Como a guerra dos balões pôs fim ao acordo militar entre as Coreias

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Rompimento do pacto assinado em 2018 prevê retomada de campanha de propaganda e exercícios militares na fronteira. Ativistas sul-coreanos soltam balões com notas de dólar, k-pop e propaganda política em direção à Coreia do Norte, em 6 de junho de 2024.
Reprodução/ arte g1
O Norte envia balões com lixo e fezes, e ativistas do Sul revidam a ofensiva com panfletos de propaganda, dólares e pen-drives carregados com K-pop. A guerra de balões entre as Coreias fez ruir definitivamente o acordo militar assinado em 2018, durante o breve período de degelo nas tensas relações entre os dois países.
Na realidade, o pacto estava parcialmente congelado desde novembro passado, depois que a Coreia do Norte lançou seu primeiro satélite espião em órbita. Numa declarada corrida para expandir a capacidade de vigilância, o Sul respondeu no mês seguinte, com o lançamento de outro foguete, como parte de uma série de cinco satélites de reconhecimento até 2025.
O rompimento do acordo significa que ambos os países abandonam o compromisso de “cessar completamente os atos hostis”, incluindo transmissões de propaganda e exercícios militares perto da fronteira.
Em abril de 2018, num gesto histórico de reaproximação, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, trocaram um aperto de mão na zona desmilitarizada e acenaram com medidas para encerrar o conflito entre os países.
Cinco meses depois, o pacto militar foi assinado, prevendo o desmantelamento de postos de guarda ao longo da zona desmilitarizada e o fim dos exercícios militares.
Com o envio dos balões cheios de lixo e fezes e o bloqueio parcial do sinal de GPS pelo Norte, Seul se deu o direito de retomar as atividades militares ao longo da fronteira.
A campanha de propaganda para influenciar os cidadãos dos dois países é antiga e se desenrola desde a década de 1950.
Com o crescimento econômico do Sul e o empobrecimento do Norte, impulsionado pelo regime totalitário da dinastia Kim, a campanha ficou claramente desproporcional. Apenas desertores norte-coreanos saíam, fugidos, de Pyongyang. Por motivos óbvios, não havia fluxo na rota inversa.
Ativistas sul-coreanos incrementaram os métodos de propaganda, com balões que continham bíblias, medicamentos e rádios e pen-drives. Para evitar a provocação, o governo da Coreia do Sul sancionou uma lei proibindo o envio de panfletos ao Norte.
O Tribunal Constitucional, contudo, derrubou a legislação, sob a alegação de que restringia a liberdade de expressão. Dessa forma, a guerra de balões foi reativada, encerrando o que ainda restava do frágil pacto militar entre as duas Coreias.

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