Empate com o City deixa gosto amargo e misto de sensações no Liverpool

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Reds conseguiram dominar a partida durante mais tempo, mas pecaram demais nas finalizações Não ter peças fundamentais para enfrentar a equipe mais dominante do mundo é um péssimo negócio. Se este jogo valer a liderança do campeonato então, a situação pode ser ainda pior. O Liverpool passou por cima do desafiante contexto, mas não conseguiu vencer. Teve o domínio das ações diante do brilhante Manchester City em boa parte do jogo. Orgulho ou lamento para os Reds?
Há formas diferentes de encarar o cenário deste domingo para o Liverpool. Ver as coisas por um prisma positivo engloba considerar a competitividade sem jogadores primordiais, exaltar os jovens escalados e a capacidade de recuperação dentro da partida. Enxergar negativamente é olhar para a tabela e ter o Arsenal na liderança, além de lamuriar os pés longe da pontaria necessária para vencer.
Escalações
Jurgen Klopp seguiu com os desfalques de Alisson, Arnold, Curtis Jones, Diogo Jota e Konaté. Salah e Robertson, sem as melhores condições físicas, iniciaram no banco. Kelleher foi o goleiro, Joe Gomez atuou na lateral-esquerda e Bradley na direita. Quansah formou a zaga com Van Dijk. Szoboszlai compôs o meio com Endo e Mac Allister. Elliott partiu da ponta-direita.
Já Pep Guardiola não teve Grealish mais uma vez. Doku desta vez começou entre os reservas e Julian Alvarez foi titular na linha de frente. Outra opção do catalão foi começar com Akanji na zaga. Ruben Dias acabou preterido.
Como Liverpool e Manchester City iniciaram o duelo válido pela 28ª rodada da Premier League 23-24
Rodrigo Coutinho
O jogo
Desviar o olhar – mesmo que por segundos – do gramado de Anfield no 1º tempo entre Liverpool e Manchester City, seria péssimo para quem buscava entender o que explicava cada mudança de cenário de um confronto tão rico em todos os aspectos. As alternâncias reforçaram o altíssimo nível da disputa do título inglês 23-24.
O primeiro ”ato” foi do City. A equipe de Guardiola conseguiu controlar os dez minutos iniciais com entendimento perfeito na troca de passes das peças pelo lado direito. Walker, na saída de três alinhado a Akanji e Aké. Rodri e De Bruyne pela faixa central, e Foden bem aberto. Também fez pressões bem coordenadas na saída de bola do Liverpool, forçou ligações diretas, venceu os duelos e produziu.
Foram três boas chances criadas no período pregresso ao segundo ”ato” da 1ª etapa. Os Reds, que tinham Joe Gomez alinhado e Van Dijk e Quasah na saída de três, e projetavam Bradley bem aberto na direita, passaram a explorar o lateral norte-irlandês em inversões ou passes em profundidade, e mexeram na estrutura de marcação dos Citizens. Com o breve recuo visitante, entraram de vez no jogo.
Mac Allister passou a ditar o ritmo das ações no meio-campo. Endo encaixou mais desarmes na linha média. Szoboszlai apareceu. As bolas que chegavam a Darwin Nuñez já não eram mais para serem disputadas, mas sim no pé, com aproximações de Elliott, que saía da direita para o meio. Luis Diaz chegou a ter um gol bem anulado, mas o que explica o resultado da 1ª etapa é a precisão do rival.
Darwin Nuñez disputa jogada com Akanji durante Liverpool x Manchester City
reuters
Os donos da casa já tinham equilibrado as ações e empurrado os visitantes para o campo de defesa, mas o City também sabe jogar com espaços para explorar em rápidas transições. Foden, Bernardo Silva e Julián Álvarez eram sempre perigosos quando acionados desta forma, e a retaguarda anfitriã precisou trabalhar bastante. Em um lance, porém, ficou difícil conter o time de Guardiola.
Numa brilhante jogada ensaiada em escanteio cobrado por De Bruyne pela direita, Aké entrou em ação para tirar Mac Allister legalmente do lance e Stones abrir o placar. A precisão que faltava ao Liverpool ao se aproximar da meta rival, sobrou ao Manchester City neste lance.
É verdade que os visitantes tiveram outras chances em contragolpes e desperdiçaram, mas já estavam na frente no placar. Os Reds não atuavam mal. Chegaram a sufocar o adversário em alguns momentos pós-gol. Melhoraram as pressões pós-perda, adiantaram a marcação e roubaram bolas perto da meta rival, mas a parte final das jogadas era quase sempre imprecisa. Fatal diante de zagueiros qualificados.
Os conceitos da melhora do Liverpool, no entanto, seriam fundamentais para chegar rapidamente ao empate no início do 2º tempo. Aké vacilou em recuo para Éderson e o atento Darwin Nuñez se antecipou ao brasileiro antes de ser derrubado na área. Mac Allister, referência técnica do meio-campo vermelho, bateu de forma magistral para marcar.
Liverpool empata o clássico contra o Manchester City
Reuters
Se o time da casa já era um pouco superior antes do empate, essa tendência cresceu com o estádio inflamado e as entradas de Salah e Robertson aos 15 minutos. Bradley e Szoboszlai saíram. Joe Gomez foi da lateral-esquerda para a direita, e Elliott passou a fazer a dupla de meias centrais com Mac Allister.
O Liverpool aumentou ainda mais o número de recuperações de bola no campo de ataque. Roubava e acelerava. Se não conseguia aproveitar os espaços num primeiro momento, trocava passes com desenvoltura. O City não conseguia inibir com regularidade. Ainda perdeu Ederson lesionado. O problema é que a imprecisão de nomes como Luis Diaz seguia, e os donos da casa não faziam o gol.
Walker e Mac Allister, Liverpool x City
REUTERS/Carl Recine
Darwin Nuñez cresceu muito depois do intervalo. Parecia estar em todos os lugares do gramado. Subia a pressão com intensidade, recuava para desarmar no campo de defesa, dava opção de profundidade em contragolpes, tabelava com Salah pela direita. Guardiola tentou acrescentar mais capacidade física ao time. Tirou De Bruyne e Álvarez, botou Kovacic e Doku.
Bernardo Silva e Foden trocaram de posição também. A resposta do City às mexidas foi positiva. A equipe voltou a reter a bola no campo de ataque, fazer o jogo em que se sente confortável. Arrefeceu o ímpeto dos anfitriões por alguns instantes. Doku criou ao menos duas grandes chances para colocar o City na frente do placar de novo, mas o volume ofensivo maior dos últimos minutos foi dos Reds.
O último confronto entre Klopp e Guardiola por Liverpool e Manchester City na Premier League entregou o esperado, e deixou ainda mais aberta a luta pelo título da principal liga do futebol mundial.

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