Saldo da estreia do São Paulo é mais negativo do que parece

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Time pressionou na 2ª etapa e chegou perto do empate, mas episódios dos 90 minutos causam incerteza sobre o futuro próximo da equipe. A reação nos últimos minutos e o gol de Luciano na metade do 2º tempo diminuiram o tamanho da derrota tricolor no debute da Libertadores 2024 e parecem ter minimizado os efeitos do acidentado jogo contra o Talleres. Uma visão mais fria, porém, revela que os fatores gerados pelo jogo têm desdobramentos ruins para o Tricolor nos próximos dias.
O primeiro ponto é a falta de evolução coletiva mostrada depois de mais de duas semanas de treinamento. O segundo, e mais lógico, a quantidade de lesões que devem tirar novamente jogadores fundamentais de combate nas cruciais semanas que se aproximam.
Ainda há o debate em torno de Galoppo. Ficou cinco jogos sem ser utilizado por Thiago Carpini, apenas assistindo no banco de reservas, e foi determinante para tirar o São Paulo da inércia nesta noite. Não entrava em campo desde 14 de fevereiro. Como justificar e tirar a razão de boa parte da torcida que o requisitava em campo?
Escalações
Walter Ribonetto manteve a base que já vem escalando no Talleres na Copa da Liga Argentina. Já Thiago Carpini confirmou James Rodriguez como titular pela primeira vez na temporada. Wellington Rato voltou ao lado direito do ataque, e André Silva substituiu o lesionado Calleri. Luciano foi para o banco e Lucas partiu do lado esquerdo.
Como Talleres e São Paulo iniciaram o duelo válido pela 1ª Rodada do Grupo B da Libertadores 2024
Rodrigo Coutinho
O jogo
O roteirista do 1º tempo em Córdoba caprichou no quesito drama. Não bastasse os minutos iniciais de imposição e bom futebol do Talleres em uma atmosfera difícil de encarar no Mario Kempes, o São paulo perdeu três dos seus principais jogadores por lesão antes do intervalo. Todos em momentos cruciais para entender a história da etapa inicial.
Rafinha foi o primeiro. Não fazia um bom jogo e deixou o gramado antes dos 20 minutos. Já havia levado um cartão amarelo e errado feio uma saída de bola que quase gerou um gol ao Talleres. Ele mesmo evitou. Igor Vinícius entrou. Neste momento o Tricolor era pressionado. Acuado, mal tinha conseguido sair do campo de defesa, mas ao menos protegia bem a área.
O Talleres também perdeu uma peça importante. O ponta-esquerda Ramon Sosa saiu machucado logo aos cinco minutos e foi substituído por Rodriguez, o que transformou toda a formatação ofensiva da equipe. Sosa atuaria bem aberto pela esquerda. Foi ele que forçou o cartão de Rafinha antes do primeiro minuto.
Rodriguez tem outra característica. Busca mais a área e seria determinante ainda na 1ª etapa. Mas o fato é que o técnico Water Ribonetto se viu obrigado a mexer na ocupação de espaços do Talleres. Benavidez, o lateral-direito que seria mais agudo anteriormente, passou a ficar mais preso na saída com os zagueiros, e Navarro, que faria o papel inverso, ganhou liberdade.
Rafinha em Talleres x São Paulo
Diego Lima / AFP
Portilla, Portillo e Ortegoza controlavam o meio-campo nos primeiros minutos, mas a sucessão de paralisações esfriou o ímpeto dos donos da casa. O São Paulo conseguiu respirar. Prendeu a bola no campo de ataque. Mesmo sem tanta objetividade e criação, evitava que o domínio da partida ficasse com os anfitriões.
Igor Vinícius deu mais agressividade pela direita. André Silva começou a ganhar duelos no campo de ataque. James trocou alguns passes, Alisson se soltava. E quando parecia que o Tricolor começaria a dominar as ações, foi a vez de Lucas se lesionar. O duro golpe afetou a confiança são-paulina. Ferreira entrou da maneira que costuma atuar. Se mexendo, foi para cima da defesa local, mas sem impacto.
O Talleres já voltara a incomodar em ataques rápidos. Rodriguez e Girotti perderam boas chances. O fim do 1º tempo se aproximava e o intervalo poderia ajudar os paulistas a reorganizarem as coisas. Mas a sina de lesões do Tricolor tirou mais um jogador importante de combate. Wellington Rato torceu o tornozelo em dividida no campo de defesa e precisou sair.
Neste momento entrou a polêmica decisão de Thiago Carpini. Como já tinha parado o jogo obrigatoriamente duas vezes para substituições, preferiu esperar os oito minutos de acréscimo com um jogador a menos em campo. Não quis gastar a terceira parada. O Talleres se inflamou com a superioridade numérica e não demorou a abrir o placar com Rodriguez em forte pressão.
Thiago Carpini em São Paulo x Talleres
Diego Lima / AFP
Como o intervalo não conta como parada para alterações, o São Paulo voltou para o 2º tempo com Erick na vaga que era de Wellington Rato, e mais uma janela disponível para trocas. Tinha pela frente o desafio de fazer um jogo de recuperação com desfalques que já teve recentemente na equipe.
Tentou assumir as rédeas do duelo. Passou a ter a bola no campo rival, adiantou a marcação, mas sofreu um duro golpe em debilidade já mostrada em outras partidas dessa temporada. Diego Costa errou ao não cortar uma ligação direta endereçada ao lado esquerdo da defesa, Welington não acompanhou Botta, que bateu no canto de Rafael no 2×0.
James Rodriguez não apresentava nada de diferente daquilo que fez na maioria dos jogos pelo Tricolor. Lento nas ações, burocrático na distribuição dos passes, pouco dinâmico. Luciano e Galoppo foram as cartadas guardadas por Carpini para as mexidas que restaram. Alisson e James saíram.
Talleres x São Paulo Miguel Navarro e Wellington Rato
Diego Lima / AFP
Galoppo é um dos jogadores mais pedidos pela torcida são-paulina para ganhar mais minutos em campo. E ele precisou de apenas um para mandar na trave e ver Luciano diminuir o placar. O Talleres conseguiu encaixar alguns contragolpes perigosos e poderia ter feito o terceiro, mas quem chegou mais perto de balançar as redes de novo foi o São Paulo.
Mesmo sem tanta ordem, na base do ímpeto e da atitude dos jogadores, principalmente Luciano e Galoppo, obrigou o goleiro Herrera a fazer duas grandes defesas, a última delas no minuto derradeiro.
Negativo para o time como um todo e para diversos jogadores, a partida de hoje deve servir ao menos para que Luciano volte a estar na frente de James na hierarquia do meias-centrais do elenco. Afinal de contas, mesmo não tendo a mesma qualidade técnica do colombiano, entrega mais com regularidade. Galoppo também mostrou que precisa receber mais oportunidades.

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