Caças, navios e militares de prontidão: ‘guerra’ de vídeos expõe escalada nas tensões entre China e Taiwan

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A China afirma que faz exercícios militares ao redor de Taiwan como forma de punir os separatistas da ilha. O novo presidente taiwanês tomou posse na segunda-feira. ‘Guerra’ de vídeos expõe escalada nas tensões entre China e Taiwan
As forças de Taiwan colocaram em alerta os pilotos de jatos e responsáveis por mísseis no país (tanto navais como terrestres) nesta quinta-feira (23) em resposta a exercícios militares que a China está conduzindo ao redor da ilha.
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A China iniciou dois dias de exercícios militares em torno da ilha de Taiwan como “forte punição pelos atos separatistas” —o país considera Taiwan parte do seu território.
Os dois países também divulgaram vídeos para mostrar como estão preparados para um eventual combate (veja acima imagens gravadas por chineses e taiwaneses).
O da China mostra militares simulando ações, navios de guerra, soldados manuseando mísseis e aviões de combate, além de animações gráficas.
As forças do país afirmaram que os navios chegaram à região de exercícios e rapidamente se colocaram em posição de combate, com armas prontas para disparar.
Os chineses também lançaram boias para fazer uma varredura das áreas onde submarinos podem navegar e simularam ataques a alvos subaquáticos.
As forças aéreas fizeram voos de patrulhas ao redor da ilha de Taiwan e outras ilhas menores.
O vídeo de Taiwan, apesar de mais curto, vai no mesmo tom: imagens de aviões militares decolando, soldados manuseando armas, tanques de guerra se deslocando e outras cenas desse universo.
Tropas de Taiwan em alerta em reação a exercício militar realizado pela China em 23 de maio de 2024.
Ministério da Defesa de Taiwan
Os vídeos dos dois são parecidos, mas de acordo com informações da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, o poderio militar é bem diferente. A China tem as forças militares mais numerosas do mundo, e desde 2017 está modernizando seus equipamentos.
Veja abaixo algumas comparações entre o poder militar de cada um dos dois:
Tropas militares ativas
Taiwan: cerca de 180 mil.
China: cerca de 2 milhões —o Exército da Libertação do Povo é o maior do mundo.
Força Aérea
Taiwan: cerca de 300 caças e um comando de defesa aérea com mísseis.
China: 3.000 aeronaves, sendo que 2.200 são de combate.
Marinha
Taiwan: tem 4 destróieres, 22 fragatas, mais de 40 corvetas, embarcações de patrulha e embarcações de ataque armadas com mísseis, e dois submarinos de ataque.
China: 380 embarcações e submarinos, além de uma grande força aérea naval.
Por que chineses começaram com os exercícios militares?
Nesta semana, Lai Ching-te tomou posse como novo presidente taiwanês. A China, que reivindica a ilha de Taiwan como parte de seu território, chamou Lai de “um separatista perigoso” que levará “guerra e declínio” para a ilha.
“As forças de independência de Taiwan ficarão com as cabeças quebradas e sangue escorrendo após a colisão com a grande… tendência de a China alcançar a unificação completa”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.
O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou, durante as manobras chinesas, que 28 aviões militares de Pequim cruzaram o Estreito de Taiwan, o que significa uma invasão do espaço aéreo taiwanês. A China negou.
Segundo a Xinhua, o porta-voz militar Li Xi disse que os exercícios se concentraram em “patrulha conjunta de prontidão para combate marítimo e aéreo, apreensão conjunta do controle abrangente do campo de batalha e ataques de precisão conjuntos em alvos chave”.
Li acrescentou que os exercícios “envolvem a patrulha de embarcações e aviões se aproximando de áreas ao redor da ilha de Taiwan e operações integradas dentro e fora da cadeia de ilhas para testar as capacidades conjuntas de combate real das forças do comando”.
O porta-voz disse que os exercícios também serviriam como “forte punição pelos atos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’ e um aviso severo contra a interferência e provocação por forças externas”, relatou a Xinhua.
A agência de notícias de Pequim informou que os exercícios também ocorreriam em torno das ilhas de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin.
China iniciou os exercícios militares poucos dias após posse de novo presidente de Taiwan
Bianca Batista/g1
Provocações
O Ministério da Defesa de Taiwan condenou “firmemente as ações e provocações irracionais que minam a paz e a estabilidade regionais”.
“Mobilizamos forças marítimas, aéreas e terrestres para responder e defender a liberdade, democracia e soberania” da ilha, acrescentou.
Em seu discurso de posse, Lai pediu à China para interromper “a intimidação política e militar contra Taiwan” e “manter a paz e estabilidade”.
A última vez que a China anunciou exercícios militares semelhantes em torno de Taiwan foi em agosto de 2023, por ocasião de uma escala de Lai nos Estados Unidos durante uma viagem ao Paraguai.
Na época, a imprensa estatal também indicou que o objetivo das manobras era testar a capacidade do Exército de “tomar o controle de espaços aéreos e marítimos” e de lutar “em condições de combate reais”.
Tanto Lai quanto sua antecessora Tsai Ing-wen defenderam firmemente o modelo democrático da ilha contra Pequim, que respondeu aumentando a pressão política e militar contra Taipé.
Embora tenha pouco reconhecimento diplomático internacional, Taiwan se tornou um ator fundamental da economia mundial como centro de fabricação de tecnologia, principalmente de semicondutores.
Além disso, o estreito que separa a ilha da China continental é uma das principais vias do comércio marítimo internacional, por onde passam mais de 50% dos contêineres transportados no mundo.
Aeronave militar de Taiwan decola de base aérea de Hsinchu durante exercícios militares da China ao redor da ilha, em 23 de maio de 2024.
Carlos Garcia Rawlins/ Reuters

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