Marco Aurélio Cunha crava que elenco do Figueirense é suficiente para se classificar na Série C

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Diretor-executivo diz que o clube vai cumprir a punição de seis meses do transfer ban O Figueirense sofreu um transfer ban de seis meses e correu contra o tempo na última semana para inscrever quatro atletas. No último domingo, Marco Aurélio Cunha, diretor-executivo do Figueirense, disse que o clube não vai contestar a decisão do órgão competente e cravou que o elenco disponível para o técnico João Burse é suficiente para brigar pela classificação entre os oito primeiros na Série C do Brasileiro.
A entrevista de Marco Aurélio Cunha foi para o Grupo VEG Esportes.
Marco Aurélio Cunha em treino do Figueirense no CFT do Cambirela
Patrick Floriani/FFC
Confira os trechos da entrevista
Transfer ban
A gente já previa que isso pudesse acontecer [o transfer ban], já estava na nossa análise jurídica. O Figueirense tem que fazer o certo com as duas dívidas, uma da recuperação judicial e outra referente à Câmara [Nacional de Resoluções de Disputas] que regula o futebol em relação a pagamentos. A gente entendeu que não poderia privilegiar um credor em relação ao outro, aquele que vai entrar no rol da recuperação judicial. Para não correr riscos, o grupo jurídico que sustenta a Clave e o Figueirense entendeu que era melhor fazer o correto, que é esperar para pagar todo mundo de forma igual.
Tira uma possibilidade da gente poder qualificar o time em algum momento do campeonato. Porém, nosso orçamento já tá absolutamente definido. Quem a gente trouxe, é quem está aqui. Nós não traríamos mais gente, salvo uma exceção por lesão, algo mais sério ou uma grande oportunidade de negócio. Nosso valor para poder gastar em futebol é esse que nós já colocamos nesse momento. A Série C já está completa em relação a contratações. Seria bom se tivesse uma oportunidade, mas vamos trabalhar dessa mesma forma e tenho certeza que o prejuízo será mínimo ao Figueirense.
Não estamos preocupados em fazer recursos para abolir a sanção porque ela é clara. Existe a Câmara, ela determina que deve se fazer esse pagamento se não há a punição. Se eu pagar amanhã, acabou o transfer ban. O que precisa ficar claro é que o Figueirense não está não pagando porque não tem os recursos, o problema é porque pagar uma e não pagar as outras. Os advogados nos orientam para não cometer esse equívoco. Deve priorizar a recuperação judicial. Portanto, se amanhã houver uma autorização para pagar esse credor sem comprometer a recuperação judicial, o Figueirense paga. Não existe contestação.
O Figueirense deu um salto de qualidade muito grande nesses quatro meses desde que a gente chegou. O Figueirense tem crédito, tem jogadores que são pagos religiosamente. Há muito o que fazer pelo Figueirense, mas não vou carregar o peso do passado, tenho que olhar para frente. O transfer ban não tem problema nenhum. Foi uma opção nossa para ter a legalidade da recuperação judicial, não tem nenhuma vergonha nisso. É um ato administrativo para concluir a recuperação judicial, que será a salvação do clube. Se ela não ocorrer, aí sim eu diria que estamos num grande problema. Para não entrar nesse problema, estamos agindo transparentemente para que não haja dúvida da conduta ética da diretoria do Figueirense atual.
Série C
Eu não vejo que ele [Figueirense] seja muito pior dos outros postulantes ao acesso, é igual. A Série C tem uma característica de ser muito semelhante. Tem uma elite de oito clubes, oito que estão no meio e dois que caem logo no início do campeonato. Qualquer previsão muito otimista é de quem não faz futebol. Futebol é muito difícil, nós jogamos 10 partidas fora de casa, nove em casa, são viagens complexas, a vantagem talvez seja jogar apenas uma vez na semana, mas todos os clubes são mais ou menos semelhantes. Não podemos nem superestimar o valor da camisa, nem menosprezar. Estamos num grupo difícil e tenho certeza que vamos estar buscando isso [subir]. Vamos trabalhar forte, fizemos um Catarinense bom, salvo o drama de não ter classificado, mas temos equipe, treinador e sustentação para buscar o acesso.
Montagem do elenco
O Catarinense foi excelente para fazer uma drenagem, saber quem é quem, quem a gente pode contar, quem evoluiu. Trouxemos cinco para acrescentar ao grupo e é isso, não tenho recurso para dar R$ 50 mil pra cada jogador. O Remo deu R$ 100 mil pra jogador que eu queria. Temos a dificuldade competitiva financeira, embora morar em Santa Catarina e a camisa do Figueirense ser bastante atrativa. Foi assim que trouxemos alguns jogadores, inclusive o Camilo, que acreditou no projeto. Estou muito satisfeito por ter conquistado o Camilo para jogar pelo Figueirense. E assim outros virão. Até por apoio de alguns jogadores que querem ter companheiros bons.
Estilo de jogo
Ele [João Burse] tem a maneira de jogar que ele prefere, muita marcação, pressão pós perda, jogar pelas beiradas, meio-campo forte, zaga firme, acho que ele não muda. Quem muda o jogo é um jogador com mais opções táticas, mais versátil. Não vimos o Camilo jogar muito. Falta adaptação de como ele vai jogar, ajustar com o Alisson, Pato. Qual vai ser o esquema dos volantes, o meia. Ele já tem a amostra do que viu em quatro meses, então vai ser muito melhor pra ele esse campeonato com mais espaço de tempo para treinar. E acho que ele vai fazer um ótimo trabalho porque ele é um ótimo treinador, um ótimo líder.
Retorno de ex-jogadores
Eu sei que o momento não é do melhor, mas que memória afetiva o Figueirense tem com seus ex-jogadores. Qual a necessidade de resgatar o passado?! O passado não volta. O sujeito que jogou há 10 anos não é o mesmo. Temos que olhar para frente. Não é assim que se contrói o time. Eu não vou agradar o que o torcedor gosta porque isso é afetivo, não é o momento prático. Não adianta. Tenho maior respeito a quem vestiu a camisa do Figueirense, mas não tem resgate, é número, momento, trabalho físico, como ele se portou nos últimos quatro, cinco anos. Vamos dar chance a novas pessoas que querem reconstruir o clube com a gente. Respeito o torcedor, mas não posso estar ligado na memória afetiva dele.
Lesão de Titto
Conversei com ele por telefone e ele estava com dores. É uma lesão muscular, que as vezes fica duas, três semanas, mas é precoce falar isso.
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Cristian Renato
Esse atleta já jogou de zagueiro, de volante e foi elogiado por todos que eu perguntei. É polivante, forte, com 1,90 m, marca pressão e que faz gol. É um elemento diferente do que estamos acostumados, acho que vai ajudar muito.
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