Bandeiras conspiracionistas pró-Trump põem em xeque isenção de juiz da Suprema Corte dos EUA

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democratas pressionam para que Samuel Alito, conservador, se abstenha de votar em casos pendentes sobre a imunidade do ex-presidente e o ataque ao Capitólio Suprema Corte dos EUA começa julgamento que pode mudar forma como redes sociais operam
AP Photo/Mark Schiefelbein
Duas bandeiras emblemáticas da teoria da conspiração trumpista sobre a fictícia fraude nas eleições que deram a vitória a Joe Biden, em 2020, foram hasteadas em residências do juiz Samuel Alito, expoente da ala conservadora da Suprema Corte dos EUA. Os episódios vêm agitando os corredores políticos de Washington e jogam o foco na conduta ética e na imparcialidade do magistrado.
Líderes democratas defendem que o juiz Alito se abstenha de votar em casos pendentes na mais alta corte de Justiça envolvendo a eleição e o ataque ao Capitólio, em 6 janeiro de 2021, incluindo o que analisa se o ex-presidente pode ganhar imunidade nas acusações de subversão eleitoral.
Reportagens do “New York Times” noticiaram que uma bandeira americana invertida foi hasteada na casa de Alito, na Virgínia, logo após o motim, em 2021. O gesto é associado aos negacionistas eleitorais, que carregavam a bandeira invertida durante a invasão à sede do Congresso americano, e tornou-se símbolo do roubo eleitoral não comprovado.
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Num segundo controverso episódio, de acordo com o jornal, outra bandeira, conhecida como a de “Apelo ao Céu”, foi hasteada em julho de 2023 na casa de veraneio dos Alito, em Nova Jersey. Ela também era exibida por simpatizantes do ex-presidente americano durante o ataque ao Capitólio.
A bandeira americana invertida — ou seja, hasteada de cabeça para baixo — pode ser entendida como símbolo de angústia ou pedido de socorro. Com fundo branco e um pinheiro verde, a do Apelo ao Céu se originou na Revolução Americana, mas foi cooptada pela extrema direita e pelo movimento nacionalista cristão, que simpatiza com o ex-presidente americano e candidato republicano à Casa Branca nas eleições de novembro.
Até que ponto símbolos como esses podem tremular em propriedades de um juiz da Suprema Corte sem causar um terremoto político e gerar dúvidas sobre a sua imparcialidade? O senador democrata Dick Durbin, que preside o Comitê Judiciário do Senado, não vê o gesto como casual; ao contrário, acredita que ele revela um padrão:
“Esta é uma decisão consciente da família Alito de divulgar os seus sentimentos políticos. Isso não ajuda em nada a Suprema Corte, e ele deveria aceitar a responsabilidade de se recusar a participar de casos envolvendo o governo Trump.”
Durbin e o senador Sheldon Whitehouse enviaram uma carta ao presidente da Suprema Corte, John Roberts, propondo uma reunião para discutir a ética do tribunal e tomar medidas para que o juiz Alito se abstenha em casos sobre o ataque de 6 de janeiro.
Quarenta e cinco congressistas democratas também pediram, em carta a Alito, que não participasse desses casos, sob a alegação de que “o fato de tal declaração política em sua casa cria, no mínimo, a aparência de preconceito político impróprio”.
Nomeado para o tribunal em 2006 pelo então presidente George W. Bush e de tendência extremamente conservadora, o juiz ajudou a reforçar os direitos às armas e divergiu de decisões que promovem os direitos LGBTQIA+. Foi dele o parecer favorável a reverter, em junho de 2022, as proteções constitucionais ao aborto, que vigoravam há quase meio século nos EUA, numa decisão que ainda causa impacto o país.
Alito declarou que não teve envolvimento no hasteamento da bandeira invertida e delegou o assunto à esposa, Martha-Ann, que enfrentava uma briga com um vizinho. “Foi brevemente hasteada pela Sra. Alito em resposta ao uso de linguagem questionável e pessoalmente insultuosa por um vizinho em placas de quintal”, alegou num comunicado.
Sobre o motivo e o significado do apelo ao céu, refletidos na outra bandeira hasteada em sua casa de férias, o juiz Samuel Alito ainda não deu explicações.
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