Grupo da morte? Sylvinho prepara a Albânia para tentar surpreender na Euro

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Em entrevista ao ge, técnico brasileiro conta curiosidades da vida no comando da seleção albanesa, que encara Itália, Croácia e Espanha: “É futebol. Pode acontecer de tudo” Sylvinho, ex-Corinthians, tenta fazer história com a Albânia no grupo da morte da Eurocopa
A empolgação de Sylvinho é evidente. No olhar, nos gestos com as mãos e na fala. O técnico brasileiro vive a expectativa — e o desafio — de liderar a seleção da Albânia na Eurocopa de 2024. Logo no chamado “grupo da morte”, com Itália, Croácia e Espanha. Nada que tire o seu entusiasmo.
A Albânia estreia na Euro-2024 neste sábado, às 16h (de Brasília), contra a Itália.
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— Os nossos adversários não jogam para passar do grupo, nós sabemos disso. Eles jogam para ganhar a competição. Nós reconhecemos a grandeza da competição, ela é grande. Nós reconhecemos os adversários, eles são enormes. Nós somos a Albânia, não vamos entregar nada, vamos lutar — comentou o treinador, em entrevista exclusiva ao ge em Kamen, onde a equipe albanesa está concentrada.
Sylvinho se tornou uma celebridade na Albânia. Apesar disso, consegue ter uma rotina relativamente tranquila na capital Tirana. Ao ponto de ir a pé do hotel onde mora — é o primeiro técnico estrangeiro a optar por residir no país — até a sede da federação albanesa de futebol (FSHF), a cerca de 2,5km de distância. Viver por lá era condição obrigatória, por parte dele mesmo, para fechar com a FSHF.
É uma população muito educada, que nos abraçou muito. Eles mostram orgulho por nós. Há muitas semelhanças com os brasileiros.”
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Sylvinho, técnico da Albânia, em entrevista exclusiva ao ge às vésperas da Eurocopa
Genito Junior
A receptividade dos albaneses com os estrangeiros é, segundo o treinador, uma característica do povo. Mas esse carinho também se explica pelo sucesso recente da seleção. Essa será a segunda vez que a Albânia irá disputar a Eurocopa (a primeira foi em 2016).
Não foi uma classificação qualquer. A equipe albanesa terminou as eliminatórias em primeiro lugar no Grupo E, que também tinha a República Tcheca e a Polônia. Vaga conquistada com uma rodada de antecedência. Sylvinho comandou o time em 13 jogos oficiais até agora, com sete vitórias, três empates e três derrotas.
— Nós vamos entender tudo isso lá na frente, porque a gente se acostumou com a fartura, né, no futebol brasileiro. Eles disseram que confiavam em nós para ir (à Euro) uma segunda vez, e foi dever cumprido. Um trabalho em que os atletas abraçaram, tudo em torno, toda essa energia colocada. É bonito que a Albânia volte a ser reconhecida.
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Sylvinho assumiu o comando da seleção em janeiro do ano passado. Ele trouxe para sua comissão técnica o ex-volante Doriva e o ex-lateral argentino Zabaleta (companheiro nos tempos de Manchester City). Há mais integrantes, italianos e albaneses. A comunicação e os relacionamentos em vários idiomas vêm dando certo.
— Todo o trato na federação, com o presidente (Armand Duka), e os atletas, a nível individual e nos treinos, é tudo em um idioma. Ou vai em inglês, ou em italiano, ou em espanhol. A gente brinca ainda que tem um ou outro atleta que joga em Portugal. A preleção é em albanês, a gente não abre mão disso. É tudo aquilo que sempre pensei como uma comissão técnica internacional. Me vejo com um pouco de tudo.
Sylvinho, técnico da Albânia, em entrevista exclusiva ao ge às vésperas da Eurocopa
Genito Junior
O início de trabalho foi de muita pesquisa sobre jogadores convocáveis, em todo o mundo. O atacante Asani, que joga no Gwangju, da Coreia do Sul, é considerado um “achado” de Sylvinho. Isso sem falar nos atletas com ascedência albanesa. Cerca de 2,8 milhões de pessoas vivem no país, mas quase nove milhões fazem parte da diáspora.
— Tem um trabalho longo por trás de tudo isso, e foi bonito. Quando o atleta chega para nós, temos a capacidade, a tranquilidade de dizer que já sabe como joga, que viu tal jogo, tal lance. Você ganha a confiança deles assim, e ele entende como foi a montagem desse time — contou.
O momento agora é de ajustes finais. Os jogadores se apresentaram no dia 29 de maio, bem antes da maioria das seleções . Depois de acertar as diferenças físicas dentro do grupo, a comissão se preocupou em dosar a carga em treinos e amistosos, para evitar lesões. A Albânia chega inteira para encarar o “grupo da morte” da Euro-2024. E surpreender.
Isso é futebol, cada jogo tem uma história linda, pode acontecer de tudo.”

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