Marcelinho Paraíba elege ocasiões mais marcantes da carreira e ri ao revelar: “Puxei faca para Denílson”

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Ex-meia reforçou mágoa com Felipão por não ida à Copa 2002, elegeu São Paulo, Grêmio e Sport como times do coração e apontou gol, título, melhor parceiro e marcador mais implacável Orgulhoso de onde veio a ponto de carregar no próprio nome as origens, o ex-meia Marcelinho Paraíba sempre reforçou o orgulho de ter nascido em Campina Grande. E pelas raízes, o ídolo de clubes como Grêmio e São Paulo sempre esteve disposto a brigar. Até mesmo literalmente.
No Recife para participar de um desafio de X1, modalidade de futebol society, o ex-atleta multicampeão – atualmente treinador (sem clube) – conversou com a reportagem do ge para um “bate bola” sobre a carreira e revelou ter puxado uma faca para o ex-atacante Denílson, antigo companheiro de São Paulo e seleção brasileira.
Marcelinho Paraíba e Carlinhos Bala vão se enfrentar no X1
Daniel Leal/ge
Eleito por Marcelinho como maior mala com quem jogou, “mas ‘um mala’ do bem”, o ex-atacante foi alvo da fúria do paraibano por apelidá-lo de “farinha”, por ser nordestino.
“Ele já vinha me irritando há algum tempo, já estava chateado, aí na hora eu levantei com a faca na mão. Foi o melhor remédio que daí para frente ele não brincou mais”, contou Marcelinho Paraíba, em tom descontraído.
O ex-craque, com passagens marcantes também por clubes como Sport, Fortaleza e Hertha Berlim, elegeu na entrevista ocasiões marcantes, como o título mais relevante, o melhor jogador com quem atuou, o gol inesquecível, principal título, o marcador mais implacável e a maior frustração – que reforça a mágoa que tem com o técnico Felipão por não ter tê-lo convocado para a Copa do Mundo 2002.
Marcelinho Paraíba e Carlinho Bala trocam provocações no X1
Atualmente com 48 anos – desde 2020 com a carreira encerrada – Marcelinho Paraíba atualmente é treinador. O último clube dele foi o Baraúnas, clube que comandou no Campeonato Potiguar. “Agora estou vendo algumas propostas”, contou, antes de eleger pontos-chave da carreira como atleta.
Qual foi o melhor jogador que já jogou ao lado?
– Ronaldinho Gaúcho. É diferente de tudo que eu já vi no futebol. Um cara muito técnico, que tem uma visão de jogo fora do sério. Outro jogador que poderia chegar perto dele era o Messi, mas não jogou comigo, então para mim foi o Ronaldinho Gaúcho.
Em 2001, Grêmio é tetracampeão da Copa do Brasil
Melhor treinador?
– O melhor treinador que trabalhei aqui no Brasil foi o Levir Culpi, o velhinho está afastado do futebol, mas para mim ele foi o melhor.
O clube que guarda no coração?
– Eu vou citar três, porque realmente é o que eu sinto, é o que eu sempre por onde eu passo, eu gosto de falar. O São Paulo, o primeiro, porque foram quatro anos da minha passagem lá; depois, Grêmio e o Sport.
Marcelinho Paraíba sai do Sport para Barueri
Um gol inesquecível na carreira?
– Vários, mas o que marcou na minha carreira foi a final do Campeonato Paulista de 2000, contra o Santos. Foi uma falta, a gente estava perdendo de 2 a 1. Era uma falta de muito longe, o goleiro era o Carlos Germano. A gente jogava pelo empate e, no finalzinho do jogo, eu consegui fazer esse gol. Foi uma das faltas mais bonita que bati.
Em 2000, São Paulo empata com o Santos e é campeão paulista
A vitória inesquecível?
– Foi pelo Grêmio, em 2001, em um jogo contra o São Paulo, na Copa do Brasil de 2001. Ganhamos por 4 a 3, no Morumbi. Foi a melhor partida da minha carreira. Fiz três gols no meu ex-clube.
Marcelinho Paraíba relembra o título com Grêmio na Copa do Brasil em 2001
O principal título da tua carreira?
– Tive alguns títulos, né? Mas o que ficou marcado foi a Copa do Brasil de 2001, pelo Grêmio.
Sport: Marcelinho Paraíba e o Clássico das Multidões
O marcador mais implacável que já enfrentou?
– Tive vários adversários que me marcaram muito bem, mas o que marcou muito, o que ficou para a história que todo mundo lembra é o Everton Sena, do Santa Cruz. Na final do Campeonato Pernambucano (2012) foram duas partidas e ele conseguiu realmente me marcar e a equipe dele conseguiu ter êxito no futebol. Então, acredito que ele ter conseguido exercer aquilo que o treinador pediu. Eu acho que foi o marcador mais implacável.
Os gols de Sport 2 x 3 Santa Cruz pela final do Campeonato Pernambucano 2012
Esse jogo, inclusive, você partiu para brigar com ele. O que levou a esse extremo?
– É durante o jogo, né? Além de ele estar me marcando bem, sempre tem aquelas provocações, de estar puxando a minha camisa, de estar querendo me irritar mesmo e eu procurei me controlar. Só que no dia que a gente acabou brigando e foi na final lá no Arruda. Já tinha acabado o jogo, né? Então eu já estava chateado por ter perdido o título e aí na hora veio aquela vontade de discutir com ele. Me arrependo, não era para eu ter feito isso, mas já passou.
Marcelinho Paraíba e Éverton Sena: uma briga de gato e rato dentro de campo
Aldo Carneiro
Por incrível que pareça, nunca tive a oportunidade de vê-lo pessoalmente. Daquele tempo até hoje, nunca o vi em lugar nenhum. Nunca mais jogamos contra de novo. Mas falaria na boa, foi um cara que me marcou bem. Não tem problema nenhum, sem nenhuma mágoa. Pelo contrário, sempre procurando elogiar o trabalho dele para que ele possa crescer cada vez mais na vida.
Maior frustração na tua carreira?
– De não ter sido convocado para a seleção brasileira na Copa 2002. Eu estava vivendo o meu melhor momento e o Felipão (Luiz Felipe Scolari) era treinador da na época. Ele prometeu que ia me levar para a Copa porque eu tinha ajudado a Seleção Brasileira nas Eliminatórias. Joguei todos os últimos jogos. O Brasil estava num momento difícil, precisava ganhar vários jogos para se classificar. E eu joguei estive presente nessas partidas, inclusive no último jogo contra a Venezuela eu entrei no jogo, com o Ronaldinho Gaúcho e o Denílson. Antes da partida, ele (Felipão) falou que se nós conseguíssemos classificar o Brasil naquele jogo, a gente iria fazer parte do grupo que ia para a Copa. Infelizmente, eu não fui. Isso aí me frustrou bastante. Pelo menos o meu pensamento é que foi por eu ser da Paraíba, porque não vejo outro motivo, até porque o próprio treinador tinha prometido, eu vinha jogando bem pela Seleção. Estava no meu momento no Hertha Berlim, da Alemanha, e o jogador foi no meu lugar foi o Kaká, que era um jovem (com 20 anos), estava subindo no São Paulo naquela época. E eu fiquei fora para o Kaká ir. E, depois, durante a preparação para a Copa, o Emerson, volante, machucou-se. Mais uma vez, eu esperei que ele fosse me chamar ou chamasse o Alex (ex-meia), que também era um homem de confiança dele. O Alex também foi quase todos os jogos das eliminatórias daquele ano. Ele deixou nós dois de fora e levou o Ricardinho que estava jogando no Corinthians. Então, às vezes a gente não entende, pode ser que tenha sido um pouquinho também de preconceito ou alguma coisa que acontece lá dentro, a gente não sabe.
Marcelinho Paraíba, em ação pela seleção brasileira contra a Argentina, em 2001
Paulo Pinto / Agência Estado
Nunca procurei o Felipão para questioná-lo. Segui a minha vida, até porque eu já era uma pessoa realizada por ter já vestido a camisa da seleção brasileira e estava vivendo um momento bom também no meu clube, o Hertha Berlim na época. Então eu não ia parar a minha vida, ficar com a cabeça nisso, sendo que eu tinha uma vida toda como um jogador para tocar ainda. Então, eu não liguei também. E nunca tive a oportunidade de conversar com o Felipão, nem de perguntar sobre isso. Com certeza me deixou muito triste, foi a maior frustração.
Quem o jogador “mais mala” com quem já jogou?
– Denílson, Deni show. É o que é mais mala. Agora mala para o lado do bem. Ele é do jeito que você vê ele na televisão. E daquele jeito era no futebol dentro do vestiário, do mesmo jeito. Brincalhão, zoava muito. Comigo nem se fala, perturbava o tempo todo. Colocava até apelido em mim, me chamava de “farinha”, por eu ser do Nordeste. Uma vez eu estava tão irritado com as brincadeiras dele que eu achava que era brincadeira querendo me diminuir que eu parti para cima dele com uma faca na concentração. Daí para frente também melhorou, ele não brincou mais comigo. A gente estava jantando na hora e eu tava com aquela faca de aquela serrinha, para comer. E ele correu. Ele já vinha me irritando há algum tempo, já estava chateado, aí na hora eu levantei com a faca na mão. Foi o melhor remédio que daí para frente ele não brincou mais.
Marcelinho Paraíba, São Paulo, Cruzeiro, 2000
Agência Lance
Algum arrependimento?
Tenho. Uma vez, no Hertha Berlim, eu estava de férias e era para eu voltar para a pré-temporada e eu demorei 11 dias para me apresentar. Isso acarretou uma multa, o clima ficou ruim com o grupo e disso eu me arrependo bastante.
Marcelinho Paraíba Despedida Hertha Berlim
Divulgação/Hertha Berlim

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