Paulo Gomes relembra primeiro encontro com Abel Ferreira: “Não tem soberba nenhuma”

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Agora pela Copa do Brasil, técnicos portugueses de Botafogo-SP e Palmeiras voltam a se enfrentar quase dois meses após duelo no Paulistão Embora tenham a mesma nacionalidade e vivam do futebol, Paulo Gomes, técnico do Botafogo-SP, e Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, só foram se encontrar pessoalmente pela primeira vez em março deste ano, quando as duas equipes se enfrentaram na última rodada do Paulistão, com vitória Alviverde por 1 a 0 em Barueri (SP).
Paulo Gomes tem Abel Ferreira como uma das inspirações no futebol
Após o confronto, o trabalho de organização do Botafogo foi elogiado por Abel Ferreira na coletiva de imprensa. Os dois chegaram a conversar na ocasião e o registro foi feito por Gomes nas redes sociais, dizendo que estava grato pelas palavras elogiosas a ele e ao time, destacando que o treinador palmeirense é inspiração para o trabalho dele.
Nesta quinta-feira, Gomes e Abel voltam a ficar frente a frente, desta vez pela Copa do Brasil. O primeiro jogo da terceira fase é às 21h30, no Allianz Parque. A volta está marcada para o dia 23, às 19h, em Ribeirão Preto (SP).
– Eu acompanhei um pouco o trabalho dele em Portugal, ele é um pouco mais novo que eu. Eu joguei em um time na zona Norte de Portugal que fica na mesma região onde ele nasceu e acho que ele chegou a jogar lá na base. Acompanhei um pouco o percurso dele, depois foi para o Sporting. Foi sempre um jogador referência. Mas pessoalmente não tive contato, até porque Lisboa é longe de Porto. Mas tive agora e é uma pessoa sensacional, de trato fácil, não tem soberba nenhuma e isso para mim foi uma agradável surpresa – disse Paulo Gomes em entrevista exclusiva ao ge.
Abel Ferreira, do Palmeiras, e Paulo Gomes, do Botafogo-SP
Arquivo Pessoal
“Não poderia faltar”
Paulo Gomes chegou ao Botafogo em novembro de 2023. Esta é a primeira temporada dele no Brasil, mas não o primeiro contato com o futebol brasileiro, já que participou de cursos para técnicos da CBF.
Em uma das ocasiões, teve aula com Abel Ferreira, mas não de forma particular. Gomes trabalhava na Arábia Saudita e, mesmo na madrugada, fez questão de acompanhar os ensinamentos do compatriota.
-Foi uma chamada de vídeo em uma aula que ele deu para a CBF, para todos os técnicos. E eu, neste dia, tinha acabado de vencer uma partida na Arábia Saudita e estávamos na liderança da liga. Eu lembro que foi no Ramadã. Era umas 3h da manhã e eu cheguei ao hotel. Era 21h por aqui [no Brasil]. Era uma aula online e eu fui lá assistir, não poderia faltar. Foi interessante.
Paulo Gomes em Botafogo-SP x Palmeiras no Paulistão
Rebeca Reis/Ag. Paulistão
Gomes é fã declarado de Abel Ferreira pelas ideias em campo e também pela forma como ele trata os atletas e pensa no lado humano dos jogadores e membros da comissão técnica.
– As ideias que ele tem são ideias interessantes. Quando você tem tempo para aplicar as ideias e passar aos jogadores, e se o próprio clube dá esse tempo de eles assimilarem, isso é uma coisa. Aqui tivemos duas rodadas da Série B. E ouço torcedores dizendo que tivemos 30 dias para trabalhar, como se 30 dias fossem três anos, mas não é. Parece que é muito tempo para conhecer vinte e tantas pessoas, mas não é. Se te colocarem numa equipe de cinco pessoas para trabalhar durante um mês você não os conhece bem. Imagina num campo de futebol, vinte tantas pessoas, mais equipe técnica. Se trata de pessoas. Todos somos pessoas, não tem só a ver com futebol. Tem a ver com pessoa que joga futebol. E a pessoa tem problemas também. Também vem de um processo diferente, como foi tratada antes, como está sendo tratada agora. Experiências antigas que formataram um pouco a mentalidade, tem que adaptar a pensar de outra forma. Depois, colocar todos para pensar na mesma coisa ao mesmo tempo, fazer acreditar. Essa é a função do treinador: fazer com que todos acreditem e trabalhar bem taticamente – destacou.
Abel Ferreira em Palmeiras x Botafogo-SP
Marcos Ribolli
Confronto na Copa do Brasil
No Paulistão, o Tricolor chegou a criar boas oportunidades contra o Palmeiras e jogava, na visão dos dois técnicos, de igual para igual com o Verdão até a expulsão de Matheus Costa, do Botafogo, em falta em Rony no primeiro tempo.
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O gol do Palmeiras saiu apenas na metade do segundo tempo, de cabeça, com Rony, embora a defesa botafoguense tivesse se mantido organizada durante todo o jogo, segundo Gomes.
– Creio que fizemos uma boa partida lá, independentemente das contrariedades que levamos para o jogo. Teve a lesão do Maciel semanas antes, um jogador que vinha sendo importante para nós. O Soutto surgiu bem e encaixou bem, deu uma estabilidade que nos faltava. Creio que até a expulsão o jogo foi aberto, tivemos nossas chances, poderíamos ter marcado. São contextos diferentes. O Palmeiras estava um pouco mais “desligado”, se é que posso dizer isso da equipe do Abel, que nunca está desligada. Criaram muitas oportunidades contra nós, essa é a realidade. Fizemos um bom jogo e eles fizeram o necessário. Dessa vez vai ser outra história e esperamos que a vitória seja nossa – disse Gomes, que considera o Verdão favorito na Copa do Brasil.
Rony em Palmeiras x Botafogo-SP
Marcos Ribolli
-É um duelo desigual. Ele está com quatro anos de trabalho, além do que é o clube Palmeiras, a equipe técnica dele, que tem grande qualidade. A forma que todos me receberam lá, foram pessoas com dignidade, com a forma de tratar os outros assinalável. Acho que têm essa vantagem de estarem junto há muito tempo, se conhecerem bem, na aplicação das ideias. Eles têm essa vantagem de os jogadores saberem o que ele pode mudar de estratégia facilmente durante o jogo. Estamos um pouco mais atrasados nesse nível, mas creio que estamos um pouco melhor em relação ao que fizemos no último jogo contra eles. Espero que estejamos à altura da partida e que consigamos fazer um bom jogo, sabendo que são dois tempos e que vamos jogar a primeira parte lá na casa deles e queremos fazer um bom resultado.
Apesar de reconhecer o favoritismo do Palmeiras, Paulo Gomes acredita que o Botafogo não terá uma postura somente defensiva no jogo desta quinta.
– Desde que cheguei, essa é minha máxima: vamos bater com todos os times para ganhar. Se vamos ou não, é outra questão. E tem a diferença que eu sempre digo, do resultado ou do processo, do rendimento. O que a equipe apresenta é uma coisa e o resultado é outra – afirmou.
Paulo Gomes, técnico do Botafogo-SP
João Victor Cristovão/Agência Botafogo
Comportamento à beira do gramado
Assim como Abel Ferreira, Paulo Gomes também é enérgico à beira do gramado com os seus jogadores e até mesmo com a arbitragem.
Segundo ele, que também foi jogador, mas teve a carreira interrompida por lesões, é do perfil dele ser mais vibrante.
– Não pode ser tranquilo e sanguíneo ao mesmo tempo. Se o técnico não fala à beira do campo, reclamam que não diz nada. Se é um cara vibrante, que está em cima do time, reclamam que está falando sempre e que leva amarelo todo jogo. Tenho três amarelos até agora, não é excessivo. Quem esteve dentro de campo conhece bem os árbitros e a forma que dirigem as partidas, sabe mais ou menos o que vai acontecer (…) Somos parecidos nesse sentido de o emocional estar sempre com o time e a gente quer ver nosso trabalho em campo. Se perceber que está sendo prejudicado, falo por mim, é no sentido de prejudicarem nosso time, nossa equipe – analisou.
Paulo Gomes, técnico do Botafogo-SP
João Victor Menezes de Souza / Agência Botafogo

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