Ex-Corinthians relembra broncas de ídolo e diz que boa fase de dupla barrou chances: “Faltou paciência”

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Fabrício Oya avalia passagem pelo Timão e critica imediatismo na formação de atletas no Brasil; aos 24 anos, meio-campista busca recomeço no interior do Paraná O sonho bateu na trave mais de uma vez. Reprovado em duas peneiras, Fabrício Oya só foi escolhido na terceira tentativa, aos 11 anos. Por uma década, o menino franzino de Campinas fez do Corinthians a segunda casa. Do protagonismo na base aos percalços da transição ao profissional, o meia leva na bagagem as lições da vida no Parque São Jorge.
Ex-Corinthians relembra broncas de ídolo e diz que boa fase de dupla barrou chances
Oya chegou ao Corinthians em 2010 e rapidamente se firmou na base. A ascensão o levou ao sub-20 com apenas 16 anos. Foram quatro temporadas no júnior até chegar ao time principal, em 2019, sob o comando de Fábio Carille.
A transição da base para o profissional, porém, frustrou os planos de uma das principais promessas da base alvinegra nos últimos anos.
É a parte mais difícil. É totalmente diferente o estilo, a velocidade do jogo. Acho que faltou paciência por parte do clube e de minha parte também. O Brasil é muito imediatista. O menino aparece com 17, 18 anos e as pessoas já querem que ele entre e resolva um jogo contra atletas de 30, com dez anos de experiência
Fabrício Oya após conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Corinthians
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Concorrência pesada
Em meio à expectativa de se consolidar no time principal, o meia enfrentou forte concorrência por posição. Com Jadson e Rodriguinho em alta, o Corinthians foi tricampeão paulista entre 2017 e 2019.
Na avaliação de Oya, o sucesso da dupla dificultava a consolidação de jovens da base na equipe de cima.
— Foi uma batalha muito difícil. Eu sabia que teria que ter paciência para esperar minha vez. Naquela época eles estavam voando (risos). Eu tinha os dois como espelho, era onde eu queria estar e chegar — relembrou.
Tem o nosso próprio ego. Com todo o respeito, mas quando entra dentro de campo é todo mundo igual e competindo entre si. Ao mesmo tempo que eu me inspirava e respeitava muito, eu também queria superá-los
Fabrício Oya em treino com o profissional do Corinthians
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Lições e aprendizado
Três anos após se despedir do clube, o meia olha para o passado com gratidão e admite entender os puxões de orelha recebidos. Ele chegou a treinar com Danilo, atualmente treinador do sub-20 do Timão, e Renato Augusto, hoje no Fluminense.
— Eles pegavam muito no meu pé, mas eu entendo que era para o meu bem. Hoje, mais maduro, sei que tudo que eles me falavam é verdade. Aprendi muito nesse período. Procurava observar ao máximo o comportamento deles. Depois o Danilo foi meu treinador no sub-23 e também tivemos uma troca legal — disse.
O sonho de jogar futebol profissionalmente não o impediu de estudar. A mãe, inclusive, ameaçava tirá-lo do Corinthians caso o desempenho escolar caísse. A dedicação fora das quatro linhas o ajudou a enfrentar as frustrações do mundo da bola.
— Isso vem de casa, da minha educação, da família. Eu queria jogar futebol, mas levava a sério. Fiz inglês e tenho um cognitivo legal. A carreira é curta. E depois, o que vai fazer? Se não tiver estudo, preparo, acaba se perdendo — contou.
Carlos Augusto e Fabrício Oya no Corinthians
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Em 2017, o Corinthians conquistou o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior sobre o Batatais, no Pacamebu. O time entrou em campo com Filipe; Samuel, Thiagão, Del’Amore e Renan Areias; Guilherme Mantuan, Luisinho e Fabrício Oya; Pedrinho, Marquinhos e Carlinhos.
Dos 11, apenas Pedrinho atuou com protagonismo no time principal. O meia do Atlético-MG é o único que defende atualmente uma equipe da Série A do Brasileiro.
— Se pudesse dar um conselho para quem sonha em jogar profissionalmente, diria para confiar em si mesmo, independente das pessoas ao redor. A mídia, cobrança externa, são coisas que podem te colocar para cima e para baixo. Acreditar no seu potencial, saber onde quer chegar, confiar nas pessoas que querem o seu bem e estudar — disse Oya.
O Brasil é muito imediatista. O futebol é rápido, o futebol passa. Se você ficar para trás vai acabar perdendo tempo
Fabrício Oya, do Azuriz, em confronto pela Copa do Brasil contra o Bahia
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O meia disputou o Campeonato Paranaense deste ano pelo Azuriz. Em 12 jogos, marcou um gol e contribuiu com uma assistência. O time de Pato Branco avançou para o mata-mata, mas acabou eliminado nas quartas de final pelo Operário-PR.
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