Sem brasileiro no elenco, Borussia Dortmund mantém ligação com o país fora de campo

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Clube conta com profissionais do Brasil no departamento de futebol e ganha torcida de ex-craques que atuaram na equipe A terceira final de Champions League da história do Borussia Dortmund será também a primeira do clube alemão sem um representante brasileiro. Mas só dentro de campo. A forte ligação da equipe com o país se mantém viva na presença de dois profissionais no departamento de futebol – o preparador físico Marcelo Martins e o treinador da academia do clube Rodrigo Martins -, além da torcida especial de ex-jogadores que marcaram época com a camisa amarela e preta.
Rodrigo Martins (em pé, no centro) com ex-jogadores brasileiros do Borussia Dortmund: Tinga, Ewerthon, Amoroso, Evanílson, Dedé e Felipe
Arquivo pessoal
O ge acompanha a final da Champions entre Borussia Dortmund e Real Madrid em tempo real neste sábado, às 16h (horário de Brasília)
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Um deles, o ex-atacante Ewerthon, estará em Wembley neste sábado torcendo pelo bicampeonato europeu do Borussia Dortmund, time que ele defendeu por quatro anos (2001 a 2005), conquistando o Campeonato Alemão logo em sua primeira temporada (2001/02).
– Ir para o Borussia Dortmund foi um presente de Deus na minha vida. Não conhecia o time, não tinha naquela época internet, e eu chego no primeiro ano tendo a felicidade de jogar, ser uma das principais peças do time e no final ser premiado em fazer o gol do título alemão. Isso me marcou bastante – contou o ex-atacante no fim de março, em conversa com jornalistas brasileiros antes do clássico contra o Bayern de Munique, pela Bundesliga.
Ewerthon em ação pelo Borussia Dortmund
Getty Images
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Aos 42 anos, Ewerthon é um dos nove brasileiros que defenderam o Borussia Dortmund na história e o jogador do país com mais gols pela equipe: 54 em 154 partidas. Aquele time campeão alemão em 2001/02 contava com outros três brasileiros: o atacante Amoroso, artilheiro da Bundesliga naquela temporada, com 18 gols, e os laterais Evanílson e Dedé, jogador do país com mais partidas pelo Borussia (398).
O pioneiro, em 1994, foi o zagueiro Júlio César, revelado pelo Guarani e titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1986. No Borussia, Júlio César foi bicampeão da Bundesliga (1994/95 e 1995/96) e conquistou também a Champions League de 1996/97 e o Mundial Interclubes de 1997. O mais recente brasileiro e único que não teve passagem marcante foi o atacante Reinier, ex-Flamengo, com apenas um gol em 39 jogos entre 2020 e 2022.
A tradição verde-amarela no clube inclui, ainda, o volante Tinga, que jogou por lá entre 2006 e 2010; o meia Antônio da Silva, revelado pelo Flamengo e que fez praticamente toda a carreira no futebol alemão; e o zagueiro Felipe Santana, presente na última final de Champions do Borussia, perdida para o Bayern de Munique em 2012/13 no mesmo Wembley em que agora o time tentará o bicampeonato europeu.
Felipe Santana comemora gol salvador em Borussia Dortmund x Málaga nas quartas de final da Chamipons League de 2012/13
Boris Streubel/Getty Images
Onze anos depois, Felipe Santana vê semelhanças nas campanhas até a decisão, e mesmo com o peso da história a favor do Real Madrid ele tem esperança em um final diferente dessa vez.
– Se fizer uma comparação entre as duas gerações, a de 2013 e a de agora, ambas partiram do grupo da morte e conseguiram chegar, passando por vários tipos de fase e de momentos que fortaleceram a nossa equipe até a final. Eu gostaria muito que essa final fosse mesmo contra o Real Madrid, porque é um jogo mais aberto, mais com a cara do Borussia Dortmund, que vai para cima mesmo, com muita organização. Para falar a verdade, eu não colocaria o Real Madrid como o favorito não, já que se trata de um jogo único – afirmou Felipe Santana em entrevista ao ge.
Rodrigo Martins (de preto) ao lado do ex-atacante Ewerthon em um clínica do Borussia Dortmund
Arquivo pessoal
Muitos dos brasileiros que passaram pelo Borussia ainda defendem a camisa amarela e preta atuando pelo time de masters ou participando de eventos do clube. Ao lado deles está outro ex-jogador brasileiro, Rodrigo Martins, que hoje trabalha como treinador em clínicas de futebol organizadas pelo Borussia dentro e fora da Alemanha.
Aos 45 anos, Rodrigo vê nos treinamentos ministrados para crianças ao redor do mundo uma chance de manter a conexão do Brasil com o Borussia.
– Na falta de brasileiros no elenco, nós conseguimos do nosso modo, no meu caso, como treinador, levar a ginga e a dança do futebol brasileiro para que as crianças possam conhecer não só a disciplina tática do futebol alemão mas também o drible, o modo alegre de se jogar futebol, que também é muito importante. É uma troca de estilos enriquecedora para ambos os lados – disse ele ao ge.
– O Brasil é o país onde o Borussia Dortmund tem mais torcedores fora da Alemanha. Essa identificação é muito grande – pontuou o treinador.
Marcelo Martins, preparador físico do Borussia Dortmund
Divulgação/Borussia Dortmund
Um dos preparadores físicos do Borussia, Marcelo Martins é o representante brasileiro na comissão técnica finalista da Champions e celebra a valorização do futebol do país também fora dos gramados.
– Eu me sinto muito honrado e um privilegiado por, de alguma forma, estar representando um país que é celeiro não só de jogadores, como também de excelentes profissionais nas mais diversas áreas, preparação física, fisiologia, nutrição, fisioterapia… – comentou Marcelo Martins na entrevista ao ge.
– Fico de certa forma triste por não ter jogadores brasileiros no elenco, acho que eles sempre tiveram uma representação muito grande no time e gostaria muito que esse ano a gente estivesse indo para uma final com brasileiros no elenco. Infelizmente não temos, mas me sinto honrado, sem dúvida nenhuma, de poder fazer parte desse momento. Depois de 11 anos, o Borussia de volta a uma final. E vamos ficar na torcida para que no final todos possamos comemorar juntos – completou.
Que mosaico! Torcida do Borussia Dortmund faz homenagem a Marco, camisa 11 do time

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