Entenda o que são traços falcêmicos, condição que tirou Allan de Bolívar x Flamengo

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Médica explica situação clínica do volante e quais riscos ele teria se fosse jogar em La Paz Allan recuperou o seu futebol no Flamengo e foi titular nos últimos dois jogos, mas não vai fazer a trinca nesta quarta-feira porque foi vetado pelo departamento médico da partida contra o Bolívar, às 21h30 (de Brasília) no estádio Hernando Siles em La Paz, na Bolívia. Só que o volante não está machucado e ficou fora da lista de relacionado por um motivo incomum informado pelo clube: traços falcêmicos.
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De olho na liderança, Flamengo se prepara para jogar na altitude em La Paz
Para explicar o que é isso, o ge conversou com a Dra. Flávia Magalhães, que já trabalhou no Atlético-MG, América-MG e na seleção brasileira feminina e é pós-graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Fisiologia do Exercício. Segundo a médica, a condição de Allan não é uma doença e tampouco impede a prática de atividade física, mas requer um cuidado em ar rarefeito porque há menor quantidade de oxigênio transportado no sangue do que uma pessoa normal:
– A anemia falciforme é uma doença genética que se caracteriza por apresentar alterações das hemoglobinas, que possuem a função de transportar o oxigênio em todo o nosso organismo. Já o traço falcêmico é quando o indivíduo tem uma proporção de hemoglobinas normais e um percentual menor de falciformes. Porém, isto não o impede de praticar atividades físicas.
Glóbulos vermelhos transportam o oxigênio do sangue para os órgãos e tecidos
Istock Getty Images
– Os efeitos do exercício neste indivíduo são a desidratação, a hipertermia, a acidose (desequilíbrio nos níveis de ácido presentes no sangue) e uma alteração regionalizada de oxigenação do sangue. Em altitudes elevadas, o que ocorre é uma potencialização desses efeitos. No entanto, a conduta e o protocolo são individualizados de acordo com cada atleta.
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Allan, de 27 anos, já jogou em altitudes, só que não tão severas como os 3.600 metros de La Paz. Em 2022, esteve com o Atlético-MG nos 2.500 metros de Sangolquí, no Equador, e foi titular no empate em 1 a 1 com o Independiente del Valle ficando em campo por 77 minutos. No ano seguinte, ainda no Galo, atuou durante 88 minutos no 1 a 1 com o Millonarios nos 2.600 metros de Bogotá, na Colômbia.
Allan no Millonarios x Flamengo em Bogotá
Daniel Garzon Herazo/NurPhoto via Getty Images
Na atual temporada, Allan voltou a Bogotá pelo Flamengo e entrou no intervalo contra o Millonarios, atuando 50 minutos de mais um empate em 1 a 1 na altitude. Mas qual o risco ele teria de jogar em La Paz, por exemplo? A Dra. Flávia esclareceu que os efeitos colaterais que acometem jogadores sem essa condição genética seriam sentidos muito mais rápido pelo volante.
– Os indivíduos com traço falciforme em geral são assintomáticos. Porém, em treinamentos de altitude eles podem ficar mais sintomáticos de forma precoce, com sensação de fadiga, mal estar, tontura… É importante individualizar e tratar adequadamente os sintomas, em especial com o uso de oxigênio. Os riscos são habituais aos indivíduos sem anemia quando não tratados. Contudo, podem apresentar um quadro de mais gravidade de forma mais precoce.
Allan em ação pelo Atlético-MG contra o Del Valle em Sangolquí
Pedro Souza / Atlético
Sem Allan e Pulgar, que foi um dos cinco poupados pelo técnico Tite, o meio de campo do Flamengo contra o Bolívar deve ser formado por Igor Jesus, Gerson e De la Cruz. Segundo colocado do Grupo E com quatro pontos, o Flamengo precisa vencer o líder Bolívar, com seis, para assumir a primeira colocação da chave.
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