Movimento surpresa suíço ajuda a explicar domínio sobre a Hungria

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Meio-campista Aebischer foi a novidade na escalação e mostrou-se ótima arma para Murat Yakin A Suíça confirmou a expectativa de ser a segunda força do Grupo A na estreia da Euro 2024. Na tarde deste sábado, em Colônia, dominou a Hungria por grande parte do duelo e venceu por 3×1. Aebischer, meia do Bologna, acabou sendo a surpresa bem sucedida que ajudou a desequilibrar o sistema defensivo adversário.
A boa sensação deixada pelo húngaros nas eliminatórias para a Eurocopa não foi confirmada no debute da equipe, que até conseguiu melhorar na 2ª etapa. Diminuiu o placar e chegou a pressionar, mas apresentou muitos erros de marcação e dificuldade de manter a regularidade na hora de criar.
Escalações
Como de praxe, Marco Rossi montou a Hungria com três zagueiros. Szoboslai, Sallai e Varga foram os homens mais avançados. Fiola entrou na ala-direita. Já Murat Yakin, técnico da Suíça, também escalou sua equipe num 3-4-2-1. O lateral Ricardo Rodriguez compôs o trio de zaga com Akanji e Schar. Aebischer foi o ala pela esquerda. N´Doye, Duah e Vargas foram os jogadores mais adiantados.
Como Hungria e Suíça iniciaram o duelo válido pela 1ª rodada do Grupo A da Eurocopa 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
A surpreendente escalação do meio-campista suíço Aebischer na ala-esquerda tinha uma razão, e ela não demorou a se revelar produtiva. A ideia de Yakin foi gerar um elemento surpresa pelo meio quando sua equipe tinha a bola. E assim foi feito. Em quase todos os momentos de instalação no campo rival, Aebischer traçava uma diagonal da esquerda para as costas dos volantes húngaros.
Exatamente nesta posição ele recebeu um belo passe de Akanji e serviu Duah em profundidade no primeiro gol do atacante com a camisa da seleção. A vantagem construída em 11 minutos premiou a estratégia suíça, que ainda tinha movimentos de apoio de Ricardo Rodriguez pela esquerda. O lateral convertido em zagueiro, ganhava liberdade para avançar quando Aebischer flutuava para o meio.
Ruben Vargas também foi importante. Mantinha a amplitude pelo lado esquerdo do ataque quando os movimentos de seus companheiros de setor eram feitos. Foi muito agressivo nas boas pressões pós-perda que os suíços fizeram. Em uma delas, aproveitou erro do Kerkez para obrigar Gulacsi a fazer grande defesa.
Além da dificuldade de proteger o espaço entre a defesa e meio no próprio campo, a Hungria oscilava ao subir a marcação. Muitas vezes fazia pressões sem a devida intensidade, revelando espaços entre os setores também mais a frente, e gerando liberdade a Xhaka atrás do primeiro bloco de marcação. O camisa 10 organizava o ritmo suíço a partir daí, e os húngaros se viam amplamente dominados.
Aebichser(em amarelo) trabalhando entre ou nas costas dos volantes da Hungria. Na parte de baixo da imagem, Ricardo Rodriguez avançando para compensar o movimento do ala-esquerdo, e Ruben Vargas gerando amplitude ao time no setor
Rodrigo Coutinho
O controle era da Suíça, que não criou tantas jogadas de perigo quanto o cenário poderia prever, mas foi cirúrgica de novo nos últimos minutos. Novamente Aebicher recebendo pelo meio, desta vez de frente para os volantes rivais, limpou a marcação e bateu com estilo para ampliar. Destaque para a ultrapassagem de Ricardo Rodriguez atraindo a marcação.
Nos poucos momentos em que tiveram a bola na 1ª etapa – apenas 39% do tempo -, os húngaros tentaram reunir jogadores no setor em que o ataque se desenvolvia. Quase sempre o lado esquerdo. Os volantes se uniam aos dois meias, ao ala do setor e também a dois dos três atacantes. A tentativa era aproveitar essa superioridade, mas a Suíça marcou muito bem. Foi compacta e agressiva.
A seleção do leste europeu tinha sempre uma troca de passes truncada em virtude disso. Não conseguiu colocar Szoboslai em boas condições para criar em basicamente nenhum momento antes do intervalo. Marco Rossi sacou o zagueiro Szalai antes da volta para a 2ª etapa. Bolla entrou na ala-direita e Fiola passou ao trio de zaga.
Orban e Widmer brigam pela bola em Hungria x Suíça pela Eurocopa
Angelos Tzortzinis / AFP
A Suíça manteve o controle das ações por cerca de 15 minutos na 2ª etapa. Xhaka passou a aparecer em uma região mais adiantada do gramado e serviu os companheiros em duas finalizações bem defendidas por Gulacsi. Se continuava com seus problemas defensivos, a Hungria parece ter se soltado mais ofensivamente depois do intervalo.
Conseguiu ganhar agressividade e também contou com uma pressão menos eficaz da Suíça ao adiantar o bloco de marcação. Passou a chegar com perigo pelo lado esquerdo. Acionou mais vezes Szoboslai nas proximidades da área e diminuiu o placar em cruzamento do meia do Liverpool para a cabeçada de Varga.
Até mesmo um dos três zagueiros húngaros começou a transitar mais vezes no campo de ataque, se projetando pelo lado em que a jogada se desenvolvia e sendo mais uma peça nas tentativas de superioridade numérica em relação ao adversário. Marco Rossi tornou seu time ainda mais ofensivo com a entrada do centroavante Adám na reta final do jogo.
Duah comemora, Hungria x Suíça
REUTERS/Carmen Jaspersen
Sallai foi outra peça a crescer na Hungria durante o 2º tempo. Atuou como ala pela esquerda nos minutos finais. A Suíça pareceu mais desgastada fisicamente depois do intervalo, e a mais vibrante torcida húngara somou no ambiente de pressão que o cenário do jogo mostrava para a seleção do leste europeu.
As mexidas feitas por Murat Yakin, porém, começaram a fazer efeito, e a Suíça se reequlibrou. Deixou de sofrer na defesa e explorou os muitos espaços deixados pela Hungria. Embolo já havia feito grande jogada em lance finalizado por Rieder, e logo depois aproveitou a falha de Orbán para encobrir Gulácsi e dar números finais ao duelo.

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