Rodrygo assume responsabilidade de usar a camisa 10 da Seleção: “Os olhos do mundo estarão em mim”

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Atacante diz que usará a camisa mais pesada da história do futebol e afirma que o número volta para Neymar: “Só estou substituindo ele por um momento” Em atualização
A camisa 10 da seleção brasileira será usada por Rodrygo na Copa América de 2024. O atacante do Real Madrid assumiu a responsabilidade em usar a “camisa mais pesada da história do futebol” e afirmou que o mundo estará de olho nele.
— É uma honra estar vestindo a 10, acho que é a camisa mais pesada da história do futebol. Eu sei que é uma responsabilidade muito grande para mim e eu assumo essa responsabilidade, mas o nosso papo sempre dentro do vestiário é que aqui a gente vai dividir as responsabilidades. A gente não vai deixar só com um ou dois jogadores, todo mundo vai assumir seu papel pro grupo ser cada vez mais forte — disse Rodrygo, que completou:
— Acho que só assim a gente vai poder chegar no nosso objetivo. Mas, claro, falando sobre mim, é uma honra, é um prazer para mim vestir essa camisa. Sei da minha responsabilidade, sei que cada dia eu tenho que estar melhor. Sei que os olhos do mundo inteiro vão estar em mim ali com aquela camiseta, então estou preparado para seguir fazendo as coisas bem para responder à altura do que esperam.
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Rodrygo vai vestir a camisa 10 da seleção brasileira na ausência de Neymar
Rafael Ribeiro / CBF
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Fã de Neymar desde pequeno, Rodrygo disse que só está usando a camisa 10 da Seleção enquanto o meia do Al-Hilal estiver machucado. O atacante do Real Madrid disse que aguarda a visita dele na concentração do time.
— A gente estava se falando ontem ou antes. E eu sempre tento deixar claro isso para ele, que por mais que eu esteja com a camisa 10 agora, a camisa é dele. Eu só estou substituindo ele por um momento. A gente está esperando ele de volta. Sempre que eu for falar do Neymar, eu vou falar com um sorriso no rosto, com um brilho nos olhos. É o meu ídolo, é o cara que eu mais gosto de assistir jogando futebol. Então a gente estava se falando, acho que ele deve ir no treino, ou vir aqui no hotel algum dia. Sem dúvidas vou pegar algumas dicas. Neymar é o melhor que a gente tem, então temos sempre que aprender com os melhores.
Rodrygo e Neymar em treino do Brasil no ano passado
Daniel Leite/Momentum Produtora
Rodrygo faz uma dupla de atacantes com Vini Jr no Real Madrid. Na seleção brasileira, o jogador tem atuado como um “falso nove”, em uma função de mais criação no ataque, circulando em todas as faixas do campo. O jogador falou que gosta da versatilidade que tem.
— Essa é a pergunta que eu mais recebo, sobre a minha versatilidade. Gosto disso. Na Seleção, jogamos de uma forma diferente do que estou acostumado a jogar no meu clube, e eu gosto disso, me faz bem “jogar em todas”. Às vezes estou em um lugar, aí troco com o Paquetá ali no meio, isso dá opções ao Dorival Júnior. Me sinto cômodo onde ele pretende me colocar dentro de campo, então estou ali para ajudar a seleção sempre.
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Você pode ser o melhor do mundo nesta temporada caso vença a Copa América?
— É um tema muito difícil, acho que tem jogadores na minha frente. Sou consciente disso, por mais que eu tenha bons números, mas eu sou um cara que me cobro muito, então acho que no clube eu tive bons números, mas poderiam ter sido muito melhores. E aí acho que aí sim me colocariam em um outro patamar. Mas tudo pode acontecer. Hoje eu acho que jogo com o melhor jogador do mundo, que é o Vini Jr, pela temporada que ele fez. A gente sabe que tem muita gente na briga e eu estou ali, estou caminhando, estou cada dia mais próximo. A cada temporada estou sendo melhor e como eu falei, esse fato de eu me cobrar muito, acho que meus números poderiam ter sido melhores ainda, pela qualidade que eu tenho. Eu sei que eu posso chegar e agora espero que na Copa América eu aumente meus números. Quem sabe também a discussão possa ser outra mais na frente.
Entrosamento companheiros do Real
— Acho que isso queima umas etapas. Você tendo entrosamento com seu companheiro. Eu e o Vini, jogamos juntos há bastante tempo. Então isso fica mais fácil. Acho que nas outras posições também, o Paquetá e o Bruno Guimarães já jogaram juntos. Então isso é melhor para trazer esse entrosamento para a Seleção. Ajuda muito e acho que fica bem mais fácil para o Dorival na hora de dar certas instruções. Na hora de falar certas coisas para gente. Então, às vezes a gente usa algumas movimentações que a gente faz no clube, a gente passa para ele, e ele põe aqui como uma ideia também. O que for se encaixando para nossa equipe vai ser usado. Então, é muito importante ter esse entrosamento com o Vini e com o Militão também.
Tática e segredo do ataque
— Não dá para contar muito, mas numa coisa que é legal é que sempre fomos mais com o Vini jogando pela esquerda e eu pelo centro, pela direita. Dificilmente tinha essa troca de jogar na esquerda e e acho que nesse ano o Ancelotti descobriu uma nova função. O Vini pode ir por dentro também, até nos jogos das Eliminatórias fizemos essa troca, eu joguei pela esquerda, ele jogou mais por dentro. Deu muito certo. A gente fez isso agora contra os Estados Unidos. Quando saiu a escalação todo mundo pode pensar que eu estou de 9 e o Vini na ponta, mas foi o contrário. Eu estava na ponta e ele mais de nove. Eu acho que isso é uma dessas variações que a gente faz no clube e pode trazer para cá. Mas o resto é segredo (risos).
30 anos do tetra nos EUA
— Acho que jogar aqui se torna um lugar especial. Foi onde a Seleção já venceu. Todo mundo vê as notícias, vê todos falando isso e sabe do momento que a gente está. Acho que chegou a hora da gente conquistar um título mesmo. Conquistar esse título que é tão importante para essa geração que está no começo, uma geração com jogadores de muita qualidade. Só que acho que falta um título, falta a gente provar realmente a nossa qualidade. Acho que estamos num lugar especial e precisamos continuar fazendo tudo que a gente está fazendo de bom, melhorar as coisas que ainda precisam ser ajustadas e aí tem tudo para a gente conquistar esse título.
Ansiedade para a estreia
— Agora está valendo de verdade. Agora bate aquela ansiedade de estreia. Um adversário que a gente sabe que vai ser difícil. Esses adversários sul-americanos sempre nos põem muita dificuldade. E já está todo mundo ansioso. Todo mundo queria que o jogo já fosse hoje. Mas bom também que dá mais tempo para gente treinar, mais tempo para gente evoluir. Tá todo mundo muito ansioso. Vai ser um jogo muito difícil e a gente tá preparado.
Como suportar a ansiedade e o nervosismo?
— O nervosismo sempre bate, mas acho que de uma forma boa. É uma pressão, mas vejo mais como uma oportunidade. Não como uma pressão. Ter a oportunidade de ganhar o primeiro título com a Seleção, aquilo que eu sempre sonhei desde pequeno. Eu quero agarrar essa oportunidade. Não posso deixar passar. Vou dar o meu máximo todos os dias, todos os treinamentos para estar cada dia melhor, todos os jogos. Eu sei que a gente tem um time muito bom. A gente está crescendo. Por mais que seja um começo de trabalho, a gente está crescendo. Então, acho que chegou a hora. Está na nossa hora de botar para fora toda a qualidade que a gente tem para ganhar esse campeonato.
Tecnologia nos estádios
— Acho que é um sonho para todo mundo estar aqui nos Estados Unidos. Jogar uma Copa América aqui é muito legal para todo mundo. E claro, tem os estádios, a gente teve a apresentação da Copa América, de como tudo como seria na competição, de todos os estádios, então a gente fica muito animado assim de ver toda a estrutura. Tudo que está por trás do jogo, tudo que envolve. Estamos muito ansiosos já de jogar em estádios lindos e espero que os gramados estejam bons também, para ajudar mais ainda o espetáculo. Mas a gente está muito preparado.
Essa “pressão” é boa?
— Acho que é uma pressão boa, e eu fico feliz por ter essa responsabilidade. Acho que é sinal que eu estou fazendo algo bom, então eu quero continuar. A gente falou disso de dividir as responsabilidades, mas, claro, a gente sabe que, querendo ou não, uns jogadores têm um pouquinho a mais. Acho que o pessoal da frente acaba tendo um pouco a mais, porque são os caras que provavelmente vão fazer os gols, são os caras de quem a torcida realmente espera uma coisa diferente quando a gente toca na bola. Então tem eu, o Vini, o Savinho, o Martinelli, o Endrick, o Evanilson, todo mundo está muito bem. É normal, mas eu fico feliz com essa responsabilidade. Fico feliz de que as pessoas vão no estádio para me ver. Acho que isso faz parte do espetáculo. E, como eu falei, quero estar cada vez melhor para responder à altura. É tudo isso que espero.
Você tem uma meta de gols?
— Eu nunca tento traçar objetivos individuais, assim. Acho que primeiro sempre vai vir o grupo. Esse sempre foi o nosso discurso também. Primeiro o grupo, depois o individual vai aparecer. Eu nunca traço metas de quantos gols eu vou fazer também para não limitar. Se eu falo que vou fazer cinco gols, então quando eu fizer cinco e tiver mais jogos, eu não vou pensar em fazer mais. Sempre deixo isso em aberto. Eu quero estar melhor, a cada jogo melhorar. E isso de metas acho que não combina muito comigo. É deixar rolar, deixar jogo após jogo e ver o que acontece.
Campos de dimensões menores
— Esse é um assunto complicado, acho que a gente tá sentindo um pouco isso, por isso que nos treinamentos a gente tá tentando se acostumar o mais rápido possível. No amistoso agora com os Estados Unidos já deu para ver. Foi um pouco diferente, não tinha muito espaço. Eu sou um jogador que gosto de estar entre as linhas para receber a bola, girar, poder arrancar e via que nunca tinha espaço. Os jogadores deles sempre estavam muito próximos, então esse é um tema complicado, mas acho que com os treinamentos a gente está se acostumando.
Crescimento gradual
— Acho que cada dia a gente está melhor, cada dia se entrosando mais. Acho que quando entra o Endrick ou não, qualquer outro de frente… o Dorival sempre fala, ele pode fechar os olhos e montar ali a escalação. E tem que continuar a mesma coisa. Cada um sabe sua função. Eu sou um cara que acaba jogando em muitas funções. Eu sei que quando eu estiver aberto, eu vou ter que cumprir as funções de um ponta. Quando eu estiver por dentro, eu vou cumprir as funções de um 9. Então, todo mundo está bem consciente do que tem que fazer em campo. Dorival deixou tudo preparadinho para gente. Agora é só levar pro jogo.
Rosto na Times Square em NY
— É uma emoção muito grande. Sem dúvida é um sonho, acho que todo mundo que passa por ali sonha em ter a sua cara ali e ter uma foto minha com a camisa da seleção brasileira é melhor ainda. É sem dúvida um sonho. Os EUA são lugar dos sonhos e fico muito feliz, de verdade.
Ajuda de terapeuta após pênalti perdido
— Acho que a terapia me ajudou muito. Eu acho que não só sobre esse erro (na Copa, do pênalti perdido), mas sobre tudo na minha vida. Eu sentia que eu precisava ser uma pessoa melhor em todas as áreas, por mais que eu me considere uma pessoa muito boa e todo mundo que me conhece sabe, mas eu sentia que eu podia ser melhor em tudo. Então a psicóloga Rosana, para quem aproveito para mandar um beijo, me ajudou muito, conseguiu desenvolver esse meu lado de melhorar em tudo. Não vou citar uma parte só, mas em tudo, eu consegui ser melhor no relacionamento com as pessoas. É difícil falar, escolher uma parte, mas em tudo, de lá para cá, quando as coisas deram certo, quando tive momentos de dificuldades, mas depois eu aprendi a lidar melhor com os momentos de dificuldades. Antes talvez fossem mais complicados para mim. Então, eu já consegui ter uma visão melhor, consegui pensar melhor, então isso me ajudou muito.
Como agradar ao torcedor?
— Acho que é com o título. Não tem não tem muito o que fazer (a mais). É ganhando. Acho que querendo ou não, no Brasil funciona dessa forma. Tem que ganhar para realmente provar algo e é o nosso objetivo. Também não vejo isso como uma coisa ruim, acho que é sempre importante ganhar. A gente sabe que que ganhando uma Copa América a gente vai se aproximar muito do nosso torcedor. Usando de exemplo a Argentina também que ganhou a última Copa América e depois ganharam o Mundial. Então a gente pode pegar esse exemplo para tentar essa reaproximação com o torcedor ganhando esse título. Demonstrando vontade também dentro dentro de campo, isso ajuda muito para o torcedor se sentir identificado.
Existe desconexão do torcedor com a Seleção?
— Acho que uma parte sim. Mas outra parte a gente sabe que apoia bastante. Mas é normal, a gente está um tempo sem ganhar. O torcedor brasileiro está acostumado a ganhar, ganhou muito no passado, então eles querem voltar a sentir isso de novo. Uma partezinha está desconectada e é isso que a gente vai tentar resgatar. É por isso que a gente está aqui, é por isso que a gente treina todos os dias, por isso que a gente se dedica lá no clube para chegar bem aqui e trazer tudo de bom que a gente faz no clube aqui para a seleção. Mas acho que metade não está conectada com a gente e é o nosso papel tentar resgatar.
Jogar com Mbappé no Real
— Para mim é um prazer jogar com o Mbappé, sempre deixei isso muito claro. Acho que vai ajudar muito no nosso time, vai tornar nosso time ainda mais forte do que já é. Mas acho que agora não é o momento de desviar o foco. Quero estar focado aqui na Seleção. O Mbappé também está disputando o campeonato com a Seleção dele. Então eu quero estar focado aqui, que nada de fora tire o meu foco. Mas sempre deixando claro que é um prazer, é um sonho para mim jogar com um dos melhores jogadores do mundo.

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