Diretor brasileiro do Al-Nassr valoriza Cristiano Ronaldo na Liga Saudita: “Benzema não fez 50 gols”

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Responsável por conduzir investimento no futebol do clube saudita, Marcelo Salazar elogia futebol local, mas prevê menos reforços na próxima janela: “Duas ou três grandes contratações” O Campeonato Saudita se aproxima do fim, com Cristiano Ronaldo na artilharia, tendo marcado 33 gols em 29 jogos até aqui. O atacante foi convocado e se prepara para representar Portugal na Eurocopa. Em entrevista ao ge, o brasileiro Marcelo Salazar, diretor de futebol do Al-Nassr, valorizou o momento do craque português e o nível do campeonato local.
— Aos 39 anos, ele (CR7) fez 54 gols no ano passado. O pessoal fala “Ah, foi na Liga Saudita”, mas o Benzema esteve aqui e não fez 50 gols. Outros atacantes estiveram aqui e não fizeram 50 gols. Eu, sinceramente, não creio que jogar a liga saudita prejudica um jogador a nível de chegar na seleção — disse o dirigente brasileiro.
Diretor brasileiro do Al-Nassr valoriza Cristiano Ronaldo na Liga Saudita
Além do nível técnico, Marcelo Salazar destaca o profissionalismo e a mentalidade que CR7 entrega à equipe. Um ano depois da janela de transferências que chocou o mundo, com a chegada de astros como Neymar, Benzema, Mané, Kanté, Firmino e outros, o dirigente brasileiro não crê em nova debandada europeia para a Arábia Saudita.
— Quem veio no ano passado veio com contrato de três anos. No nosso clube, todos têm contrato até 2026. Nos outros clubes que foram os responsáveis pelas grandes contratações também. Eu acredito que teremos duas ou três grandes contratações nesse verão, mas não vai ser como o ano passado. E também existe a possibilidade de outros clubes receberem investimento. E esses clubes, sim, irem no mercado atrás de mais nomes.
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Marcelo Salazar ao lado de Vini Jr, Cristiano Ronaldo, Éder Militão e Rodrygo
Reprodução
O processo para contratar CR7
A primeira grande estrela, que abriu caminho para todas as outras irem jogar na Arábia Saudita, foi Cristiano Ronaldo. Em janeiro de 2023 o astro português assinou com o Al-Nassr, numa transferência que teve a participação de Marcelo Salazar. Questionado sobre a ideia de contratar Cristiano Ronaldo “em baixa” no Manchester United, o dirigente fez questão de dar seu ponto.
— Só vou fazer uma pontuação aqui, que o período “em baixa” no United… Agora a gente vê o Cristiano e vê onde está o United… Não era bem ele que estava em baixa, só para deixar isso bem claro — salientou Marcelo Salazar, antes de completar.
— A gente, sabendo dessa insatisfação dele (no United), teve aberta uma janela de oportunidade que talvez não se abrisse nunca mais. Então foi United, Copa do Mundo e nesse período foi identificado pelo clube essa oportunidade, esse sonho. E depois vimos que era possível, que existia uma certa receptividade dele em relação a isso. A coisa foi caminhando e terminou acontecendo.
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Do futsal na Europa à direção do Al-Nassr
Após se formar em Educação Física, aos 23 anos, Marcelo Salazar iniciou sua carreira como jogador de futsal, no Sport Recife. Com a equipe de sua cidade natal, foi disputar um torneio na Bélgica e saiu campeão. O desempenho o rendeu um convite para jogar no futebol europeu.
— O campeão belga contrata o nosso treinador, que era o Ricardo Menezes, e ele me leva junto. Eu vou para a Bélgica em 2001 e desde então estou fora do Brasil. Em 2004, eu me naturalizo através da minha mãe, já que os pais dela são portugueses. Já havia uma conversa com o treinador da seleção de Portugal para me levar, caso eu conseguisse a naturalização. Fui imediatamente convocado.
Marcelo Salazar, com a camisa 4, atuando pela seleção portuguesa de futsal
Arquivo pessoal
Como fixo no futsal, Marcelo Salazar, ou Marcelinho, fez 51 jogos e 19 gols pela seleção portuguesa. Disputou a Copa do Mundo de 2004 e só não esteve no Mundial de 2008, no Brasil, por conta de uma lesão. Aos 32 anos, assinou contrato com um clube do Kuwait, onde jogou por duas temporadas e se aposentou em 2013.
Em busca de maiores oportunidades, pensou em migrar para o futebol e fez cursos de treinador e começou a trabalhar como técnico de futebol numa universidade. A convite de Péricles Chamusca, foi trabalhar como preparador físico na Arábia Saudita e, na sequência, foi chamado por Mano Menezes para atuar no Al-Nassr.
— Quem me trouxe ao Al-Nassr foi o Mano Menezes. Vim como é auxiliar técnico e chego a dirigir, o Al-Nassr em 5 jogos. No período que o Mano foi demitido, eu fiquei aqui durante 45 dias como interino. Quando vem o próximo treinador, o presidente enxergou em mim aí alguma habilidade para trabalhar na gestão e me coloca como executivo de futebol.
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Marcelo Salazar e Cristiano Ronaldo no Al Nassr
Arquivo Pessoal
Investimento na Arábia Saudita
Marcelo Salazar afirma que nunca tinha pensado em trabalhar como dirigente, mas sim como treinador. Não fecha portas para voltar aos campos no futuro, mas hoje é responsável por um dos clubes que mais investiram em contratações no futebol da Arábia Saudita. No país desde 2018, o brasileiro afirma que não imaginava ver um crescimento tão grande no esporte local, mas valoriza os frutos já vistos do investimento.
— Na temporada 21/22, a gente nem sonhava que o Cristiano ia vir para cá. E muito menos que depois da chegada dele, pensávamos que a gente ia presenciar o que a gente viu no mês de junho e julho de 2023, com todas essas negociações. Meus amigos do Brasil falam: “O aquele camisa 29, o Ghareeb, o baixinho, joga muita bola”… O campeonato saudita se tornando um dos mais seguidos no mundo. Coisas impensáveis um ano atrás.

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