Felipe Adão se dedica ao Botafogo no futevôlei e inaugura projeto social para jovens das comunidades do Rio

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Ex-atacante se une ao pai, Cláudio Adão, em projeto em Ipanema, e repassa a carreira e a aposentadoria em entrevista ao ge Apesar de ter tentando se distanciar do título de “filho de Cláudio Adão” ao longo da carreira de jogador de futebol, Felipe, hoje com 38 anos, trocou as chuteiras pelos pés descalços na areia há três anos. Um caminho cada vez mais natural de ex-jogadores de futebol, que optam por pendurar as chuteiras e levar uma vida mais leve, mas sem se distanciar da bola.
O ex-atacante foi campeão carioca com o Botafogo em 2006, título que ele tem mais orgulha da carreira, se aposentou em 2020, e hoje é o atual campeão da Liga Nacional de Futevôlei com a camisa alvinegra. O retorno ao clube se deu por uma iniciativa dele mesmo, que apresentou o projeto ao presidente do clube associativo Durcésio Mello, que prontamente abraçou a ideia.
Felipe Adão sobe alto para cabecear bola
Divulgação Liga Nacional de Futevôlei
– Nas férias de 2011, ganhei um torneio pelo Botafogo, quando eu ainda jogava, mas voltei em 2022. Botafogo foi super receptivo, e agora estão querendo contratar os jogadores. Se der certo, vamos ter salário e seremos (ele, Tavinho e Gui, que integram a equipe da modalidade) funcionários do clube – contou ele, que está na expectativa pela estreia da Liga neste ano, que será no dia 15 de julho.
Diferente de uma parte considerável de jogadores que deixam os gramados, Felipe se organizou financeiramente para ter um pós-carreira tranquilo e se dedicar ao que gosta de fazer. Mas nem por isso deixou de trabalhar.
Hoje, ele também é contratado de uma empresa de apostas como embaixador, fez o curso de executivo de futebol da CBF, área que pretende atuar em um futuro, e ainda ganha dinheiro nos jogos. Só na liga que levou o troféu em 2023, o campeão arrecadou R$ 100 mil pelo título – e ainda tem o bicho por vitória na temporada, com valor de R$ 5 mil. As viagens são custeadas pelos patrocinadores.
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-Estamos encarando como se fosse profissional de futebol. Treino no CT na Barra três vezes na semana e vou dois dias na academia. Não tive nenhum respiro entre a aposentaria e o futevôlei. Com a Liga, todos os jogadores encaram uma rotina mais forte de treinos – disse o ex-atacante, que hoje treina ao lado de Diego Ribas, ex-Flamengo, que també pode integrar a competição em 2024.
Felipe em bate-papo com o ge após o treino na Barra
Jéssica Maldonado / ge
Agora, o talento nas quadras de areia e a gratidão ao que o mundo do esporte ofertou à família levou ele e o pai, hoje com 68 anos, a lançar um projeto para jovens entre oito a 18 anos nas das comunidades do entorno de Ipanema. Apesar de viver na Barra da Tijuca, o endereço da rede escolhida na Zona Sul do Rio de Janeiro traz boas lembranças, já que ela pertence ao patriarca há mais de 25 anos, quando esses espaços eram adquiridos por pessoas físicas.
– Desde novo, eu convivia muito em comunidades. Tenho grandes amigos que viveram ali, um deles era do Completo do Alemão, mas saiu. Então, sempre vi essa realidade muito de perto. Família do meu pai vem de uma situação mais inferior, e sempre fui muito sensível a essa parte. Até no sinal, quando via crianças pedindo, sempre fiquei muito reflexivo.
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Felipe ao lado de Diego Ribas, Maicon, Cláudio Adão e Diego Souza na inauguração do projeto
Banlek
– O que eu vejo e conheço dessa realidade entendo que qualquer tipo de oportunidade que essas crianças tiverem de ocuparam a cabeça, no horário inverso ao da escola, é muito importante. Poder estar ali escutando um Zico falando sobre a história dele, ou qualquer outra pessoa que veio debaixo e teve uma história de sucesso, é sempre uma inspiração para essas crianças. Também vamos ofertar lanche porque muitas crianças não têm nem o almoço. Vamos fazer nossa parte e tomara que consiga expandir isso.
As 50 vagas foram preenchidas rapidamente, com a maioria dos jovens oriundos do Vidigal, Cantagalo e da Cruzada. A tendência – e já convite – é que o projeto se expanda para fora da cidade e por outros bairros do Rio.
Relação com o pai, que ainda se arrisca no futevôlei
De acordo com Felipe, seu pai foi um dos primeiros a “levantar a bola” do futevôlei nas areias cariocas, com início da prática do esporte por ele no fim dos anos 1970, quando vestiu a camisa do Flamengo. Inclusive, participou de um torneio entre pais e filhos, na altura do posto 4 (foto abaixo) no fim dos anos 1990.
Cláudio Adão e Felipe, à esquerda, em torneio de futevôlei de pais e filhos
Arquivo pessoal
– Meu pai é meu irmão, sempre foi inspiração de saúde para todo mundo – disse, com sorriso no rosto.
Hoje, Cláudio Adão convive com os sintomas iniciais do Mal de Parkinson, um distúrbio no sistema nervoso, e assumiu a doença tem pouco tempo.
Felipe conta que lidar com a realidade tem sido delicado porque seu pai sempre foi muito ativo, jogando futebol de areia, por exemplo. Mas já lida normalmente com o sintoma inicial que é sonolência.
Ainda assim, o ícone do futebol carioca, que fez 862 gols na carreira, nos 27 clubes que defendeu, passando pelos quatro grandes do Rio, ainda se arrisca com a bola no alto. A habilidade não é mais a mesma, mas conseguiu mostrar um pouco na inauguração do projeto, na última quinta-feira.
Felipe ao lado de Diego Ribas, Maicon, Cláudio Adão e Diego Souza
Banlek
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Veja outras repostas de Felipe Adão na entrevista ao ge:
Como era a cobrança por ser filho do Cláudio Adão artilheiro?
– Aqui sempre foi isso, essa comparação por ser filho do Cláudio Adão. Eu podia fazer o gol mais bonito da rodada, mas sempre tinha aquilo ‘o Cláudio já fez’. Saí do Vasco para ir pro Figueirense, e voltei para o Botafogo. Tive uma fase muito boa quando fui campeão. Mas dali em diante começou essa questão de sair, e eu queria isso para me afastar dessas comperações. Minha carreira teve uma “guinada” quando saí para fora do Brasil, no Independiente del Valle.
– Quando Cuca chegou no Botafogo, me dava muito bem com ele e lembro que fiz um gol contra o São Paulo. Meu pai treinava o Volta Redonda e fizeram uma pergunta na coletiva pra ele sobre mim. Ele respondeu que jogador jovem tinha que ter sequência. E o Cuca respondeu em uma outra entrevista, então isso começou a gerar um ambiente estranho. Depois disso, ele não me inscreveu na Sul-Americana e foi aí que fui pra fora.
Pai e filho, Cláudio de Felipe Adão treinam para o Brasileiro de Futevôlei 4×4 na Praia do Leblon
Carol Fontes
O que mais te marcou na carreira como jogador de futebol?
– A (passagem) que me marcou mais foi o Botafogo. Tenho muito carinho pelo clube e vou ao estádio. O Botafogo não ganhava um título há muito tempo, e um Carioca também. O grupo da época era muito bom, com Dodô, Zé Roberto, Lúcio Flávio, Diguinho. Depois peguei o Caio Ribeiro, Ramon Menezes, que é padrinho do meu filho.
Felipe Adão
Arquivo Pessoal
Como tem visto o Botafogo de hoje, nessa nova Era SAF?
– Soube, de jogadores que me dou bem lá dentro, que o clube não o salário um minuto. Não tem o que falar do John Textor, que é um cara que briga pelo clube. Acho o elenco extremamente competitivo para ficar de sexto pra cima.
– Não tinha necessidade, na minha opinião, de trazer um treinador agora, e me incomoda essa coisa de ‘gringo’ toda hora. Se não for o Guardiola, que é o mais ‘brabo’, não tem que trazer. Mas o Botafogo tem condições de beliscar algo.
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