A extrema direita avançou nas eleições na Europa; o que acontece agora, e por que é importante?

Políticos de extrema direita devem ter 130 das 720 vagas do Parlamento Europeu. Os líderes dos blocos devem começar a negociar nesta semana. Extrema direita avança em eleições para o Parlamento Europeu; entenda
A União Europeia é um bloco que nasceu de entidades criadas após a derrota dos países do Eixo na Segunda Guerra (Itália, Alemanha e Japão) e, durante anos, a extrema direita nacionalista tinha uma participação muito marginal nas decisões políticas.
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No último domingo (9), no entanto, as forças de extrema direita tiveram um bom desempenho nas eleições para o Parlamento Europeu e podem influenciar políticas da União Europeia ligadas a imigração, segurança e politicas contra as mudanças climáticas.
E agora?
Ainda não está claro quais serão as alianças formadas entre os representantes eleitos para o Parlamento Europeu para os próximos cinco anos.
As conversas entre os líderes de bancadas devem começar nesta semana.
Os presidentes e primeiros-ministros de países da União Europeia vão se encontrar em uma reunião de cúpula no dia 17 de junho para fazer um balanço da votação e também para discutir como farão para reconduzir Ursula von der Leyen para a liderança do braço executivo do bloco, a Comissão Europeia.
As primeiras sessões do novo Parlamento começam no meio do mês de julho, na cidade de Estrasburgo, na França.
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Partidos conservadores moderados, favoráveis à União Europeia, devem ser o maior grupo da Casa. As forças populistas e de extrema direita nunca foram tão numerosas, mas é um grupo que tem visões divergentes de muitos assuntos.
Uma novidade já é nítida: os resultados da votação devem tornar mais lentas as decisões do Parlamento em temas importantes, como subsídios para a agricultura e mudança climática.
Por que é importante?
As duas guerras mundiais e o Holocausto começaram na Europa, e a União Europeia foi criada para evitar horrores como esses: a ideia do bloco é fazer com que inimigos começassem a fazer comércio entre eles, abrissem fronteiras e tivessem uma moeda única. Isso implica abrir mão de algumas funções que são próprias dos Estados para garantir estabilidade após séculos de conflitos.
O mercado único da União Europeia ajudou os países em uma economia mais globalizada.
Como se trata de um bloco formado por 27 países, as sanções econômicas que a União Europeia impõe são significativas.
Algumas políticas da União Europeia são um parâmetro para o mundo inteiro. Entre elas, pode-se citar
As restrições a gases causadores do efeito estufa.
Medidas de proteção de dados dos usuários de internet.
Regulamentação das grandes empresas de tecnologia.
No entanto, as instituições e os valores pelos quais o bloco preza têm sido ameaçadas em diversos países da União Europeia —há eventos de violência política em países como Alemanha. Eslováquia e Dinamarca, na Hungria persegue-se a mídia independente e em diversos países do bloco há maus tratos aos imigrantes.
E a Ucrânia?
A grande maioria dos países do bloco se uniu para apoiar a Ucrânia depois da invasão do país pelas forças militares da Rússia, em fevereiro de 2022. Cinco países da União Europeia fazem fronteira com o território russo.
Os europeus deram bilhões de euros em ajuda financeira e militar para que a Ucrânia pudesse enfrentar os russos e também abriram o caminho para que incluir o país na União Europeia. Também foram impostas sanções econômicas contra a Rússia.
Com os resultados da última votação para o Parlamento Europeu, as discussões sobre a Ucrânia podem ficar mais difíceis.
Há dois blocos de extrema direita no Parlamento Europeu:
Europeus Conservadores e Reformistas (ECR), a frente de Giorgia Meloni, da Itália, apoia a Ucrânia.
Identidade e Democracia (ID), de Marine Le Pen, da França, é mais amigável com a Rússia –Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria, é um dos aliados mais próximos de Vladimir Putin na Europa.
Divisões na extrema direita
A divisão da extrema direita sobre a Ucrânia no Parlamento Europeu mostra que as forças desse campo político têm um obstáculo difícil de ser superado: são grupos nacionalistas que, por definição, se preocupam com os interesses de seus próprios países e por isso enfrentam barreiras para trabalhar em conjunto.
Além das frentes ECR e ID, há outros representantes de extrema direita que não estão em nenhuma coligação.
Os Resultados iniciais mostram que no total os políticos desse espectro devem ter 130 assentos de um total de 720 vagas no Parlamento Europeu.
O impacto que esses grupos de extrema direita vão causar dependerá, em grande medida, de como será o trabalho de união entre eles.
O Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) foi expulso recentemente do ID porque o líder do partido, Maximilian Krah, disse que nem todos os membros das tropas SS nazista eram “necessariamente criminosos”.
O partido do poder na Hungria, o Fidesz, não é vinculado a nenhuma frente neste momento, e ainda não se sabe quem Orban vai apoiar.
Os analistas esperam que os objetivos políticos da extrema direita sejam “normalizar” seus ideais nacionalistas e anti-imigração no Parlamento e na Europa no geral.
Mudanças na França
A grande surpresa após a votação foi a convocação de novas eleições para a Assembleia Nacional da França. O presidente Emmanuel Macron anunciou as eleições antecipadas depois de ser derrotado pelo partido de Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu.
A decisão, no entanto, pode colocar a Assembleia Nacional nas mãos da extrema direita francesa. As eleições no país acontecem em duas rodadas, nos dias 30 de junho e 7 de julho.

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