. Não tinha a mesma condição que eu tive no Cruzeiro. As críticas do torcedor, eu aceitava. Eu trabalhava para conseguir a condição física. Quando chegou no mata-mata (na Copa do Nordeste), eu estava me sentindo bem melhor. Joguei a final, fomos campeões. Tivemos um momento eufórico. Aquele clima hostil que a torcida do Sport preparou. Aquilo ali é raiz demais.
Luvannor no Ceará, campeão da Copa do Nordeste
Arquivo pessoal
O que diria para o Luvannor do passado?
– Perseverança. Perseverar. Nos momentos mais difíceis, nunca larguei, desisti. A minha fé me levou onde eu queria chegar. Essa é a verdade. Hoje, eu sou uma pessoa realizada. Ajudei minha família, meus parentes, irmãos, parentes da família da minha esposa. As pessoas que eu mais amo vivem em boas condições graças àquilo que eu conquistei no futebol. A minha perseverança, fé, formou o que eu sou hoje. Um vencedor da bola. Posso dizer tranquilamente que, se for para terminar de jogar bola hoje, eu digo que venci. Só que vou continuar vencendo. Estou novo, bem de saúde. Enquanto eu tiver saúde, vou continuar trabalhando e buscando mais conquistas.
Luvannor em campo pelo Albukiryah, na Arábia Saudita
Arquivo pessoal

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