Torcedor autista realiza sonho de conhecer Cássio e se despede do ídolo: “Experiência marcante”

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Assim como a filha do agora ex-goleiro do Corinthians, Leonardo foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista quando criança, o que chamou a atenção do ídolo Estádio do Pacaembu, 23 de maio de 2012, por volta de 23h15. Era o jogo da volta entre Corinthians e Vasco pelas quartas de final da Libertadores. O relógio marcava 18 minutos do segundo tempo quando o atacante vascaíno Diego Souza se viu cara a cara com o goleiro corintiano Cássio. A torcida alvinegra chegou a prender a respiração por um instante, sem saber que, segundos depois, o camisa 12 faria aquela que se tornaria uma de suas principais defesas pelo Timão.
Foi naquele exato momento que o goleiro se consagrou como ídolo de Leonardo Silva Santucci Bastos, hoje com 16 anos. Mas não foram “apenas” os nove títulos conquistados pelo Corinthians durante 12 anos de história que fizeram com que Cássio se tornasse especial para o torcedor de São Roque, no interior de SP.
Torcedor de São Roque realiza sonho de conhecer o goleiro Cássio
Arquivo pessoal
Os dois também compartilham outra situação em particular: assim como Maria Luiza, filha do atleta, Leonardo foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) quando criança. Hoje, embora faça acompanhamento com psicóloga, psicopedagoga e psiquiatra, por estar no grau um do distúrbio, o adolescente tem uma rotina normal na escola e interage com quem tem afinidade.
A conexão que ele criou com Cássio foi tão grande que, no último sábado, o levou a percorrer mais de 80 quilômetros entre São Roque e São Paulo com a família, de última hora, apenas para acompanhar a coletiva de despedida do atleta no CT Joaquim Grava – e, quem sabe, realizar o sonho de conhecer o ídolo pessoalmente.
– Estávamos eu e minha esposa deitados na cama, e ele na sala vendo o Cássio chegar ao CT. Nisso, o Cássio desceu do carro e atendeu várias pessoas, mas, como ele tinha horário, falou que ia fazer a coletiva e, na saída, parava para atender os que ainda estivessem lá. Neste momento, minha esposa e eu decidimos pular da cama e chamá-lo para ir ao CT – conta o pai, o motorista Carlos Eduardo Santucci Teixeira Bastos.
Leonardo e os pais foram até o CT do Corinthians para tentar conhecer o goleiro Cássio
Arquivo pessoal
Leonardo, o pai e a mãe, Daiane Iara Silva, chegaram ao Centro de Treinamento do Corinthians às 11h50 e lá ficaram até o término da coletiva, por volta de 15h. Mesmo estando do lado de fora do CT, a família acompanhou a última entrevista de Cássio como goleiro do Corinthians pelo celular e, alguns minutos depois, teve a chance de encontrá-lo ao vivo.
– O Cássio foi muito gentil com o meu filho, que estava com o cordão de identificação do autista, o que fez com que ele fosse muito atencioso. Ele o puxou para o lado, onde havia menos pessoas, para a minha esposa tirar uma foto com ele, e, ainda, deu um abraço nele e autografou a camisa. Meu filho o elogiou e agradeceu pela atenção. Foi uma experiência marcante – relata Carlos Eduardo.
Pai e filho também conheceram o técnico do Corinthians, António Oliveira
Arquivo pessoal
🖤🤍 ‘Sangue corintiano’
O relacionamento de Leonardo com o Corinthians começou como uma espécie de herança de família. Tanto ele quanto os pais e a irmã, Nathalie Silva Santucci Bastos, dizem ter “sangue corintiano” nas veias.
– Corintiano já nasce corintiano. Não tem explicação, está no sangue. Sempre que tem jogo, assistimos todos juntos. Já fomos algumas vezes na Arena Corinthians assistir também – explica (ou tenta explicar) o pai.
Foi justamente por isso que a notícia da saída de Cássio do Timão chateou a família toda, que gostaria de ver o goleiro encerrando a carreira no clube que fez história. Na tarde de terça-feira, o atleta foi anunciado como novo goleiro do Cruzeiro até o fim de 2027.
– Meu filho ficou surpreso e triste, pois a perda de um ídolo não e fácil. Por nós, ele podia ficar mais um tempo. Mas, pelas críticas e pela cobrança, uma mudança poderá ser melhor para ele. E, saindo agora, ele não se desgasta com a torcida e consegue sair pela porta da frente, reconhecido como deve ser. Quanto ao outro clube, que ele tenha sorte e possa jogar bem lá – opina Carlos Eduardo.
Leonardo e a família assistem aos jogos do Corinthians todos juntos
Arquivo pessoal
– Com certeza ele é um ídolo por tudo o que conquistou e fez pelo clube. E o principal: nos deu os títulos da Libertadores e do Mundial. A defesa mais importante dele foi aquela contra o Diego Souza na Libertadores, pois, naquele momento, se sai o gol do Vasco, não seríamos campeões – continua.
Para pai e filho, o Corinthians precisará lidar com a ausência de Cássio, ao mesmo tempo em que ainda está se adaptando ao trabalho do técnico português António Oliveira (com quem Leonardo e Carlos Eduardo também tiraram fotos em frente ao CT no sábado).
– O time vai sentir falta dele com certeza, pois foram 12 anos, mas achamos que o Carlos Miguel vai dar conta do recado. O momento do time é de início de formação e tem muitas dificuldades na montagem do elenco. Vai ser um processo que pode levar tempo, mas esperamos que forme um time forte – finalizam.
Leonardo e o pai, Carlos Eduardo, compartilham a paixão pelo Timão
Arquivo pessoal

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