Palestra com base e futebol feminino do Flamengo emociona Zico: “Lembrança da chegada, dos sonhos”

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Maior nome dos quase 129 anos do Flamengo, o ídolo reuniu jovens em auditório num hotel da Zona Oeste do Rio de Janeiro Maior nome dos quase 129 anos do Flamengo, Zico é um homem que raramente se emociona em público, mas a última quarta-feira mexeu demais com o eterno camisa 10 da Gávea.
Em palestra que reuniu todas as categorias do sub-13 ao sub-20 B masculino (o time A está no Uruguai para a disputa da Libertadores) e o sub-20 e o time profissional do futebol feminino, Zico se arrepiou ao lembrar da época em que ainda era o Galinho de Quintino, franzino e baixinho, e o que precisou fazer para se tornar um gigante insuperável com o vermelho e preto do Flamengo.
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– Foi muito emocionante porque lembrei exatamente do meu começo, da base. Lembrança boa da chegada, dos sonhos, de me imaginar jogando profissionalmente. Lembrei do meu tempo de torcedor, das dificuldades que passei. Cheguei aos 13 anos e só fui jogar uma competição dois anos depois – disse ao ge.
Zico com o filho Thiago, ex-meia do Flamengo, e Vitor Zanelli (VP da base), Carlos Noval (gerente da base e transição) e Luiz Carlos (gerente de futebol profissional do Flamengo)
Divulgação/Flamengo
Craque já na função de palestrante, Zico foi convidado pelo gerente de futebol profissional do Flamengo, Luiz Carlos, que até janeiro exercia a função de gerente geral da base.
Luiz Carlos conversou com Thiago Coimbra, filho de Zico, presidente do CFZ e prata da casa do Flamengo, clube que defendeu profissionalmente em 2006. Luiz chegou a perguntar sobre valores, mas o ídolo maior do clube recusou-se a cobrar para elaborar o evento “DNA RUBRO-NEGRO”.
Além de Luiz Carlos, marcaram presença Carlos Noval, gerente de futebol de base e transição, Vitor Zanelli, vice-presidente de futebol de base, feminino e futsal, e o ídolo Filipe Luís, treinador do sub-17.
Filipe Luís dá um beijo em Zico, maior ídolo da história do Flamengo
Paula Reis/Flamengo
Em entrevista ao canal podcast “Fala, João!”, do narrador João Guilherme, Zico ficou feliz por ver o preparo físico dos garotos que têm a idade da época de sua chegada ao Flamengo e brincou com a discrepância em relação aos anos 70.
– Foi emocionante, fiquei nervoso. Porque não é fácil, foram 20 anos ali. Você vê aquela garotada toda uniformizada e toda bem preparada. A primeira foto lá sou eu pequenininho jogando, magrinho, a bola maior do que eu (risos). Eu falei para os garotos de 14 anos que eles pareciam que era do basquete (risos) – disse a João Guilherme.
Vale destacar que Zico, sob orientação do professor José Roberto Francalacci, ganhou 17 centímetros de altura e 30 kg de massa muscular ao longo de sete anos. Mas, para tornar-se o jogador forte que atropelava marcadores e carregava a bola consigo até a meta adversária, o então garoto de Quintino passava por rotina sacrificante.
Como Seu Antunes, pai de Zico, não abria mão dos estudos, a rotina era a seguinte: saía seis da manhã de Quintino e treinava na Gávea de 8h às 10h30. Às 11h, pegava ônibus para a Central, onde estudava no Rivadávia Correia de 12h às 17h. À noite, o craque voltava para o Leblon.
Zico palestra para meninas e meninos do Flamengo
Paula Reis/Flamengo
Zizinho e Rondinelli “escalados” pelo Galinho
Embora seja figura inalcançável no Flamengo, Zico é conhecido pela humildade. Para explicar o que é “ser Flamengo” e o significado da “raça” tão exigida pela torcida, o Galinho de Quintino escalou Zizinho e Rondinelli como peças-chave do evento “DNA RUBRO-NEGRO”.
– Levei alguns dias para tentar buscar um nome para palestra. Aí descubro: DNA rubro-negro. E procurei trazer situações que eram referentes ao Flamengo. Você imagina eu, com 14 anos, encontrar o Zizinho, um dos grandes nomes da história do futebol e do Flamengo. Ele era técnico do América, do Edu (irmão de Zico), e eu ia muito no treinamento. Ele me chamou e falou: “Ô, moleque, sei que você joga bem, mas Flamengo não é só talento. Tem que ter raça. Quando está ruim e a bola está batendo na canela, sai dando bico e carrinho. Já vi queimarem camisa de jogador porque não corria” – afirmou o ídolo a João Guilherme, emendando:
Zico palestra para meninas e meninos do Flamengo
Paula Reis/Flamengo
– Eram meus primeiros passos no Flamengo. Pouca gente que estava ali sabia quem era Zizinho. Tem que resgatar. O que é raça? Eu joguei com o Deus da Raça. Estava jogando um jogo com o Bangu, estava horrível, e o time não estava se acertando. No vestiário, o Rondinelli, com raiva, dá uma porrada na pia. Ele botou o braço em baixo, fez um rasgo, e ele tinha que levar 12 pontos. Ele não quis dar ponto, enfaixou e foi para o jogo. Aquilo contagiou todo mundo, e nós ganhamos de 2 a 0. Botei Rondinelli como exemplo em mais um capítulo da raça que o jogador tinha que ter.
Zico, aliás, não se cansa de falar que o único lance que o emociona até os dias de hoje é o gol de Rondinelli contra o Vasco em 3 de dezembro de 1978, responsável por garantir o 18º Carioca do Flamengo. O Galinho quem bateu o escanteio que encontrou a cabeça do Deus da Raça.
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Por fim, para destacar a importância da base a meninas e meninos que assistiam à palestra, fez uma viagem no tempo. Foi de ídolos contemporâneos ao elenco que conquistou o Mundial Interclubes em 1981, com vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool comandada pelo Galinho de Quintino.
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– Ganhamos jogos e saímos vaiados e outras vezes saímos aplaudidos pela raça e por lutar até o final. O hino do Flamengo diz: “Tua glória é lutar”. Esse trio de raça, amor e paixão não tem coisa melhor. Nós na frente do eu. Para dar uma descansada na molecada, mostrei um minuto de vídeo de gols de falta (risos). Mostrei a importância da base e falei sobre onde estão Vini Jr, Paquetá e João Gomes, por exemplo. Daquele time de 81, dos 17 que foram ao Japão, 11 eram da base.
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