Elenco mais encorpado não demora a se provar no Fluminense

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Arias, jogador mais regular do Tricolor desde a chegada de Fernando Diniz, fez os gols que garantiram mais um título internacional A perda de Nino ainda é algo a ser reparado no time do Fluminense, mas é inegável que o plantel para a temporada 2024 oferece mais opções a Fernando Diniz. Isso foi determinante para aumentar a qualidade e a precisão da equipe na pressão feita diante da LDU no 2º tempo. Mesmo com um a menos, o Tricolor chegou ao resultado necessário para reverter a desvantagem do 1º jogo.
Douglas Costa, Marcelo e Renato Augusto, que atuaram pouco mais de 30 minutos, aumentaram o repertório técnico do time ao se aproximar da área. Foram mais criteriosos nos passes destinados à área, e em uma jogada entre Douglas e Renato surgiu a penalidade convertida por Arias nos instantes derradeiros do tempo normal.
Escalações
Fernando Diniz teve o retorno de Samuel Xavier na lateral-direita, mas não pôde contar com Marcelo desde o início na esquerda. Ele iniciou no banco e Diogo Barbosa foi o titular. O restante da equipe foi a mesma que entrou em campo em Quito.
Já Josep Alcácer efetuou a entrada de mais um volante na equipe – Valverde. Ele sacou o atacante Jhojan Julio para isso. Manteve o 4-3-3 do primeiro jogo, mas Sebastian González foi deslocado para a ponta-esquerda.
Como Fluminense e LDU Quito iniciaram o duelo válido pela decisão da Recopa Sulamericana 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
Como era de se esperar, a LDU teve uma postura totalmente diferente da partida disputada no Equador semana passada. Ao invés de subir o bloco de marcação para tentar neutralizar o Fluminense desde a saída de bola, recuou a equipe para negar espaços mais perto de sua área. Compacta entre os setores, dificultou o acesso às imediações de sua meta para o Tricolor.
Diniz voltou a utilizar uma estratégia já traçada outras vezes diante de equipes que marcam muito atrás. Tentou fixar sempre um jogador aberto em cada ponta. Pela esquerda, Keno era a peça a dar amplitude. Pela direita, Arias era quem cumpria tal papel mais vezes, mas foi substituído por Samuel Xavier ou Martinelli em determinados momentos.
A ideia visa ”alargar” a última linha de defesa adversária e liberar espaços de infiltração entre os zagueiros e laterais rivais, o chamado ”meio-espaço”. Diogo Barbosa fazia a infiltração nesta lacuna no setor de Keno. Samuel Xavier e Martinelli revezavam nesta missão pela faixa direita. A LDU respondeu bem a isso.
Desta forma, o tradicional acúmulo de jogadores no mesmo setor lateral do gramado não foi visto antes do intervalo. A jogada do primeiro gol da final da Libertadores, por exemplo, com Keno e Arias do mesmo lado, seria basicamente impossível. A estratégia acabou não funcionando de forma regular, mas outros detalhes atrapalharam.
André, do Fluminense, em disputa de bola contra jogador da LDU no Maracanã
André Durão
Apenas um lance de real perigo foi criado da maneira imaginada. Terminou em uma finalização ruim de Cano após trama entre Arias e Samuel Xavier pela direita. O argentino já tinha feito o goleiro equatoriano trabalhar ao aproveitar um rebote de falta lançada na área, mas não recebeu tantas bolas quanto está habituado.
Ganso esteve envolvido nos outros três lances mais agudos do Tricolor Carioca antes do intervalo, mas o time teve dificuldades para impor um ritmo forte de pressão.
Primeiro pela boa marcação dos ”Albos”. Segundo pela demora dos equatorianos em repor a bola em jogo a cada paralisação. Fato pouco fiscalizado pelo árbitro, que deu apenas dois minutos de acréscimo no 1º tempo. E terceiro pela precipitação em alguns cruzamentos feitos para a área. Muitas vezes sem uma quantidade relevante de jogadores para finalizar, o Flu perdia os duelos.
A LDU tentou encaixar alguns contragolpes, quase sempre puxados por Jan Hurtado ou Estupiñan, mas eles envolveram poucos jogadores, e foram neutralizados sem problemas por boas ações de André, Thiago Santos e Felipe Melo nas transições defensivas.
Fernando Diniz reclama do pouco tempo de acréscimo no 1º tempo contra a LDU
REUTERS/Ricardo Moraes
John Kennedy foi a cartada de Diniz no retorno para a 2ª etapa. Felipe Melo saiu e André passou a jogar de zagueiro. Ganso fez a dupla de meio-campo com Martinelli, e o Fluminense passou a ter dois jogadores pelo centro do ataque.
O camisa 9 conseguiu gerar mais peso nos últimos metros do campo e finalizou três vezes em dez minutos, mas todas sem direção. A LDU se via mais acuada e Diniz resolveu colocar Douglas Costa, Renato Augusto e Marcelo. Keno, Ganso e Diogo Barbosa saíram. Arias foi para o lado esquerdo, mas seguiu bem fixo pelo flanco. O mesmo se aplica a Douglas Costa pela direita.
A pressão se intensificou com pernas frescas e mais qualidade técnica em campo. Mantendo o padrão de terminar as jogadas pelos lados e buscar cruzamentos para uma área mais bem ocupada, o Fluminense chegou ao desejado em lindo passe de Samuel Xavier para Arias.
Diogo Barbosa, Jhon Arias e Cano comemoram vitória do Fluminense em cima da LDU, na final da Recopa
André Durão
Mas quando parecia que as coisas enfim se resolveriam para o Tricolor, John Kennedy foi expulso ao dar um pisão em Zambrano. Ao contrário do que muitas equipes fariam, os cariocas não pisaram no freio. Seguiram se lançando ao ataque, já estavam contaminados pela chama que fez o time vencer tantas partidas no final em 2023, e alcançariam o êxito mais uma vez.
Quis o destino que mais uma vez John Arias fosse decisivo na noite desta quinta-feira no Maracanã. Ele concluiu o pênalti sofrido por Renato Augusto, em jogada iniciada por Douglas Costa, e chegou ao quarto gol em sete partidas nesta temporada. É sem dúvidas o atleta mais regular em alto nível do Fluminense desde a chegada de Fernando Diniz.
A quantidade de argumentos técnicos e táticos do mais novo campeão da Recopa Sulamericana aumentou. Se as coisas não se saírem tão bem num momento inicial, há de onde tirar recursos e decidir jogos grandes.

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