Todos os riscos assumidos pelo Grêmio em La Paz

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Algumas questões levantam-se no horizonte tricolor após o previsível revés sofrido diante do The Strongest. Imaginem quão abençoados são os torcedores do The Strongest (e de outros times que jogam numa altitude considerável). Quase sempre a tua equipe é inferior ao adversário, mas quando joga em casa automaticamente se transforma em favorita, por mais forte que seja o rival. Palmeiras, Flamengo, Manchester City — todos tendem a sucumbir quando sobem ao terraço andino. Todo torcedor deveria ter direito a essa regalia pelo menos uma vez na vida.
Apostando justamente na prevalência dos bolivianos quando jogam em seus domínios, o Grêmio resolveu mandar uma equipe totalmente desfigurada para a estreia na Libertadores. Na prática, a ideia era abrir mão de um jogo onde conquistar pontos era improvável (e onde todos os outros rivais de grupo também tendem a perder) para manter a equipe fresca e concentrada para a decisão do Campeonato Gaúcho, no próximo sábado.
Pior que só ganhar Gauchão é não vencer nem Gauchão, é o que está escrito nas pedras sagradas, localizadas em alguma esquina entre Uruguaiana e Alegrete. No caso dessa temporada, o Estadual ganhou importância adicional, pois o Grêmio pode conquistar o heptacampeonato, ficando a um título de igualar a maior sequência da história (que pertence ao Inter, de 1969 a 1976). Sob o ponto de vista histórico, portanto, a escolha de Renato Portaluppi justifica-se plenamente.
No entanto, algumas questões levantam-se no horizonte libertador após o previsível revés sofrido em La Paz. Muito menos em relação à atuação do time que entrou em campo e mesmo ao placar, que até manteve sob controle algum disparate em saldo de gols, mas especialmente no que se refere ao próprio adversário. Porque o The Strongest, “El Más Fuerte”, na verdade não se mostrou tão forte assim, mesmo jogando rente ao tornozelo de Deus (ou Pachamama).
O desempenho da equipe boliviana não permite cravar que ela terá um aproveitamento perfeito em seus domínios, como costuma acontecer. E, nesse caso, com qualquer tropeço do The Strongest em casa, a situação do grupo pode se tornar um tanto cavernosa. E uma dúvida começa a coçar atrás da orelha: com a equipe titular, não seria o Grêmio capaz de conquistar pelo menos um ponto, valiosíssimo?
Na chave, Grêmio e Estudiantes despontam como favoritos. Mas há uma incógnita que se chama Huachipato e pode se tornar uma incômoda terceira força. Apesar de ser um clube de história modesta, Los Acereros obtiveram a vaga na Libertadores com a conquista do Campeonato Chileno e passaram a temporada passada jogando mais do que os gigantes Colo Colo, Católica e Universidad de Chile.
O Grêmio calculou todos os riscos quando decidiu subir a La Paz com um time alternativo. Reconheceu a importância da decisão estadual e apostou na capacidade de recuperação na Libertadores a partir dos jogos da Arena. A surpresa, o risco inesperado, talvez tenha sido justamente encontrar um adversário que, mesmo na altitude, teve um desempenho cambaleante — e assim, por vias tortas, pode acabar colocando fogo no grupo.
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Arte

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